ALAGOAS

Audiência Pública na Câmara reforça luta antimanicomial

No Dia Nacional de Luta Antimanicomial, celebrado dia 18 de maio, a Câmara Municipal de Maceió realizou audiência pública para discutir os investimentos na Saúde Mental. O auditório da Casa ficou lotado, com profissionais da área, estudantes, usuários dos serviços, familiares e gestores da prefeitura, além de representantes de instituições como a Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

A audiência foi proposta pelo presidente da Câmara, vereador Kelmann Vieira (PSDB), e contou com a presença de outros parlamentares, a exemplo de Luiz Carlos (DEM), Helena Helena (Rede) e José Márcio (PSDB). O objetivo foi discutir a estruturação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPs) de Maceió, da qual fazem parte, entre outros equipamentos, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs).

“Há décadas, a saúde mental foi esquecida pelos governantes. Isso precisa mudar. Eu costumo visitar osCAPs e vejo os profissionais tirarem do próprio bolso dinheiro para manter as atividades. Não podemos permitir que um serviço tão importante seja deixando em segundo plano”, afirmou o presidenteKelmann Vieira, dizendo que irá trabalhar para que seja criada uma comissão permanente de saúde mental na Casa, conforme sugerido pelos participantes da audiência.

A professora da Ufal, Rosa Lúcia, explicou que o modelo de tratamento centrado nos hospitais psiquiátricos é arcaico. “Não tenho dúvida que estruturar uma rede de serviços com foco na inclusão social é fundamental. A Ufal, desde já, se coloca como parceira desta luta”, afirmou ela, que dividiu a mesa, entre outras autoridades, com a coordenadora da saúde mental do município, Tereza Cristina. “A rede ainda é muito frágil, a demanda é maior do que a capacidade de atendimento, por isso, precisamos do apoio da classe política para que os investimentos sejam feitos”, disse ela.

Presidente da Associação dos Familiares e Amigos dos doentes mentais e membro do Conselho Municipal de Saúde, Marluce Melo reconheceu o tratamento limitado que é dado pelos hospitais psiquiátricos, mas cobrou que a rede tenha melhor condições de acolher os usuários dos serviços. “Há vinte anos eu luto por um tratamento mais humanizado para os doentes mentais, mas hoje não temos uma rede eficiente. Então deveria haver uma parceria entre os CAPs e os hospitais para que o atendimento de qualidade seja garantido a todos que precisem”, defendeu Marluce.

Psicóloga sanitarista e integrante do Coletivo Alagoas Antimanicomial, Emilene Donato fez um relato sobre as falhas do tratamento que historicamente é dado ao doente mental nos hospitais psiquiátricos. “As pessoas precisam ter suas diferenças respeitadas, a loucura é própria do ser humano e deve ser trabalhada sem anulação do sujeito. Queremos que os hospitais sejam substituídos por uma rede de atenção psicossocial estruturada, capaz de oferecer todos os serviços que o usuário precisa”, afirmou ela, cobrando que a casa da psiquiatra alagoana Nice da Silveira, na Ladeira do Brito, no Farol, seja transformada num centro de convivência psicossocial.

O presidente Kelmann Vieira informou ao plenário que o Procon, órgão que atualmente ocupa a casa da médica, deve sair em breve do local. “Para que a casa da médica Nise da Silveira seja integrada à rede de atenção psicossocial, é preciso fazer gestão junto ao governo do Estado. Com a casa desocupada, o projeto fica mais fácil”, afirmou o vereador, dizendo que, como partidário do prefeito Rui Palmeira, irá manter o diálogo com ele para que a rede receba mais atenção do município.

Alagoas 24h


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