INTERNACIONAL

Aloisio Sotero traz reflexões sobre texto israelense pós COVID tratando de vida e morte na contemporaneidade

Mais lições sobre a pandemia

Aloisio Sotero *

Recentemente tive um privilégio de ler mais um livro do historiador israelense Yuval Harari,
“ Breves Lições para o Mundo Pós Coronavírus “que reuniu numa coletânea debates e notas interessantes sobre os efeitos e insights publicados desde março de 2020 sobre a avassaladora pandemia da Covid-19.

Harari, mais uma vez fantástico em suas observações, nos fala sobre o quanto, até agora , a doença do século 21 pode ter transformado os conceitos, por exemplo, sobre a vida e a morte. Neste novo livro, Harari nos alerta que por séculos a fio as pessoas usaram a religião como um mecanismo de defesa, acreditando que existiriam para sempre no pós-vida. Agora passaram a usar a ciência como um mecanismo de defesa alternativo, crendo que os médicos sempre os salvarão, e que viverão para sempre em seus apartamentos.

Diz ele: “Precisamos de uma abordagem equilibrada nesse ponto. Devemos confiar na ciência para lidar com epidemias, mas ainda precisamos suportar o fardo de lidar com nossa mortalidade e nossa transitoriedade como indivíduos”. Se houver algum ensinamento após a atual crise seria o de tornar os indivíduos mais conscientes da natureza impermanente da vida e dos feitos humanos, defendeu Harari.

Mas, conhecendo a natureza humana moderna, a civilização como um todo provavelmente seguirá na direção oposta. Diante do lembrete de sua fragilidade, reagirá construindo defesas ainda mais fortes. “Quando a crise acabar, não espero ver um crescimento significativo no orçamento dos departamentos de filosofia”, diz trechos do livro.

Para ele os humanos são especialmente vulneráveis a epidemias, pois somos animais sociais. E é assim que epidemias se propagam. O que é capcioso nos vírus é que eles muitas vezes usam os melhores instintos da natureza humana contra nós mesmos. Exploram o fato não apenas de que gostamos de socializar, mas também o fato de que ajudamos uns aos outros. O que seria alento para nós, torna-se uma grande brecha para os vírus nos atacarem!. Quando alguém adoece, a coisa óbvia e natural a fazer, especialmente se se trata de um membro da família ou um amigo é prestar auxílio, cuidar, dar apoio emocional, tocá-lo, abraçá-lo. E é exatamente assim que o vírus se propaga.

Então o vírus se vale das melhores partes da natureza humana contra nós. Harari defende dois modos de lidar com isso: um é conceder informação às pessoas, sem medo. Se elas confiam nas informações que recebem, podem temporariamente mudar de comportamento até o fim da epidemia. E mais… “É mais fácil lidar com uma epidemia se você puder contar com uma população bem informada e motivada do que se precisar policiar uma população ignorante e desconfiada”alertou o historiador.

É possível fazer milhões de pessoas lavarem as mãos com sabão todos os dias pondo policiais ou câmeras em seus banheiros? É muito difícil. Mas, se você educa as pessoas, e se elas confiam nas informações que recebem, então podem fazer a coisa certa por iniciativa própria. Simples Assim! Assim como o autor, aprendemos na escola que vírus e bactérias provocam doenças. Em outras palavras, usando uma linguagem simples lavar minhas mãos com sabão pode remover ou matar esses patógenos. Eu confio nessa informação. Então lavo as mãos por iniciativa própria. Assim como bilhões de outras pessoas.

Professor de Finanças Corporativas, Mentor de Gestão em Negócios Digitais. Diretor de Lifelong Learning do Baex


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