NORDESTE

A história das publicações e o exemplo da Revista NORDESTE I Por Ipojuca Pontes

Análise do escritor e cineasta Ipojuca Pontes avalia diversas fases anteriores de revistas existentes

 

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Por Ipojuca Pontes

 

 

 

A Paraíba tem seu histórico no que tange a publicação de revistas.  De fato, já no início do século passado, entre 1921 e 1926, pontificou entre nós a revista Era Nova, o magazine que conquistou as exigências da emergente classe média cabocla – e isso antes mesmo de despontar no Rio de Janeiro, em 1928, O Cruzeiro,  revista criada pelo paraibano Assis Chateaubriand e, de imediato, considerada “a “maior e melhor da América Latina”.

 

A nossa Era Nova, fruto do esforço de empreendedoresnativos, tinha o jornalista Severino de Lucena como diretor e, no cargo de editor-chefe, a figura de Sinésio Guimarães .

 

Inicialmente publicada em Bananeiras, a revista tornou-se quinzenal ao se transferir para a futura João Pessoa, atraindo assinantes e leitores pelo rigor da informação e a marcante qualidade gráfica.

 

Em pouco tempo Era Nova passou a circular em várias cidades do Estado, afora João Pessoa, abrindo pontos de venda em Campina Grande e no Recife. Sua editoria, ativa, se voltou para publicação de reportagens regionais ao tempo em que explorou espaços dedicados a notícias em geral, colunas sobre moda e comentários literários, contos e poesia.

 

Por sua vez, a revista mantinha articulistas de prestígio, tais como José Américo de Almeida,  Mathias Freire, Augusto dos Anjos, Carlos Dias Fernandes, Celso Mariz, Américo Falcão e, no mundo feminino, entre outras colaboradoras, Eudésia Vieira e Palmyra Wanderley.

 

Duas décadas depois do desaparecimento de Era Nova, o jornalista Adalberto Viana criou a Nacionalidade, revista que tinha Waldemar Duarte, colaborador de A União, como  Secretário de Redação.

 

Nacionalidade, publicada em dadas incertas, pretendia cobrir todo território do Norte /Nordeste, procurando se firmar na venda de espaços para empresas públicas e governamentais. A revista de Viana durou apenas dois anos.

 

O maior revisteiro da Paraíba foi, sem dúvida, o desenhista Josélio Gondim que, saindo da Paraíba, se fez attendant lord de Assis Chateaubriand, dono da cadeia dos Diários Associados.

 

Audacioso, logo na primeira empreitada Josélio procurou editar em São Paulo a revista“Tudo”, cópia da poderosa “Time” norte-americana ,razão pela qual foi processadoe obrigado repassar a empresaadiante.

 

Em seguida, Josélio tentou abrir em Brasília e no Recife as revistas “O Espelho” e “O Sol” – mas, fato previsível,ambas desapareceram na luz escura do vazio.

 

Numa quarta empreitada, depois da tentativa de fundar em João Pessoa o jornal “O Estado da Paraíba”, Joséliopublicou, afinal, “A Carta”, revista criada para circular no Nordeste e na qual aglutinava, pagando bem, jornalistas deprestígio, entre eles, Martinho Moreira Franco e DjacirAndrade.

 

A Carta”, bem estruturada,era distribuída em João Pessoa, Campina Grande,Recife e Natal, áreas em que procurava captar anúncios.

 

De início, “A Carta” saiu-se bem, Mas depois de certo tempo, os governadores de Pernambuco  e da Paraíba , por acharem os anúncios cada vez mais caros, cortaram-no pela raiz. Josélio ainda tentou negociar com  Roberto Magalhães, governador de Pernambuco, mas a emenda saiu pior que o soneto.

 

FARTURA EM JANTAR

 

Em 2004, jantando no Rio de Janeiro com Walter Santos, jornalista então editando com êxito o Portal WSCOM, narrei para ele o histórico do Paraibano ramo da publicação de revistas. Na ocasião, afirmei ao amigo que sua empresa tinha tudo para empreender a edição de uma revista em âmbito regional, área em que a Paraíba sempre manteve certa tradição.

 

Resultado: em 2005, a WSCOM lançou a revista NORDESTE que, agora, atinge sua maioridade e completa 18 anos de existência. E tal como no caso da Era Nova, a revista NORDESTE se impôs aos padrões exigências e gosto dos leitores regionais, sem deixar de citar Portugal e cidades do Sul e Sudeste do Brasil, Acreditem, não é pouca coisa!

 

 

A revista NORDESTE que tenho em mãos, de número 203, na dimensão da “Veja”, ressalta em sua matéria de capa “O saldo de um ano de superações“ em que aponta com propriedade \as iniciativas governamentais da região para reduzir o impactonegativo da secas.

 

Mas a revista NORDESTE não fica só no trato da ação governamental.

 

Ela também informa sobre a atuação da livre empresa no campo da Saúde e sobre a perspectiva de se criar na região um ambiente propício ao desenvolvimento apartir da óbvia exploração dos pequenos negócios.

 

Parabéns, Walter Santos. Aquela conversa de 2004 rendeu bons frutos!

 

NOTA

 

Ah, ia esquecendo o papel fundamental, conforme lembra WS, da leitura de “A História do New York Time”, livro básico sobre a sedimentação do jornalismo norte-americano que eu próprio tive o prazer de presentear ao fundador da WSCOM – e que sobre ele exerceu forte influência na sua carreira de jornalista e empresário.

Aleluia!


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