BRASIL

Baianas de acarajé querem ficar na praia

 

Apesar da decisão judicial que proíbe as baianas de acarajé de fritar os bolinhos de feijão nas praias, várias baianas continuam trabalhando normalmente nas areias da beira mar de Salvador. Muitas afirmam que sabem da decisão tomada pelo juiz da 13ª V da Justiça Federal, Carlos D´ Ávila, mas que continuam trabalhando normalmente, porque não foram oficialmente informadas pela associação da categoria. A maioria acha a decisão um absurdo. Muitas trabalham nas praias há 25, 30, 40 anos.

A baiana Neuza Oliveira, que há 30 anos trabalha na praia de Jaguaribe, disse que “se nós, baianas, formos obrigadas a sair da praia, vamos protestar na porta da Prefeitura”. Indignada com a decisão, ela diz que sempre fritou e vendeu o acarajé na praia. “Com o que ganho aqui, criei meus filhos e hoje ajudo a criar meus netos. Não tenho conhecimento de nenhum acidente com banhistas, porovocado pelos tachos”, protestou.

Quanto ao descarte do azeite de dendê, afirmou que nos 30 anos que trabalha na praia, nunca jogou o azeite na areia, sempre levou de volta para casa, onde é armazenado e doado para uma empresa que fabrica biodiesel. Outras baianas dizem ainda que descartam o óleo utilizado no ralo da pia.

Decisão judicial

A decisão judicial saiu na ultima quarta-feira, dia 02, e, pela decisão, a prefeitura de Salvador será obrigada a cumprir a determinação, fiscalizando e punindo quem tentar descumprir a lei. Ficou acertado que as baianas deverão fritar seus acarajés no calçadão das praias, mas poderão vendê-los e distribuí-los por meio de garçons nas areias, como já é feito pela baiana Neide, do Porto da Barra.

O argumento do juiz federal Carlos D´ Ávila, autor da decisão, para a proibição da fritura é que o azeite de dendê usado, em contato com a areia da praia, forma uma massa que é insolúvel em água e polui as praias. Considerou também a falta de segurança, pois o ponto de ebulição do azeite de dendê é 400 °C (o da água é 100 °C) o que se torna um risco potencial para a integridade dos banhistas.

Mas, segundo o ambientalista Renato Cunha, a existência de impactos ambientais na fritura do acarajé, com o tacho instalado na areia, é mínima. “Há quanto tempo baianas vendem acarajé nas praias? E há poluição visível? Eu não vejo, não tenho informações que a areia de Salvador esteja comprometida por conta disso”, afirmou.

Segundo o ambientalis-ta, o que pode ser feito é um programa para o descarte do óleo para evitar que a gordura saturada produzida no processo de fritura não vá parar na areia. “Qualquer óleo não é bom botar na areia, é claro que vai alterar, vai poluir. Então tem que saber fazer o descarte”, ponderou o ambientalista.
 

iG Bahia


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