BRASIL

“Capital da solidariedade”, Recife é referência em empreendedorismo social

Por Luan Matias

Empreendedorismo social é um termo aplicado a uma modalidade de investimento que busca não apenas o ganho monetário, mas primordialmente o desenvolvimento e transformação da sociedade. Aplica-se a empresas ou movimentos que utilizam mecanismos de mercado para buscar soluções coletivas.

No ano de 2010, uma enchente causou sérios estragos na Zona da Mata Sul pernambucana e deixou mais de 100 mil pessoas desabrigadas. Diante da situação, um grupo de amigos resolveu colaborar: a proposta era formar 10 grupos com 10 pessoas, onde cada um arrecadaria R$ 100,00. O valor somado permitiria a compra de 580 cestas básicas. A meta alcançou o dobro do estimado e foi possível comprar dois caminhões de colchões, a maior necessidade da população naquele momento.

O grupo não parou mais e o movimento Novo Jeito tomou forma. Diversas ações, incentivadas primordialmente através da internet, passaram a acontecer frequentemente. Doações diárias de cadeiras de rodas e aparelhos auditivos, arrecadação de alimentos e apoio a creches em áreas carentes do Recife são algumas dos trabalhos desenvolvidos constantemente pelo movimento. Em 2015, com o apoio de 19 arquitetos voluntários, o maior hospital de câncer do Nordeste foi reformado. O movimento também promove a Conferência Vox, a maior do Brasil sobre o tema.

No final de 2014, uma ação de cordialidade que visava compartilhar abraços e rosas reuniu 60 mil pessoas em várias cidades do Brasil. O Mais Amor – como é conhecida a proposta, já acontece na capital pernambucana há alguns anos e tomou proporções nacionais. “A grande necessidade social brasileira não é suprida pela gestão pública. Convocamos a sociedade civil para ‘sermos a mudança que queremos ver’ no mundo”, disse Fábio Silva, idealizador do Novo Jeito.

O poder de mobilização do movimento chamou a atenção do governo dos Estados Unidos. Fábio foi um dos líderes sociais brasileiros convidados a participar de um intercâmbio com a intenção de incentivar ações sociais. Na oportunidade, conheceu diversas ONGs e a agência americana de voluntariado, onde entendeu que poderia ampliar a escala do seu trabalho.

A partir disso, Fábio foi convidado pela Prefeitura do Recife para liderar o Transforma Recife, plataforma de voluntariado pioneira no país, que conecta organizações e voluntários. O projeto visa dar visibilidade para ONGs e oferece vagas para interessados em contribuir – a ideia é ter pessoas especializadas em diversas áreas apoiando os trabalhos. No final do mês de junho, foi instalado na principal avenida da cidade o voluntariometro, equipamento de 7 metros de altura que conta o número de horas de trabalhos voluntários prestados na cidade.

Sobre a experiência como empreendedor social, Fábio conta que é uma modalidade ainda vista com estranhamento no Brasil, por se tratar de uma novidade. Um dos braços do seu projeto é a Fábrica do Bem, que presta serviços a empresas privadas e instituições públicas que têm interesse na transformação social. Ele também oferece cursos e palestras sobre o tema. “Tenho atividade comercial no empreendorismo. É uma carreira como qualquer outra. Já me sinto seguro para ao preencher uma ficha e dizer que minha profissão é empreendedor social”, concluiu.
 

 

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