Bahia e Sport chegaram ao último jogo da Copa do Nordeste em situações bem diferentes. O tricolor com 29 jogos na temporada e o rubro-negro com 35. Guto Ferreira, prevendo um primeiro semestre desgastante, adotou o esquema de rodízio de atletas e utilizou equipes alternativas durante boa parte do Campeonato Baiano. Ney Franco, que chegou ao Recife sem tempo para trabalhar, não abriu mão de seus principais jogadores.

O técnico do Bahia pôs em campo um time com média de idade de 26 anos. O mais experiente foi o zagueiro Lucas Fonseca, com 31 – jogador que se tornou titular graças à contusão de Jackson, 27. Dos 11 titulares, o que mais atuou na temporada foi o jovem Zé Rafael, 23 anos, que fez 26 partidas em 2017. O tricolor chegou mais inteiro ao mês de maio, e isso ficou evidente nos dois confrontos da final contra o Sport, sobretudo na criação de chances de gol, transições ofensivas e defensivas e movimentações próximas à área.

Mesmo com todo o risco que a temporada desgastante lhe impôs, Ney Franco entrou em campo no sistema 3-5-2, com uma defesa muito cansada. Magrão, 40 anos e o grande destaque do Sport nas finais, chegou ao seu trigésimo jogo na temporada. Durval, 36 de idade, completou 29 partidas no ano. No gol do Bahia na Fonte Nova, o zagueiro perdeu para Edigar Junio na velocidade, antes de levar um drible desconcertante do atacante de 26 anos e de 16 jogos em 2021.

É lógico que o peso da temporada influencia, mas o Bahia foi campeão muito por conta de uma organização que o Sport não teve. Mesmo perdendo muitos gols, o tricolor não abriu mão de jogar no 4-2-3-1, marcando a partir dos volantes adversários, buscando as transições ofensivas na recuperação da bola e mantendo a posse para construir seu jogo a partir do campo de defesa. A ideia de Ney Franco, por outro lado, não foi feliz: com três zagueiros, a ideia era que os alas Raul Prata e Mena preenchessem o meio-campo e criassem maior volume de jogo para o rubro-negro, mas o que se viu foram enormes espaços na defesa pernambucana, algo que os atacantes do Bahia sabem explorar muito bem.

Não surpreende o título do Bahia se olharmos o que os dois times têm produzido na temporada. O planejamento de Guto Ferreira, rodando o elenco e dando padrão à equipe, deu certo. O Sport, mergulhado em inúmeras competições, não se planejou para o desgaste excessivo da temporada. Contratou um treinador em meio a um turbilhão de jogos, e que não conseguiu encontrar um padrão por falta de tempo. Enquanto tricolores vislumbram um Campeonato Brasileiro mais tranquilo, os rubro-negros entram pressionados a não decepcionarem após tantos investimentos.