BRASIL

Aécio Neves busca receita para controlar avanço de Eduardo Campos

Os passos do senador Aécio Neves (PSB) na campanha ao Palácio do Planalto têm sido dados em dois sentidos. Ao mesmo tempo em que Aécio incentiva o crescimento da candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), o tucano se articula para que este crescimento seja controlado.

Entre os tucanos envolvidos na campanha, é crescente a preocupação de que Eduardo Campos consiga capturar melhor que Aécio as intenções de voto das pessoas que querem mudança, tendência importante verificada em pesquisas qualitativas encomendadas pelos partidos.

É corrente a avaliação de que é necessário que Eduardo Campos cresça nas intenções de votos para atender ao projeto conjunto de tirar da presidente da República, Dilma Rousseff, as chances de reeleição em primeiro turno. No entanto, a preocupação é que Campos não cresça demais, a ponto de fazer sombra a Aécio Neves.

A parceria informal traçada pelos dois candidatos já é tratada por muitos tucanos com data fixa para acabar, tão logo comece a campanha oficial. Neste contexto, Aécio tem feito movimentações que acabaram dificultando a penetração de Eduardo Campos em alguns estados.

Membros da campanha de Eduardo Campos já perceberam estes movimentos do tucano e entenderam que são causados pelo temor de um crescimento significativo do socialista. Nos bastidores, integrantes do núcleo do PSB reclamaram bastante da postura de Aécio Neves em relação ao fechamento do palanque no Rio Grande do Sul, por exemplo.

A intenção de Campos era construir seu palanque compondo com a senadora Ana Amélia, pré-candidata do PP ao governo do Estado, apesar das rusgas de sua vice, Marina Silva, com a senadora. Enquanto Campos cuidava de contornar o problema internamente, Aécio Neves tratou de se aproximar de Ana Amélia.

O tucano acabou fechando seu palanque em terras gaúchas com o PP, atrapalhando os planos do socialista, que deverá agora costurar sua campanha com o ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori, candidato do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul.

Também irritou a cúpula da campanha socialista o fato de Eduardo Campos ter sido tratado por peemedebistas do Rio de Janeiro como “inimigo” do Estado na questão da nova distribuição dos royalties de petróleo, discussão que consumiu boa parte das disputas no Congresso em 2012 e 2013.

O argumento foi usado pelos peemedebistas locais que já decidiram que irão montar o palanque de Aécio Neves no Estado, apesar do alinhamento do ex-governador Sérgio Cabral e de Luiz Fernando Pezão, candidato ao governo, com a campanha de Dilma Rousseff.

De acordo com pessoas mais próximas de Eduardo Campos, o episódio envolvendo o Rio de Janeiro o deixou particularmente chateado, principalmente pelo fato de que, na Região Sudeste, o Rio de Janeiro é considerado o estado menos inóspito ao pernambucano devido à popularidade de Marina Silva.

A preocupação de Aécio tem como base as pesquisas de intenção de voto que apontam declínio na aprovação da presidente Dilma Rousseff sem a migração desses votos para sua candidatura. Campos também não cresceu, no entanto, ele poderia ser beneficiado pelo cansaço do eleitor em relação à velha polarização entre PT e PSDB nas eleições.

No Nordeste, Aécio foi bem sucedido na costura que conseguiu manter o PMDB na aliança entre tucanos e DEM. O PMDB desistiu de lançar a candidatura de Geddel Vieira Lima ao governo do Estado. Geddel ficou com a vaga para disputar o Senado. As movimentações do tucano também foram bem sucedidas no Ceará, onde o candidato ao Senado, Tasso Jereissati, ficou responsável pela montagem do palanque tucano.

Eduardo tem dificuldades neste dois estados. Na Bahia, o PSB lançará a candidatura da senadora Lídice da Mata, sem ter conseguido construir um leque de alianças. No Ceará, após o rompimento do os irmãos Cid e Ciro Gomes, que migraram para o PROS, o PSB passou a não ter uma liderança de peso no Estado.


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