BRASIL

Campos traça plano para tirar melhor proveito da imagem de Marina

Em meio aos preparativos para a largada da campanha presidencial, o PSB vem discutindo internamente um plano para tirar melhor proveito da imagem da ex-senadora Marina Silva, sem que ela se sobreponha ao ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Apoiados na tese de que é preciso aproveitar a etapa inicial da corrida para transferir ao socialista os votos da ex-senadora, organizadores da campanha vão investir nas próximas semanas na aparição da dupla nos eventos públicos. Já no meio da campanha, os dois tendem a cumprir agendas diferentes, com o objetivo de abranger o maior número de municípios possível.

Essa estratégia só não valerá para o Nordeste, onde Campos é mais conhecido que Marina. Nas outras regiões, principalmente no Sudeste e no Sul, Marina será encarregada de “apresentar” o socialista ao eleitorado.

Em pesquisas eleitorais realizadas até agora, Marina vem conseguindo mais que o dobro de intenções de votos que Campos. Os socialistas esperam que o lançamento da ex-senadora como vice do ex-governador, marcado para o próximo dia 14, em Brasília, contribua para fixar o nome de Eduardo Campos. No evento, a preocupação será demonstrar que a chapa Eduardo Campos -Marina Silva é definitiva, de forma a estimular a retirada do nome da ex-senadora das opções colocadas no cenário pré-eleitoral.

“Ela dirá a todos que já podem tirar o nome dela das pesquisas porque ela é vice de Eduardo Campos”, revela o deputado Júlio Delgado (PMDB-MG), que deverá fazer parte do núcleo da campanha.

Com a intenção de tirar do primeiro turno a possível reeleição de Dilma, a campanha pretende priorizar os chamados “municípios-polo” para eventos públicos. A organização já está empenhada em mapear cidades com mais de 200 mil eleitores, onde o segundo turno é obrigatório, para montar uma agenda de comícios com a participação de Campos e Marina.

Já foram definidos cerca de 150 municípios considerados polos regionais. Pelo menos 80 deles serão priorizados. “Nosso desafio é otimizar o tempo de Eduardo para que a gente possa abranger o maior número de cidades”, informou Júlio Delgado.

Outro desafio da campanha é lidar com o pouco tempo de televisão. “Qualquer minuto para nós é precioso”, ponderou o deputado, que calcula que a chapa conseguirá alcançar de 4 a 5 minutos no horário eleitoral gratuito.

Time de campanha

As funções na campanha já estão sendo definidas. Cada coordenação será exercida por uma dupla formada por um integrante do PSB e outro da Rede Sustentabilidade. A coordenação executiva, área responsável por cuidar da infraestrutura necessária para o dia-a-dia campanha, ficará a cargo do Carlos Siqueira, pelo PSB, e Bazileu Margarido, pela Rede.

Um dos mais fieis aliados de Marina, Bazileu foi chefe de gabinete dela no Ministério do Meio Ambiente, no governo Lula. Carlos Siqueira é secretário-geral do PSB e preside a Fundação João Mangabeira, instituto de estuados do PSB.

A agenda de Eduardo Campos, até que a coordenação geral da campanha seja definida, continua sendo comandada por Pedro Valadares, ex-chefe de gabinete de Campos no governo de Pernambuco. Valadares também é responsável pela organização dos encontros regionais que já estão sendo realizados na fase de pré-campanha.

Os escolhidos para coordenar o programa de governo também estão definidos. O ex-petista, Maurício Rands, recém-filiado ao PSB, dividirá a tarefa com Neca Setúbal, indicada pela Rede. Neca é socióloga, filha do já falecido banqueiro Olavo Setúbal, herdeira do Itaú. Outros nomes que farão parte da coordenação da campanha ainda aguardam definição.

Discurso

Desmistificar a imagem de boa gestora da presidente Dilma Rousseff será o principal objetivo da campanha. Nessa estratégia a questão energética terá destaque no programa de TV. Ex-aliado do governo petista, Campos adotará nos discursos a crítica de que Dilma falhou principalmente na pasta que comandou no período do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: Minas e Energia.

Como argumento, os socialistas pretendem explorar, ao máximo, a crise envolvendo a Petrobras e a desvalorização da Eletrobras durante o governo Dilma. “Dilma é hoje uma gestora sem credibilidade. Justamente a área em que ela era tida como grande entendedora que é o de geração de energia está desmantelada. Não há como não associar isso ao seu governo. Este será o tema”, comentou o deputado Beto Albuquerque, um dos nomes que fará parte da coordenação da campanha.

A estratégia não deixa de ser também uma aposta de que as investigações sobre a Petrobras ainda renderão bastante desgaste à Dilma. Na mira de Eduardo Campos, estão as suspeitas de pagamento de propina a funcionários da Petrobras e a polêmica envolvendo a compra da refinaria de Passadena, nos Estados Unidos.

Por ser a geração de energia um dos principais pontos de ataque da campanha de Eduardo Campos e Marina, as propostas de geração de energia por meio de usinas nucleares não serão incluídas no programa. Este é o principal ponto de discordância entre Eduardo Campos e Marina. Eduardo é um entusiasta da implantação no Brasil de usinas nucleares. Já Marina é uma história combatente.

A proposta incluirá o compromisso de concluir projetos de centrais hidrelétricas pequenas e médias e, principalmente, a promessa de lançar um programa de implantação de formas de geração de energia solar a eólica.

(iG)


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