BRASIL

Bom desempenho da agropecuária baiana segura economia do estado

Com a crise e a queda do PIB brasileiro, evidentemente os problemas econômicos atingem todos os estados. Os setores da indústria e de serviço contribuíram para a queda do PIB também no Estado da Bahia, entretando o bom momenot d Agropecuária segurou a onda e impediu que essa queda fosse muito grande.

Leia a seguir a matéria da Revista Nordeste com vários detalhes sobre o crescimento da economia do Estado da Bahia nos últimos anos e os efeitos da crise.

A matéria sobre a economia baiana se encontra na edição 112 da Revista Nordeste, que pode ser lida AQUI.

Bahia – Liderança na Agropecuária
PIB tem alta de 8% entre 2010 e 2015, mas setor de serviço e indústria registram queda em 2015

Por Paulo Dantas

A Bahia é o maior estado do Nordeste em Produto Interno Bruto (PIB), mas a atual crise econômica tem feito com que sofra reveses nos setores da indústria e serviço. A Agropecuária são os setores que têm conseguido manter ainda sinais positivos na economia. Particularmente considerando 2014 e 2015 a agropecuária tem sido o destaque da economia, seja considerando a produção – 2014 e 2015 houve aumento na produção de grãos, ou em termos de valor. Claro que a valorização do dólar tem favorecido o setor. O PIB do estado no período entre 2010 e 2015 deverá ter um crescimento em média de 8%.
Dados divulgados mais recentemente apontaram uma queda de 3,2% em 2015 do PIB baiano, todavia a agropecuária cresceu 5,8%, foi o único setor que registrou crescimento, reduzindo a queda do PIB da Bahia.

Em termos de participação no PIB, o primeiro setor do estado continua sendo o serviço hoje sendo 72%, o segundo é a indústria, em torno de 20% a 22%, por último a agropecuária, com cerca de 7,5%. Segundo informações do coordenador regional de contas regionais e finanças públicas da Superintendência de Estudos Sociais e Econômicos (SEI) da Bahia, João Paulo Caetano, o crescimento tem se dado com a boa produção de soja e milho. “A região oeste do estado está tendo um grande destaque de soja, algodão e milho, especialmente a primeira. A lavoura baiana vem crescendo não só em área plantada, como no valor de exportação também”, garante Caetano. Outra produção em alta é a laranja. Inicialmente concentrada basicamente em São Paulo, a produção de laranja começou a crescer no estado a partir de 2013. A região Rio Real e Jandaíra, próxima a divisa com Sergipe, teve incremento na produção, inclusive com a instalação de algumas fábricas de produção de polpas e sucos derivados de laranja. “Hoje entre 25% e 30% da produção laranjas do Brasil está vindo da Bahia. Em termos de quantidade de produção ainda estamos muito distantes de São Paulo, mas a diferença é que o custo de produção aqui está bem menor, pois lá estão tendo problemas tanto com falta de água quanto com algumas pragas específicas da cultura”, alerta Caetano. Isso faz com o que o valor final, o valor de produção, da Bahia esteja acima do de São Paulo, mas em termos de quantidade, São Paulo se mantém a frente. “Mas o valor final recebido pelo produtor aqui é bem maior que o de lá”, garante.


Outro ponto alto do estado está nos rebanhos. A Bahia é dono do maior rebanho de ovinos, caprinos e muares (híbrido de cruzamento com mula e jumento). “Temos em torno de 40% a 45% em alguns rebanhos e outros mais de 50% (do total do Brasil). Porém é importante destacar que por conta do período de seca que houve, até meados do ano passado houve uma redução significativa, sobretudo a parte dos bovinos; por conta dessa seca houve morte de grande parte do rebanho”, explica o técnico.


Bahia tem crescimento em queda


“Se a gente comparar o que havia acontecido entre 2005 e 2010. A gente pode falar que houve uma redução do crescimento econômico e olharmos os dados, veremos que o crescimento da Bahia entre 2010 e 2014, foi de 6,3%, um crescimento bem restrito”, informou o João Paulo Caetano, do SEI. Para o economista esse crescimento está desacelerando na Bahia e em todo Nordeste porque antes estava pautado no incentivo ao consumo e no aumento da linha de crédito ao consumidor, principalmente para os funcionários públicos e os beneficiários do Bolsa Família. No entender de Caetano, foi esse processo que impulsionou o crescimento da região nos últimos anos impactando as vendas no comércio e parte da indústria. “A partir de 2013, com a redução do crédito, aumento do juros e crescimento da inflação, a política implementada pelo governo de aumento de consumo foi reduzida, afetado o crescimento do Nordeste. Entre 2010 e 2013 tivemos um período de crescimento mais fraco, e a partir de 2013 um estabilização, em alguns casos a queda”, frisa. A Bahia, não fugiu desse cenário e fechou o ano com queda de 3,2% no PIB.

Questionado se já é possível sinalizar um quadro recessivo no estado, Caetano titubeou, mas acabou confirmando. “Em 2014 o PIB foi estimado em 1,5%. Tivemos um crescimento, mesmo que não tenha sido substancial. Em 2015 houve queda. Se compararmos apenas 2015, tivemos queda em todos os trimestres.

Polo petroquímico dá o tom da queda da Indústria que recuou 7% em 2015 

Em 2015 a queda de produção foi de 7% em termos de quantidade de volume produzido. Em termos de PIB, a queda foi de 9,5% no ano, o valor faz referência a participação no PIB do estado do setor. O primeiro número aponta apenas dados da produção industrial, segundo pesquisa feita pelo IBGE avaliando o desempenho das indústrias dos estados.


A SEI explica que os dados apontam não só para a Bahia, mas para todo o Brasil. No caso da Bahia ela está sendo significativa porque a maior parte da produção industrial é de bens de consumo intermediário e esses bens são essencialmente voltados para atender a indústria do Sudeste. Necessariamente como o desempenho desta indústria na região sudeste está bem abaixo do nível tradicional, isso tem afetado a Bahia de forma significativa. Esse impacto negativo veio da produção de resíduos de derivados de petróleo que teve uma queda de quase 15%. “Essa queda foi a principal determinante para a retração da indústria na Bahia. Mas nós também tivemos outras quedas, como metalurgia, alimentos e bebidas. Todas essas atividades estão sofrendo com a influência do processo recessivo pelo qual passa a economia baiana e brasileira. Necessariamente a gente está observando essas taxas negativas ao longo do ano – na verdade desde 2014 já está havendo um recuo de produção”, conta Caetano.

Para reverter a crise na indústria

Para reverte a queda do setor, o governo afirma que tem tentado atrair novas indústrias. Recentemente o governador viajou à Europa e à China, para conversar com empresários chineses e atrair investimentos e o aprofundamento dos estudos técnicos e negociações que possibilitarão o andamento de obras de infraestrutura no estado, a exemplo do Complexo Porto Sul e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), além do veículo leve sobre trilhos (VLT), que ligará o subúrbio ferroviário ao Comércio, e o novo Centro de Convenções da Bahia. Outra área em destaque para investimento será a área de energia eólica, que está em crescimento na Bahia.

Outra área em foco é a indústria de transformação. Nas viagens foram feitos contatos já foram feitos, o governo tem conversado com a Braskem, já instalada no Polo Petroquímico de Camaçari, de forma com que essas empresas possam ampliar recursos ou modernizar atividades. “A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que trabalha diretamente com essa política de atração de empresas, atualmente está formulando o novo plano de desenvolvimento econômico do estado e esse plano contempla fazer com que a industrialização na Bahia não aconteça apenas na Região Metropolitana (de Salvador), mas que ela seja direcionada a algumas regiões com vocações para atividades econômicas”, conta Caetano. O novo plano ainda é embrionário, mas as secretarias estão trabalhando para construí-lo e apresentá-lo ao governo e às instituições privadas, a fim de atrair investimentos para a produção industrial, agrícola, comércio, serviço e turismo. A ideia é que a partir daí o estado retome a trajetória de crescimento.

Investimentos e incentivos fiscais 

Até a década de 90, muito da política de atração de investimentos da Bahia se pautou no incentivo fiscal. “A gente sabe que essa é uma política que funciona muito no curto prazo, mas no longo prazo ela se torna deficiente porque as empresas que vêm ficam muito atreladas à condição de se manter esse investimento”, entende Caetano. Desta forma o governo está buscando inverter essa lógica: ainda que se mantenham os incentivos fiscais, investir em melhora de serviços e infraestrutura. O Estado inaugurou estrada para ligar BR diretamente ao Porto de Salvador, sem entrar por dentro da cidade. A intenção era fazer com que o transporte de produtos que são importados ou exportados da Bahia seja feito sem interrupções. Segundo a SEI, foi investido no Aeroporto de Salvador e na infraestrutura logística do estado como um todo, com recuperação e construção de rodovias. Também tem buscado ampliar a geração de energia, fontes eólicas, térmicas e solares.

Há investimentos também na região sul do estado, relativos ao Porto de Ilhéus. A obra está já há mais de seis anos engatilhada, mas problemas relacionados a questões ambientais impediam que avançasse. Todavia, no final do ano passado a obra foi autorizada pelo Ibama. Desta forma o governo acredita que existe a perspectiva de que ainda este ano a construção do porto ser efetivada. Ainda há a FIOL, a Ferrovia Leste-Oeste. Ela está parada por conta do contingenciamento de verbas federais.

Em 2011 foi inaugurado em Salvador o Parque Tecnológico da Bahia. O parque tem como objetivo atrais empresas da área de tecnologia e servir como um embrião de médias e grandes empresas na área. Além disso, em 2014 a Bahia foi contemplada no Sesi/Senai com a chegada de um grande computador, com alta capacidade de processabilidade. O computador é o segundo mais potente da América Latina (maior só o que está instalado na base da Receita Federal). Ainda segundo a SEI, em 2015 o estado da Bahia foi o único da região Nordeste, ao lado do Rio Grande do Norte, que ampliou investimentos em relação a 2014. “Para este ano, a perspectiva do governo é que esse investimento se mantenha”. Entre as obras feitas pelo governo do estado estão a construção do metrô, entre Salvador e Lauro de Freitas, que vai ligar o centro da cidade ao aeroporto. No total serão cerca de 35kms construídos. Já foi inaugurada a linha 1, que vai do centro até a BR.

Cortes no custeio

Centro Administrativo do Estado

Em relação a cortes do custeio, em 2015 o governo promoveu um ajuste onde foram economizados de imediato R$ 30 milhões no custeio da máquina estadual, ao longo do ano também foram implementadas medidas de melhoria no gasto público. Em 2016, especificamente já foi feito novo projeto para contingenciamento de mais de R$ 1 bilhão do orçamento. O objetivo é equilibrar gastos no pagamento da máquina pública. Além de redução de diárias, gastos de energia e telefone, o governo está trabalhando no sentido de equalizar a receita e despesa. Também foi enviado à Assembleia Legislativa projeto que objetiva captar mais de R$ 5 bilhões para investir em infraestrutura, como no próprio metrô. “Temos uma perspectiva que o investimento nesse ano, no mínimo, se mantenha igual ao que foi ano passado”, acredita Caetano.

Setor de turismo terá novos investimentos

A Bahia tem observado retração na movimentação de passageiros em 2015 com queda no setor hoteleiro, de alojamento e alimentação. Para dar novo gás ao setor, o governo está promovendo ações em Salvador, no litoral norte, a área do descobrimento do Brasil e na Chapada Diamantina. “A gente está com um projeto de modernização do Pelourinho, que é o principal Centro Histórico de Salvador e talvez do Brasil, visitado por turistas não só daqui, mas de todo o mundo. Além disso, recentemente foi inaugurada uma nova área no Porto de Salvador, uma área que propicia a chegada de grandes navios de passageiros, isso também tende a favorecer o turismo”, pontua Caetano. O estado tem investido também para profissionalizar turismo rural e pelo litoral do estado. Há ainda um projeto um novo Centro de Convenções em Salvador. “O antigo está com uma estrutura bem deteriorada. Ainda que haja a crise, estamos dinamizando todas as atividades para que o turismo cresça e seja mais importante dentro da economia do estado”, frisa.

Cacau

O cacau sempre foi uma cultura marcante na Bahia. Por conta disso, a cidade de Ilhéus e Itabuna cresceram bastante. No entanto, na década de 80 a praga da vassoura-de-bruxa destruiu plantações inteiras. A situação vem perdurando até hoje. Por conta da praga, a quantidade produzida hoje é inferior ao que se tinha naquele período. Mas a cultura continua sendo destaque pelo seu valor agregado. Na região de Ilhéus estão instaladas diversas fábricas de produção de chocolate que ainda dinamiza a região. O governo tem utilizado a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para vencer a praga. A empresa pesquisa os efeitos das pragas que assolam a cultura, a esperança é que pouco a pouco o cacau venha recuperar espaço.  


Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Recomendamos pra você


Receba Notícias no WhatsApp