CEARÁ

Anistia Internacional Brasil se alinha na luta de mães, em busca de justiça por Curió e Ceará

Texto escrito por: Anistia Internacional Brasil, CEDECA-CE e Mães do Curió

 

 

Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional

 

 

O Ceará pode ser um lugar seguro para todas e todos? Há um grupo de mulheres que acreditam que sim. Mais que isso, elas têm lutado incansavelmente para que o trauma deixado pela violência em suas vidas seja transformado em justiça. 

 

Há quase oito anos, mães e familiares dos 11 jovens assassinados pela Polícia no Curió, em Messejana, cobram responsabilização de todos os envolvidos no caso. E para que o Ceará tenha a chance de virar a página da impunidade e da violência policial, é urgente que o Ministério Público atue e cumpra com seu dever constitucional de controlar ativamente a ação policial, com investigação e monitoramento, de modo que chacinas como a do Curió não se repitam.  

 

Uma parte do trabalho foi feita: quando o massacre aconteceu, o Ministério Público do Ceará (MPCE) reconheceu a participação de 45 policiais militares. Quase uma década depois, sete de um total de 34 acusados denunciados irão a julgamento a partir de junho próximo. Os demais aguardam julgamento dos recursos. Mesmo assim, a justiça corre risco de tardar e passar uma mensagem de impunidade, que, por sua vez, contribui para a repetição de outros casos terríveis.

 

Os números mostram que, no Ceará, o uso desproporcional da força pelas polícias contra a população faz parte do cotidiano, principalmente de quem mora em favelas e periferias. Segundo a Rede de Observatórios da Segurança, mais de 50% dos casos de violência registrados entre agosto de 2021 e julho de 2022 estavam ligados a ações policiais. 

 

Junto das Mães do Curió, a Anistia Internacional Brasil, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA) e o Fórum Popular de Segurança Pública do Ceará estão juntos. Durante a semana, vamos às autoridades do Estado exigir delas que cumpram seu papel.

 

Essencial para a sociedade, a justiça também pode dar algum alívio a dor das mães que perderam seus filhos para a violência policial: ‘’Não tivemos o direito de ver nossos filhos alcançar a maioridade, formarem, casarem e de nos dar netos. Uma Polícia e um Estado que nós ajudamos a construir não pode destruir nosso maior bem precioso, que é a vida’’, como diz Edna Cavalcante, uma dessas mães. 

 

 


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