NORDESTE

A volta por cima do futebol nordestino na nova realidade

Saiba como Fortaleza e Bahia disparam com novo modelo de gestão a se espalhar no Botafogo/PB e América/RN

 

 

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Por Ivo Marques

Especial para Revista NORDESTE

 

 

 

Após uma década de 80 de muito sucesso no cenário brasileiro, o futebol nordestino volta a estar em evidência, com o sucesso de alguns clubes que jogam, de igual para igual, com as grandes equipes dos estados mais ricos do País. Os clubes da região estão passando por significativas mudanças na forma de gestão que, embora atrasadas em relação ao Sul e Sudeste do País, começam a colher os frutos e esses clubes se tornaram exemplos a serem seguidos para os que objetivam fazer parte da nata do futebol nacional.

 

 

 

Os principais destaques do momento são o Fortaleza e o Bahia, com campanhas maravilhosas na Série A, e resultados expressivos, dentro e fora de campo, surpreendendo alguns dos maiores clubes da América do Sul. O Leão do Pici da capital cearense, por exemplo, é segundo colocado e se a competição terminasse hoje, o clube terminaria à frente dos times de maiores investimentos do País e detentores da maioria dos últimos títulos do futebol brasileiro, Flamengo e Palmeiras. O Fortaleza estaria classificado para as disputas da  Copa Libertadores de 2025, a maior competição interclube do continente americano. Em 21 jogos disputados, o Fortaleza somou 42 pontos, com 12 vitórias, seis empates e apenas três derrotas.

 

 

 

O Bahia chegou a disputar o atual Brasileirão na ponta da tabela, oscilou um pouco, e agora está em recuperação, na sétima colocação, o que é suficiente para disputar a Copa Sul-Americana do próximo ano e ainda com chances também de Libertadores. O Tricolor de Aço da Boa Terra já somou 35 pontos em 22 jogos, com 10 vitórias, cinco empates e sete derrotas. O clube de Salvador está à frente de clubes tradicionais como o Atlético Paranaense e o Vasco, por exemplo.

 

 

 

Além de Fortaleza e Bahia, o Vitória, também de Salvador, conseguiu ser campeão da Série B no ano passado e agora está na décima-sexta posição na tabela de classificação, com 21 pontos, e à frente de clubes como Corinthians e Fluminense.

 

 

 

Os números da

Transformação

 

 

 

Moral e/ou autoestima do Fortaleza em ascensão. Foto: Reprodução/X/CopaNordesteCBF

 

 

 

Depois de vários anos na Série C, o Fortaleza começou uma mudança profunda, a partir de 2017, quando o então presidente do clube, Luiz Eduardo Girão, fez um grande investimento no clube e entregou a direção para Marcelo Paes, que iniciou a profissionalização da gestão. A partir daí, todos os dirigentes do clube passaram a ser remunerados e com dedicação integral ao clube. O clube conquistou seu primeiro título brasileiro, na Série B, já em 2018 e iniciou uma trajetória de sucesso, rumo à Série A, com cinco títulos seguidos no cearense, perdendo apenas o deste ano, três títulos da Copa do Nordeste e três participações na Libertadores, além de uma final de Copa Sul-Americana.

 

 

 

Segundo o jornalista esportivo cearense, Bruno Balacó, dois personagens foram muito importantes neste sucesso do Leão do Pici.

 

 

 

“O Rogério Ceni foi escolhido para ser o treinador em 2018 e ele foi muito mais que apenas um técnico. Ele passou a ser um ménage, e juntamente com Marcelo Paes, foi dando um toque de onde e como o clube deveria investir, para se tornar grande, começando pelo investimento na infraestrutura, com a construção de alojamentos e um moderno centro de treinamento. O técnico argentino, Juan Pablo Vojvoda, veio em maio de 2021 para consolidar esse sucesso, pegando todo esse legado deixado por Ceni. O argentino acabou dando uma nova cara, uma identidade, um entrosamento ao time. Hoje, o Fortaleza é uma equipe lucrativa, que engaja o seu torcedor e tem, cada vez mais, desafios ousados pela frente, em todas as competições que o clube disputa”, argumentou. O Leão do Pici já possui hoje uma folha salarial de cerca de R$ 8 milhões mensais.

 

 

 

A internacionalização

do Bahia

 

 

 

 

Futuro do futebol nordestino atrai mais investimentos. Foto: Letícia Martins EC Bahia

 

 

 

O Bahia sempre foi um time de destaque no cenário do futebol brasileiro, mas estava passando por sérias dificuldades e acabou sendo vendido ao poderoso grupo internacional City, que possui 11 outros clubes importantes no mundo, dentre eles o Manchester City, da Inglaterra.

 

 

 

Depois de se transformar numa  Sociedade Anônima de Futebol – Safe, o clube começou em 2023 uma nova era, com uma mudança total na estrutura, um moderno centro de treinamento, pagamento de muitas dívidas e contratações de peso para o elenco. O grupo fez uma grande injeção de recursos, capaz de transformar o time em um dos melhores do País. Só no primeiro ano de gestão do grupo City, foram investidos R$ 100 milhões na aquisição de jogadores, e agora em 2024 o investimento já chega a R$ 50 milhões. Alguns atletas têm salários de cerca de R$ 2 milhões mensais, como é o caso do meia Everton Ribeiro, que veio do Flamengo.

 

 

Porém, todo o investimento ainda não surtiu o efeito esperado. De lá para cá, o clube conquistou apenas o campeonato estadual do ano passado, porém faz uma campanha muito boa no Brasileirão e é candidato firme a conseguir uma das vagas para a Libertadores da América do próximo ano. A torcida ainda espera muito mais conquistas para as próximas temporadas, como afirma o locutor esportivo da Rede Excelsior de Salvador, Nilton Batista.

 

 

“O Bahia tem sido muito pressionado pela sua torcida, porque perdeu o título baiano deste ano, não chegou a final da Copa do Nordeste e oscilou um pouco na Série A, até o momento. O clube vai muito bem, financeiramente falando, mas nem tanto assim tecnicamente, embora tenha trazido grandes jogadores e o técnico Rogério Ceni, que foi tão bem no Fortaleza. A expectativa é de melhores dias, fruto de todo o investimento feito pelo grupo City”, afirmou.

 

 

 

Outros clubes já seguem

o mesmo caminho

 

 

Além do Fortaleza e do Bahia, outros clubes nordestinos já dão os primeiros passos em direção à profissionalização empresarial. No Rio Grande do Norte, o América também foi vendido e se espera muito do clube nos próximos anos, depois que se tornou uma Safe.

 

 

 

Na Paraíba, o Botafogo também deve se transformar em Safe, até o final deste ano e receber um investimento de cerca de R$ 250 milhões nos próximos 10 anos. “O clube está fazendo um contrato com um grupo do Paraná, que terá direito a 90 porcento, enquanto o clube ficará com 10 por cento. Todo o futebol será gerido por essa empresa e o Botafogo vai arrendar seu centro de treinamento, que passará por melhorias, e por um prazo de 10 anos”, disse o ex-presidente e atual conselheiro do Belo, Alexandre Cavalcanti.

 

 

 

 

Na Paraíba, Botafogo de João Pessoa em novo modelo. Foto: Cristiano Santos /Botafogo-PB

 

 

 

A ideia dos empresários é levar o clube da Série C para a D, em breve. Isto pode acontecer até mesmo já neste ano, já que o Belo é o líder da terceira divisão e o único nordestino já classificado antecipadamente para o quadrangular final do acesso. Mesmo antes de assumir a direção do clube, a Safe já começou a colaborar com contratações de jogadores e isso tem tido um reflexo dentro de campo, com uma campanha na Série C, que nem os mais fanáticos torcedores acreditavam nos primeiros meses do ano.

 

 

 

Após anos, a

esperança

está de volta

 

 

 

As boas campanhas de alguns times nordestinos este ano não chegam a ser uma grande novidade para os torcedores mais antigos. Na década de 80, quando o Campeonato Brasileiro era mais democrático e não tinha esta fórmula de disputa por pontos corridos, introduzida a partir de 2003, tivemos o Sport de Recife campeão Brasileiro em 1987 e o Bahia, em 1988. Isto sem contar com outros títulos importantes e belas campanhas de clubes nordestinos nas competições nacionais.

 

 

 

Em 1980, por exemplo, o Botafogo da Paraíba ficou conhecido como o matador de tricampeões, quando venceu o Internacional e o Flamengo, este último dentro do Maracanã, com Zico e companhia, o mesmo time que pouco tempo depois se tornou campeão brasileiro, da Copa Libertadores e Mundial.

 

 

 

Na atualidade, os torcedores dos clubes nordestinos estão retornando em massa aos estádios, fazendo grandes festas e cheios de esperanças de vibrarem muito como no passado. É um sonho que se repete, vislumbrando algo bem maior no futuro


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