BRASIL

Baianas de acarajé vão protestar contra a proibição de venda nas praias


Baianas de acarajé vão fazer um abraço de silêncio em protesto à proibição de atuarem nas praias pela Justiça. O ato é hoje, no dia da categoria, na sede da prefeitura Municipal de Salvador, localizada no Centro Histórico, marcado para depois da missa em ação de graças pela data, a ser realizada às 9 horas, na Igreja Rosário dos Pretos, na Ladeira do Pelourinho, quando as baianas sairão da paróquia em cortejo até a Praça Municipal.

“Já reivindicamos tanto, através de encontros, protestos e nada mudou. Quem sabe se no silêncio não resolvem a situação”, afirma Rita Ventura, presidente da Associação das Baianas de Acarajé e Mingaus(ABAM), destacando que a categoria não tem o que comemorar nesta data em virtude desta proibição, por parte do Ministério Público, de venderem acarajé nas praias de Salvador, o que vai gerar desemprego para cerca de 430 profissionais que trabalham há mais de 60 anos no local, já que somente 120 poderão trabalhar na calçada.

A proibição de frituras na praia do famoso bolinho considerado por lei como Patrimônio Cultural Imaterial aconteceu há cerca de um mês e a decisão tem como responsável o juiz Carlos D´Ávila, titular da 13ª Vara da Justiça Federal. A argumentação do juiz é de que o azeite de dendê, sendo usado durante a confecção do produto, em contato com a areia, pode poluir o meio ambiente.

O motivo da proibição é contestado pela dirigente da categoria, alegando que não houve nenhum estudo oficial, feito por ambientalistas, apresentado para justificar a decisão. “Não tenho conhecimento de pesquisa alguma que relacione a presença dos tabuleiros na areia da praia com a poluição. Durante estes anos as baianas trabalham nas praias e nunca ninguém falou isto e nem houve nada que mostrasse isto”, declarou.

E até o final de novembro a Prefeitura de Salvador deve lançar portaria que regulamenta os locais corretos para a instalação dos tabuleiros, fora da areia das praias, seguindo as orientações da decisão judicial. Sendo assim o município será responsável por cumprir a determinação, fiscalizar e punir as profissionais que não se adequarem à decisão.

De acordo com Rita Ventura, na sexta-feira passada, “entramos com o pedido de embargamento desta decisão com uma ação civil pública para manter as baianas no local de trabalho. E na terça-feira (26) estarei em Brasília para um encontro e vou aproveitar para apelar à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e à Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) para interceder por nós. Como vão ficar mais de 430 baianas sem o seu sustento, para onde vão estas mulheres que já fizeram pontos nestes locais, onde irão trabalhar?”, indaga Rita emocionada.

Ela conta que vai ter que recorrer a Brasília porque não encontrou apoio de nenhuma autoridade na Bahia. “A prefeitura não se pronuncia nem o governo do estado. Acho engraçado que na hora que eles querem fazer propaganda para atrair turistas sempre as baianas que são destaques”,desabafou a presidente da entidade.

Programação do Dia da Baiana

Uma programação especial foi preparada pelo Centro de Culturas Populares e Identitárias, órgão da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, para homenagear a baiana de acarajé que teve seu trabalho reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2004.

Pela manhã será realizada uma missa na tradicional Igreja do Rosário dos Pretos. Após isto, o cortejo do Afoxé Filhas de Gandhy, saindo da Igreja, segue pelas ruas do Pelô em direção ao Memorial das Baianas, na Praça da Cruz Caída, onde durante a parte da tarde acontecem apresentações musicais com muito samba.

O autêntico som do Grupo Trivial, que tem em seu repertório clássicos de grandes sambistas do Brasil ao longo das gerações, homenageia o Dia da Baiana, a partir das 12h30. Mais tarde, às 15h, a cantora Carla Lis resgata sambas inesquecíveis com arranjos novos e ousados. E no fim da tarde, a sambista Gal do Beco irá encerrar a comemoração com um animado repertório composto por canções populares que vem embalando as mais tradicionais festas da Bahia há vários anos.

A festa do Dia da Baiana faz parte da programação do II Encontro das Culturas Negras. O II ECN oferece uma extensa programação durante o mês de novembro em torno dos festejos à Consciência Negra, através das diversas unidades da Secretaria de Cultura. O Centro de Culturas Populares e Identitárias participa com mais de 50 shows e eventos no Pelourinho durante o mês.
 

iG Bahia


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