PIAUÍ

A cada cada 72 horas, uma mulher foi vítima de violência no Piauí

Dados foram coletados entre agosto de 2021 e janeiro de 2022 e incluem violência sexual e feminicídios. Rede de Observatórios destaca precariedade da rede de acolhimento às vítimas de violência no estado.

 

O Piauí registrou 75 casos de violência contra a mulher entre o mês de agosto de 2021 e janeiro de 2022, segundo levantamento, divulgado nesta quinta-feira (24), pela Rede de Observatórios de Segurança. O número indica que, em média, a cada 72 horas, uma mulher é violentada no estado.

O documento, que monitora crimes no Piauí e no Maranhão, contabiliza feminicídios e tentativas, estupros, homicídios, agressão verbal, tortura e cárcere privado .

A Rede de Observatórios de Segurança destaca que feminicídios e tentativas de feminicídios, quando o assassinato de uma mulher cometido por “razões da condição de sexo feminino”, correspondem a 69% das violências cometidas contra as mulheres.

A pesquisa aponta que a maioria dos feminicídios foram cometidos ou tentados por ex ou atuais companheiros das vítimas, motivados por brigas e términos de relacionamentos.

“Os números surpreendem no Piauí por se tratar de um estado menor e com metade da população do Maranhão. O estado também se destaca no número de meninas vítimas de estupro, o tipo de violência contra crianças e adolescentes mais recorrente nos dois estados. São 53 casos”, diz trecho do levantamento.

Rede de acolhimento frágil

Segundo a coordenadora do Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens, da Universidade Federal do Piauí (Nupec – UFPI), Lila Cristina Xavier Luz, o número elevado de casos evidencia a precariedade da rede de acolhimento às mulheres vítimas de violência no estado.

“Diversas questões propiciam esse quadro, como a dependência financeira de muitas mulheres. Mas algumas situações que identificamos são muito graves. São poucas as delegacias no estado e a maior parte está na capital, onde também ficam os abrigos. Uma mulher não vai sofrer violência e imediatamente pegar um ônibus de São Raimundo Nonato, por exemplo, para Teresina“.

“E mesmo na capital, a rede é frágil, com equipamentos sucateados e profissionais não capacitados. Muitas vezes, a mulher sofre com a violência institucional e escuta ‘volte pra casa, é o pai de seus filhos’. Então, o sistema de justiça também é defasado. As medidas protetivas não conseguem ser cumpridas, o que contribui para que mortes não sejam evitadas”, afirmou a coordenadora.

Para Lila, além de fortalecer as políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero, é necessário combater a morosidade da Justiça e o acúmulo de processos, capazes de estimular novos casos de violência.

“Muitas mulheres já não têm condições de sobrevivência em casa e, se não encontram apoio nos processos judiciais, que podem reparar a violência sofrida, perdem a esperança de denunciar”, completou.

No Piauí, o levantamento é feito pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop) e pela Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas (INNPD), com apoio do Nupec – UFPI.

 

g1pi


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