CEARÁ

Água restante em Crateús deve só durar até 10 de fevereiro

O racionamento de água já divide em duas a sede do município de Crateús, a 354 quilômetros de Fortaleza. Até o sábado passado, cada região recebia água nas torneiras em dias alternados. Agora, é um dia com água, dois sem. A zona rural segue abastecida com carros-pipa que utilizam água da sede. E as perspectivas de melhoria, por enquanto, são mínimas. Num cenário sem chuvas e sem entrega de uma adutora emergencial atrasada, a estimativa de gestores municipais é de colapso hídrico na sede até o dia 10 de fevereiro.


A informação de que a cidade suporta a situação até o dia 10 foi repassada à imprensa ontem por Teobaldo Marques, coordenador da Defesa Civil em Crateús, antes da reunião do Comitê Integrado de Combate à Seca, na Capital. “Se é que a água chega até o dia 10…”, foi o comentário do secretário de Negócios Rurais do município, Lourenço Torres, feito por telefone. A administração corre contra o tempo para aproveitar o volume do restante do açude Barragem do Batalhão, com 5,6% da capacidade.

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A cobrança da prefeitura é por celeridade nas obras da adutora emergencial para transferir água do açude Araras, em Varjota. A obra tem custo de R$ 82,1 milhões, com tubulação de 152 quilômetros para abastecer Nova Russas e Crateús. No trecho de Crateús, a intervenção já enfrenta atrasos. Ela deveria estar pronta desde o dia 7 de janeiro, se contados os 180 dias de prazo após a assinatura da ordem de serviço (em 11 de julho).


Segundo Lourenço, as obras pararam enquanto a empresa executora aguardava o repasse de R$ 6 milhões pelo Governo. A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) gerencia a montagem das adutoras emergenciais e afirma que a obra deve ser finalizada nos próximos 15 dias. O motivo para o atraso foi a demora no recebimento de peças utilizadas na montagem, segundo a assessoria de comunicação.


Caso seja cumprido este novo prazo, o equipamento pode entrar em fase de testes a partir do dia 2 de fevereiro. Até agora, não há previsão de datas para inaugurar os trechos de Nova Russas ou Crateús. Enquanto isso, o açude Araras segue perdendo em volume. Tinha 17,8% da capacidade no início das obras da adutora. Atualmente, está com 8,9% do total. Percentual que só tende a cair quando passar a socorrer também as cidades de Pires Ferreira, Ipu, Ipueiras e Ipaporanga.


Alternativas

Quando a chuva não falta, Crateús conta com três açudes. Na situação de estiagem prolongada, o Barragem do Batalhão tem poucos dias à frente. A esperança é de alguma chuva, pois o reservatório acumula água com mais facilidade, avalia Lourenço Torres. O Realejo (1,6%) fica a 21 quilômetros da sede e ajuda na irrigação com o pouco que sobrou.

Já o Carnaubal (0,3%) começou a receber, desde ontem, escavações de oito a dez pequenos poços em seu leito para ajudar no abastecimento da zona urbana, com cerca de 50 mil habitantes. A medida paliativa é executada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e pelo Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar). A prefeitura ainda realiza estudos de poços profundos a serem perfurados e recuperados na zona rural. Por ora, a gestão sinaliza que não custeará despesas para o Carnaval 2015.

 

SITUAÇÃO DOS AÇUDES NO CEARÁ
Volume total: 20,2%

130 açudes com volume inferior a 30%

Bacias hidrográficas:

Acaraú – 13,3%
Alto Jaguaribe – 39,6%

Baixo Jaguaribe – 2,2%
Banabuiú – 7,2%

Coreaú – 41,1%
Curu – 2,7%

Litoral – 9,7%
Médio Jaguaribe – 23,1%

Metropolitana – 21,5%
Salgado – 24,7%

Serra da Ibiapaba – 24,1%
Sertões de Crateús – 0,5%

 

Saiba mais


Em julho de 2013, cerca de 150 manifestantes interditaram um trecho da CE-187 pedindo uma adutora ligando o açude Flor do Campo (em Novo Oriente) a Crateús. A transposição foi feita pelo leito do rio Poti. O Flor do Campo já chegou a socorrer Tauá, Independência e Quiterianópolis. Agora, tem 0,2% do volume.


As chuvas de pré-estação, até agora, tiveram desvios negativos em relação à normal climática para Crateús. Em dezembro, foram 13 milímetros, enquanto janeiro teve 83 milímetros até agora. As normais para estes meses são de 32,8 e 105,8 milímetros, respectivamente.


O prognóstico climático da Funceme para a quadra chuvosa de 2015 será divulgado hoje, às 10 horas, no auditório do Palácio da Abolição. A previsão apresenta probabilidades para o período de chuvas no Ceará nos meses de fevereiro a maio.

(Do O Povo) 


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