NORDESTE

A Reinvenção contemporânea de Jarbas Mariz

Artista de carreira própria tem vínculo com grandes nomes da MPB e agora expõe seus novos álbuns com ambição de velho jovem

 

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Por Walter Santos

 

2024 se mantém como tempo de expectativas, desafios nas registros históricos a exemplo do que apresenta o cantor, compositor, instrumentista Jarbas Mariz, autor que vive em São Paulo dialogando com Tom Zé, Elba e Zé Ramalho, Chico César e até Jackson do Pandeiro. Agora motivado pelo produtor Carlos Alberto Sion ele quer avançar nos vários níveis, inclusive reconquistando a Paraíba velha de guerra. Eis a entrevista:

 

Revista NORDESTE – Vivemos uma fase de muitas produções nos diversos níveis culturais, inclusive na música. Qual o estágio contemporâneo de Jarbas Mariz?

 

Jarbas Mariz:  Eu estou em um estágio muito legal ultimamente. Sabe por que? Eu tenho produzido bastante, tenho feito muita coisa. Da pandemia para cá, que a gente ficou muito tempo em casa, eu produzi muito, fiz música para caramba, inclusive até acabei de lançar um disco novo, um álbum duplo, né? É tanta música que eu fiz na época da pandemia chamado “A Vida Insiste em Brotar”, justamente para fazer jus ao momento que a gente passou. Então, assim, eu estou num estágio bom na minha carreira, estou gostando das coisas, do lado que estão caminhando. Estou totalmente agora nessa fase dedicado somente ao meu trabalho.

 

NORDESTE – E as parcerias?

 

Jarbas Mariz –  Eu já tinha deixado de tocar na banda do Tom Zé e agora também me desliguei daquele projeto que eu fazia parte, que era ‘Fábricas de Cultura’, para cuidar da minha carreira, entendeu? Eu acho que já está na hora, tem que cuidar de mim, né?

 

NORDESTE – Quem anda desatualizado com sua carreira e performance, como você encantaria diante de seus dois novos álbuns e muitas parcerias? Como?

 

Jarbas Mariz – O que a gente precisa e sempre precisou é de uma mídia, né? Uma boa divulgação do trabalho da gente, né? Porque existem milhões de trabalhos no Brasil que merecem ser colocados no ouvido das pessoas, né? Então a gente precisa ter uma divulgação boa e tal. Bem que essa fase agora da internet ajudou bastante a gente. Antigamente, a gente ficava procurando até aparecer num programa de televisão aqui e acolá e tal, não conseguia e tal.

E agora você faz um vídeo bacana, um clipe, joga ele na internet e as pessoas têm acesso tanto ao áudio como é o caso do Spotify, um áudio bom. E no caso do YouTube, você pode colocar um vídeo bacana com um clipe bacana para as pessoas terem acesso a isso. E até que eu estou bem nessa fase da internet, viu? Nunca tive tantas visualizações assim. Tem uma música minha aí, do Chico César, que a gente fez agora recentemente para esse disco que eu fiz, “Jarbas Mariz”, antes desse “A Vida Insiste em Brotar”, que tem a participação do Zé Ramalho e Chico César, “Lua Mulher”, essa música está com quase 188 mil visualizações no Spotify. Eu nunca tinha visto na minha vida, né?

 

Jarbas Mariz exalta parceria com grandes nomes da MPB. Foto Thiago Reis

 

NORDESTE – Como tipificar esse estágio?

 

Jarbas Mariz – Então, isso aí já é uma abertura e daí para frente, a gente trabalha bastante na internet. E como a gente não tem mais o disco para levar para sua casa, bem que eu acredito no CD, tanto que lancei um atrás do outro, porque acredito que as pessoas devem ter esses trabalhos da gente, porque tem as informações de quem toca, onde gravou, a letra das músicas, os compositores, a produção todinha.

É importante você ter isso aí porque isso aí é história. Se não tem isso aí, é bacana o cara fazer uma playlist e botar no ouvido e sair ouvindo as músicas e tal, mas você não tem as informações. Eu sempre digo que a gente tem que ter a história, as pessoas têm que saber da história. Um país sem história é um país sem cultura.

 

NORDESTE – E as famosas parcerias da vida?

Jarbas Mariz – Nessa fase toda de 2020 para cá, eu tive novos parceiros que conquistei através do meu próprio trabalho e também do trabalho deles, conhecendo-os. Foi bacana, fiz novas músicas com Daniel Maia, com Fábio Porte, Zazá Amorim, Roberto Lazarini, fiz muitas parcerias com muita gente. E isso só abriu o meu universo também porque, tu sabe como é, eu vindo daquela coisa dos conjuntos de baile, né?

A minha experiência desde o final dos anos 60, 69, 70, eu tive a sorte de participar disso porque a gente tocava todo tipo de música. E hoje, como compositor, eu consigo fazer um samba, consigo fazer um rock, consigo fazer uma canção, consigo fazer uma balada. Me deu essa formação.

 

NORDESTE – Como a fase dos antigos bailes influenciou sua carreira?

Jarbas Mariz – O baile, acho que mudou essa formação que estava assim, um pouco embutida aqui dentro de mim, e nessa fase agora eu soltei bastante essas informações que estavam comigo. Nem eu sabia que eu poderia fazer isso e estou fazendo. Já fiz música para teatro, fiz música para trilhas de programas e tal. E vamos construindo uma carreira dia a dia.

 

NORDESTE – A história da MPB lhe aproxima de gerações medonhas, desde a fase inicial com Zé Ramalho, Elba, Cátia de França, depois embala com Tom Zé por décadas e diálogos com Chico César, Pedro Osmar, etc. O que esse Balaio representa na sua vida artística?

Jarbas Mariz – Todas essas pessoas fizeram parte da minha formação, foram muito importantes e estão sendo ainda muito importantes na minha carreira até os dias de hoje. Lá atrás, o Zé Ramalho foi o cara que falou, ele me chamava de Marrom na época, “tem que compor, tem que compor”, sei lá, para a gente participar daqueles movimentos na década de 70, naquelas gravações do “Paêbiru”. Foi o Zé que me levou para Recife para gravar o disco. Então, o Zé foi o cara que me deu o primeiro empurrão para compor e logo em seguida eu já estava participando dos shows com o Zé.

A gente fez ‘Três Aboios diferentes’, eu o Zé e o Huguinho, do Santa Rosa. E aí eu já estava com esse trabalho na ponta do dedo, com essas canções. Depois, em seguida, daquele disco em 77, “Transas do Futuro”, quando eu fui pro Pará já começaram as canções, já tinha todo mundo nessa fase. Foi muito importante.

A Cátia de França foi quem me levou para o Rio de Janeiro em 1980 para gravar o disco “Estilhaço”. Isso me deixou mais forte, saindo de João Pessoa para ir para o Rio de Janeiro e ficar lá, insistir no meu trabalho, dando consistência ao meu trabalho, adquirindo informações, maturidade. E foi Zé Ramalho que me colocou na banda de Cátia. Zé Ramalho estava produzindo esse disco e foi ele que me colocou na banda de Cátia. Para tu ver, Zé me levou para Recife para conhecer Lula Côrtes.

Hoje eu estou nessa história da psicodelia nordestina. Zé me botou na banda de Cátia quando fui para o Rio de Janeiro e foi muito importante porque quando eu fui, eu participei de dois projetos  muito importantes. O primeiro projeto Pixinguinha com Jackson do Pandeiro, que foi uma grande formação que eu tive em relação a ritmo. Eu sempre fui ritmista, até hoje sou ritmista, pertenço até hoje. Jackson foi quem nos ensinou. Ele me chamou para cantar com ele, eu estava tocando com ele, ele falou para mim que eu era bom de ritmo, “nego, venha cá”. Aí eu fui tocar com ele e foi muito importante.

 

NORDESTE – O que a vida lhe ofereceu em seguida?

Jarbas Mariz – O segundo Pixinguinha foi com Paulo Diniz. Eu também estava com Cátia. Essa fase foi muito importante para mim no Rio de Janeiro para amadurecer o meu trabalho. Depois, no próprio Rio de Janeiro, eu conheci Marinês. Marinês gravei quatro cravos com Gilberto Gil, para mim foi muito importante essa gravação. Marinês me levou para vários lugares, também dirigi o show dela de lançamento desse disco que ela gravou pelo Nordeste.

Ela me levou para o bar da Academia para fazer uma participação de uma música lá com Luiz Gonzaga. Foi a primeira vez que toquei com Luiz Gonzaga, primeira e única. Então, essa fase do Rio de Janeiro foi muito importante para mim. A gente morava junto lá, eu e o Alex Madureira, Ivan Santos, Lenine, num apartamento. A gente tocava bastante, toquei com Xangai no Circo Voador. O Alex Madureira também.

 

NORDESTE – Mas como se deu seu vínculo com a fase de Tom Zé?

Jarbas Mariz – Conheci nessa época o Tom Zé, que me deu outra base na área de música, outro tratamento diferente. Eu já tinha absorvido com toda essa galera lá do Nordeste, conhecendo. Fiquei 32 anos com Tom Zé, desde o começo da carreira dele, quando ele começou com a história do David Byrne, em 1990. Teve David Byrne, foi 1989, 1990.

Ele já me chamou para fazer aqui em São Paulo, no mundo todo, cara. Conheci o mundo todo. Fui para os Estados Unidos,Canadá,para a Europa, foi bacana, até o Japão. Muito bacana para mim. Foi uma formação arretada, ouvindo outras músicas no mundo todo. Londres e Paris, perdi as contas de quantas vezes fomos.

Foi muito legal, muito bacana mesmo. Agradeço todo dia a Deus por ter permitido participar disso tudo. Tem um filme que o Morgan Freeman fala para uma mulher, “Deus não faz você um artista”, ele não falou o artista, falou outra situação, “Deus dá a oportunidade de você ser um artista”, aí você tem que pegar essa oportunidade e trabalhar essa oportunidade. Resumindo, ele fala isso, “Deus não faz você isso, ele dá uma oportunidade de você ser isso”. Então você tem que sacar isso aí, pegar essa oportunidade e abraçar e ir em frente.

 

NORDESTE – Mas tem outra galera “Mande in PB” a registrar fase especial em sua carreira…

Jarbas Mariz – Com Chico César e Pedro Osmar. Pedro Osmar, a gente trabalhou bastante, fizemos muita coisa juntos, inclusive no Rio de Janeiro, na minha fase que eu estava no Rio. Chico César encontrei aqui em São Paulo e a gente tem feito muita coisa, temos várias músicas em parceria. Fiz um carimbó, ele gravou no disco dele, gravou no meu disco, “Luteado”.

Chico César está muito presente na minha carreira e na minha vida como amigo.  Eu gosto muito de Chico, da formação, da linha dele. Trabalhamos muito e nos encontramos por aqui em São Paulo. Toda essa convivência com essa galera foi muito importante para o meu crescimento.

 

NORDESTE – Como escola musical, qual a fórmula de unir grupo de baile com Tom Zé e Jackson do Pandeiro?

Jarbas Mariz – Na minha formação musical creio que eu sou autodidata. Quando eu comecei com os conjuntos de baile, a gente não sabia ler essas coisas de música, teoria musical, não sabia. A gente botava o disco, botava o ouvido do lado e tirava a música, tocava. Claro que hoje eu já conheço outras linguagens da música, mas não sei ler partitura.

Eu continuo ainda fazendo as minhas canções com pensamento,  sem escrever música mesmo assim.  E por eu ser ritmista, por isso que foi muito importante o Jackson do Pandeiro na minha formação, porque eu terminei fazendo uns trinta e poucos shows com o Jackson Dupondere. Os últimos shows, depois do Pixinguinha, eu fiz com ele no Maracanãzinho,  depois fiz com ele até na Ilha do Governador, cheguei até a abrir o show dele cantando músicas minhas e tal. Depois cada um foi para a sua vida, logo em seguida ele faleceu, faleceu muito jovem, com 62 anos.

E, puxa vida, como ele foi importante na minha vida, até hoje, porque eu tinha um projeto para gravar um trabalho só cantando Jackson e realizei esse projeto aqui em São Paulo, que era ‘Forró do gogó ao mocotó’, que é uma frase que ele disse lá num show lá em Blumenau. Eu quando fui gravar esse disco comecei a ouvir as fitas, que eu tinha fita desses shows que a gente fazia, e aí nessa fita de Blumenau ele falava isso, ‘e o forró não para, forró do gogó ao mocotó’.

Aí eu falei, vou botar o nome do meu disco, e fiz um trabalho com o Bocato, aqui em São Paulo, Bocato Trombonista, músico, profissional, maestro. A gente fez esse trabalho todinho, montou uma banda, banda ‘forroquenroll’, e fez o disco em homenagem a Jackson do Pandeiro, que foi muito bacana, que o disco que foi mais vendido da minha carreira na realidade, foi pela gravadora Atração, isso foi muito bacana.

E o Tom Zé também, o Tom Zé também é um cara que me ensinou muita coisa, o Tom Zé, aprendi muita coisa com o Tom Zé, apesar dele, o Tom Zé é nordestino também, todo o palavreado dele, todo o sotaque dele, todo o pensamento dele ainda é Nordeste, batia com o meu também, a gente achava que a minha voz era muito parecida com a dele, vocês sabem que eu cantava o show dele todinho, cantava o show dele todinho, aprendi muito com o Tom Zé, às vezes os caras falam assim, ô Jarbas, a tua música continua do mesmo jeito, você trabalhou tanto com o Tom Zé, e não pegou nada dele assim, interessante, né?

 

NORDESTE – E a influência e/ou interferência de Tom Zé na sua própria história musical?

Jarbas Mariz – É interessante, fiquei esse tempo todo com o Zé, mas nunca peguei a música dele, porque tu sabe que  no Brasil tem um monte de cara que toca parecido com o Alceu, canta um monte de Zé, um monte de não sei quem, e o Tom Zé só tem um, só tem um Tom Zé, ninguém faz um trabalho como Tom Zé.

O que eu aprendi com o Tom Zé foram outras coisas, foi dentro da própria vida dinâmica, dinâmica é uma coisa muito importante na música, as pessoas quase não prestando atenção a isso, e eu aprendi com o Tom Zé isso, e hoje eu tô fazendo até nos meus discos dinâmica, entendeu?

Como o Beethoven fazia… Aí eu vinha… e subia, então a coisa da dinâmica na música é importante pra caramba, eu não tenho risco nas minhas músicas hoje em dia, como eu falei agora, eu já tô fazendo até nos meus discos pra tentar, porque ainda houve as bandas aí,  banda boa pra caramba daqui do Brasil, os caras vêm… da introdução, o cara começa a cantar e o cara… acaba num baixo pra eu deixar o cara cantar e ouvir a letra da música, isso com o Tom Zé eu aprendi, aprendi muita coisa com o Tom Zé, é isso aí, Tom Zé é aquele cara também que ele marca o ensaio nove horas, se você chegar nove horas você tá atrasado, você tem que chegar vinte pra nove, pra começar o ensaio nove horas, entendeu como é que é?

 

NORDESTE – então é preciso também ter disciplina?

Jarbas Mariz – Essa coisa do cumprimento do horário é importante também pra caramba. Isso aí eu já era mais ou menos assim, mas com o Tom Zé  todos os músicos que passam pela banda dele já sabem que é assim, se ele marca um horário nove horas o ensaio, o ensaio é pra começar às nove horas, você tem que chegar antes, se você chegar nove horas você tá atrasado.

 

NORDESTE – Você está envolvido em articulações de políticas de inclusão social a partir da música em São Paulo. Pode explicar com detalhes?

Jarbas Mariz – A Inclusão social é muito importante para todos nós, e a música é um grande veículo de comunicação para abrir a cabeça das pessoas, em relação à diversidade, respeito, essas coisas todas. Inclusive, eu tenho parcerias, como Laura Finocchiaro, por exemplo, que fez um festival direcionado a isso. E eu participo sempre com ela. A música tem esse papel. Tem que comunicar isso para as pessoas, abrir a cabeça das pessoas em relação ao respeito à diversidade, sem preconceito. É um trabalho que a gente tem que ir fazendo no dia a dia, como uma evolução.

 

NORDESTE – Como anda seu diálogo e convivência com a Paraíba, especialmente para abrigar seus novos projetos?

Jarbas Mariz – A Paraíba anda muito distante de mim. Eu não estou distante dela, porque eu sempre estou tentando falar com vocês, tentando colocar a minha música numa forma ou de outra para tentar tocar  nas rádios de João Pessoa, mas não tenho conseguido. Tentar levar os meus projetos para João Pessoa,  não tenho conseguido. Dessa vez agora a gente está correndo atrás, vamos ver se a gente consegue.

Acabei de lançar dois discos, como eu te falei, de 2020 para cá, dois discos muito importantes da  minha carreira, muito sério, muito bem articulado, muito bem gravado, e a gente está tentando ver se a gente consegue levar esse trabalho para João Pessoa. As dificuldades são grandes, continuam, porque eu ainda não sou um artista de conhecimento nacional, né? Do grande público, eu sou um artista que se você pesquisar no dicionário da música popular brasileira, você vai encontrar lá o meu nome, o meu currículo, bastante.

Se você pesquisar a psicodelia nordestina, você vai lá ver o meu nome, que eu estou hoje  incluso na psicodelia nordestina, aquele trabalho da década de 70 que o Lula Cortes fez em Recife.  Eu terminei fazendo parte desse trabalho. Os meus discos,  o disco que eu gravei em 1977, Transas do Futuro, eu gravei no Pará.

Hoje é um dos discos mais raros quicá do mundo,, porque ele foi lançado nos Estados Unidos numa fase e depois já foi  lançado original. Na década de 70, depois agora pouco tempo foi lançado nos Estados Unidos, 500 cópias, venderam todas as 500 cópias.

Depois eu lancei em CD, que achei que as pessoas tinham que ter CD, porque o Mercado daqui de São Paulo já estava vendendo esse disco por R$ 3.900,00,  esse original. E agora, recentemente, eu fiz um contrato com o Mr. Bongo, aquele rapaz lá da  Inglaterra, lá, para lançar mil cópias na Inglaterra e na Europa. Então esse disco,  Transas do Futuro, está entrando nesse mercado aí também.

E o disco depois, aquele disco que eu fiz com o Lula Cortes também, é o Bom Shankar Bolenajh. Também entrou nesse rol também,  foi lançado agora com uma versão, a música é a mesma, essa é a capa diferente, uma capa bem chique, o vinil é transparente, não é preto, bem bacana. Foi lançado também agora nos Estados Unidos,  800 cópias.

E lançaram aqui em São Paulo, eles fizeram assim, lançaram 500 cópias nos Estados Unidos e 300 cópias aqui em São Paulo. No lançamento daqui, dois dias depois já não tinha mais. Então eu terminei entrando também nessa categoria dos discos raros, né? Colecionadores, entendeu? Então eu tenho um pedacinho aí, né?

Dessa coisa, como eu te falei. Então você pode entrar no Wikipedia, você vai lá ver algumas coisas lá, a minha já tem lá,  fotos e tudo, não sei o que, não sei o que lá. Ela está um pouco incompleta, porque eu não consigo  fazer tudo sozinho, eu tenho que ter pessoas para me ajudar do lado, agora eu vou ter essas pessoas,  eu vou ter essas pessoas para atualizar as informações, a minha discografia.

Esse disco  que eu lancei agora é o 10º disco. Eu já tive sorte de ter gravado música minha gravada por Marinês, por Lula Cortes, agora com o Zé Ramalho, Chico César, M4J, que é uma banda daqui de São Paulo, que fez muito sucesso aí, daquele DJ  Mau Mau, enfim, tanta coisa gravada fora do país, na Alemanha.

 

NORDESTE – Longa trajetória …

Jarbas Mariz – Então assim, tem acontecido muita coisa na minha carreira, que se você pesquisar, se achar uma geração nova, pesquisar, vai encontrar. Eu fiz muito podcast, gravei bastante, entendeu?

Para todo mundo que ficou sabendo dessa minha história todinha, da minha trajetória todinha, desde a década 70 até os dias de hoje, e foi passando um para o outro, nessa  fase da pandemia, principalmente, fiz muito podcast, cada podcast arretado, entendeu? E é isso,  como é que é, a gente vai crescendo dia a dia, não tem, não tem tempo, às vezes eu lembro, assim,  me parecendo me engano, a Clementina de Jesus gravou o primeiro disco dela com 69 anos,  se não me engano, foi sucesso com 69, não sei, mais ou menos nessa época assim, uma data mais ou  menos por aí, eu digo, puxa a vida, né?

As pessoas, Tom  Zé foi descoberto com o David  Byrne também já tarde na carreira dele, depois deu a volta por cima, eu continuo fazendo música, entendeu? Continuo trabalhando, trabalhando direto agora cada vez mais, né? Fazendo meus shows por aqui, na região, entendeu?

 

NORDESTE – e os shows e a velha Paraíba?

Jarbas Mariz – Tenho feito bastante show aqui em São Paulo, pelo menos um ou dois por mês eu tenho feito aqui em São Paulo. E a Paraíba, cara, a Paraíba eu gostaria muito, é o meu sonho, né? É um sonho de eu fazer um lançamento do meu disco em João Pessoa, né?

Uma produção legal e tal, é o meu sonho, meu sonho, para as pessoas conhecerem o meu trabalho, saber um pouco da minha história,  né? Mas vamos que vamos, com a ajuda de vocês aí a gente vai conseguir devagarinho. Aliás, queria destacar a Banda TUTANO que nos acompanha formada por Lauro Lellis – Bateria, Daniel Maia – Guitarra, Violão e vocal, Izaias Amorim – Baixo e vocal, Lulinha Alencar – Sanfona, teclado e vocal , Betinho Sodré – Percussão e vocal – todos músicos e parceiros da melhor qualidade. São com eles que pretendemos nos apresentar no Nordeste,portanto na Paraíba.

 

NORDESTE – Objetivamente, como está sua articulação com Carlos Alberto Sion na produção e expansão de seu novo trabalho?

Jarbas Mariz – Eu conheci o Sion desde da fase que ele era produtor de Zé, de Elba, ele produziu vários trabalhos da galera daquele Nordeste, lá na CBS, naquela época, na década de 70, final da década de 70,  ele foi diretor musical do Fantástico e tal, até na fase que eu estava no Rio de Janeiro, eu e Pedro Osmar, a gente estava com trabalho nós dois, ele cedeu a casa dele para a gente ensaiar.

A gente sempre teve contato, quando vinha aqui em São Paulo, ele sempre ligava para mim, trazia um show que ele trazia para cá, com o Sion, e sempre teve contato. Não sei porque, mas a gente sempre teve contato.

E ultimamente essa conversa estreitou mais, eu acho que ele está vendo muito a publicação minha, a minha luta pelo trabalho no dia a dia, e a gente tem conversado sobre isso e de repente ele se interessou em fazer esse trabalho comigo, é muito importante porque Sion é um produtor de primeira, um cara que conhece o que é produção, sabe como fazer produção, sabe como desenhar um roteiro em cima do palco, desde o figurino, a postura do artista, a iluminação, ao som, a banda, é um cara que sabe fazer isso e nós estamos fazendo isso.

E ele, e eu fiquei de abrir os meus contatos que eu tenho em João Pessoa, que eu ainda tenho em João Pessoa, para ele falar com as pessoas e tentar levar esse show para João Pessoa. Eu sei que não é fácil, como eu falei, eu não sou um artista conhecido do grande público, mas o meu trabalho tem uma história, tem uma história para contar, que são poucas pessoas que tem essa história que eu tenho para contar.

 

NORDESTE – Enfim, o saldo dessa nova fase?

Jarbas Mariz – Então, a gente está trabalhando isso, com certeza. Eu acho que com a ajuda dos meus amigos aí, e o reconhecimento do meu trabalho, a gente pode ser que a gente consiga fazer esse lançamento desses dois últimos discos aí em João Pessoa. O primeiro que é aquele  Jarbas Mariz, que é o nome do disco, que tem a participação de Zé Ramalho e Chico César e Crônica Mendes. E esse mais recente, que é o álbum duplo, que eu fiz falando da pandemia, que eu fiz, eu li assim, eu digo, cara, ninguém fez um trabalho assim sobre a pandemia, especificamente sobre a pandemia, eu digo, eu vou fazer.

Aí, eu fui aproveitar que fiz muita música nessa fase e vou fazer. E fiz esse álbum duplo, com 21 canções, é a primeira faixa que é a minha, de Dida Fialho, ‘Nada Natural’, inclusive, Walter Santos, parece que foi você que botou esse título aí, ‘Nada Natural’, que Dida perguntou, mostrou pra você e tal, e foi você que sugeriu esse título.

E é uma das músicas que toca mais, os meus shows aqui, todo mundo curte pra caramba. A turma, é como se fosse o ‘Melô da pandemia’, todo mundo gosta pra caramba, quando eu abro o show com ela e esses shows que eu tenho feito aqui. E aí, assim, eu gostaria muito de ir fazer esse show em João Pessoa.

Eu tô aqui apelando que dê certo, torcendo pra dar certo, pra me deixar mais próximo da Paraíba. No lugar onde eu me formei, aliás, me formei tanto na faculdade como me formei na música, onde eu consegui… E aí os caras falassem assim, os senhores falassem assim, po, você é o paraibano porque você não perdeu o sotaque, até hoje não perdeu o sotaque da paraíba. Espero que dê certo.

 

NORDESTE – Quais são os novos desafios de Jarbas Mariz?

Jarbas Mariz – O meu novo desafio é continuar compondo, tocando, gravando minhas canções e fazer com que mais pessoas conheçam o meu trabalho. E como eu sempre digo numa música minha e de Cátia de França, “Minha espada de batalha em punho, levanto a cabeça pro mundo e vou cantando por aí.”


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