POLÍTICA

Bolsonaro volta atrás e anuncia que desiste de criar Renda Brasil; entenda os motivos

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (15) que desistiu de criar o programa Renda Brasil e que manterá o Bolsa Família até o final de seu governo. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele rechaçou a ideia de congelar salários de aposentados e pensionistas para financiar o programa assistencial e disse que só pode “dar um cartão vermelho” a quem apresentar esta proposta.

A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, estudava desvincular o reajuste do salário mínimo das aposentadorias como forma de financiar o Renda Brasil, informação que foi confirmada posteriormente pelo secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues.

“Eu já disse há algumas semanas que jamais vou tirar dinheiro dos pobres para dar aos paupérrimos. Quem, porventura, vier me apresentar uma medida como essa, eu só posso dar um cartão vermelho para esta pessoa. É gente que não tem o mínimo de coração o mínimo de entendimento de como vivem os aposentados no Brasil”, afirmou Bolsonaro. “Pode ser que alguém da equipe econômica tenha falado neste assunto. Mas, por parte do governo, jamais vamos congelar salários de aposentados, bem como jamais vamos fazer com que o auxílio para idosos e pobres com deficiência sejam reduzidos por qualquer coisa que seja”, disse.

Ao final do vídeo, de forma enfática, Bolsonaro admitiu a desistência de levar adiante o Renda Brasil: “Até 2022, o meu governo está proibido de falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final”.

A mensagem do presidente foi divulgada após Bolsonaro convocar Guedes para uma reunião que não estava prevista na agenda. Para comparecer à audiência, o ministro adiou sua participação no “Painel Telebrasil 2020”, que estava prevista para as 9h.

Mais tarde, durante o evento, Guedes tentou minimizar o desgaste na relação entre eles. “O cartão vermelho [de Bolsonaro] não foi para mim”, declarou o ministro, sem citar se o futuro de integrantes da equipe econômica está comprometido por causa das propostas levantadas para bancar uma reformulação do programa social.

Guedes e sua equipe têm travado uma série de divergências com Bolsonaro e outros integrantes do governo. Entre os temas que dividem o governo e estão em discussão nesta semana, está o projeto que concede perdão de dívidas tributárias a templos religiosos, em que Bolsonaro sugeriu ao Congresso a derrubada de seus próprios vetos para viabilizar o perdão.

Nos últimos dias, o governo intensificara também as negociações em torno do financiamento do Renda Brasil. A fonte de recursos para o programa gerava divergências. Uma das propostas discutidas internamente nesta semana era a de congelar o reajuste salarial de aposentados e pensionistas por dois anos como forma de compensação dos gastos extras. Bolsonaro já vetou ideias levantadas por Guedes, como extinção do abono salarial e seguro-defeso.

LEIA MAIS: “Todo esforço para os próximos 10 anos foi gasto agora na pandemia”, afirma Paulo Guedes


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