BAHIA

Caso Monte Santo: advogada e ONG divergem sobre adoções

A advogada das famílias paulistas impedidas de adotar cinco crianças de Monte Santo (distante a 352 km de Salvador) e o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca-BA) assumiram posições antagônicas, após a Justiça baiana anular, na terça-feira, 26, a sentença que deu a guarda dos filhos à mãe biológica.


"Tudo caminha para as crianças voltarem", disse, por telefone, a advogada Lenora Panzetti, que representa as quatro famílias de Campinas e Indaiatuba que adotaram os filhos da baiana Silvânia Mota Silva, em 2011, obrigadas a "devolver" as crianças em 2012.
"Vamos esperar o acórdão e agir. Não houve nenhum crime e isso agora está provado". Segundo ela, a mãe biológica admite que "o melhor para os filhos é virem para São Paulo".

Já o coordenador do Cedeca-BA, Waldemar Oliveira, defendeu que as crianças devem continuar sob a guarda de parentes: "Para o bem das crianças, antes de se pensar em mandá-las para São Paulo, é preciso buscar alternativas na própria família".


Ele explicou que a ONG acompanha o caso junto à família biológica desde o início e passou a oferecer o suporte necessário. "Trouxemos Silvânia e as crianças para Camaçari (Grande Salvador). Conseguimos casa, Bolsa Família, as crianças foram matriculadas em escolas e conseguimos emprego para o marido dela. Só que, no ano passado, sem nos avisar, ela voltou para Monte Santo", revelou Oliveira.


Ele disse que, caso a mãe biológica os tivesse consultado, o retorno ao interior não teria sido aprovado. Segundo o coordenador, na cidade natal Silvânia começou a ser negligente com os filhos e Gerôncio da Silva, pai dos três mais velhos, passou a cuidar deles.


O Cedeca pretende acionar entidades de defesa dos direitos infanto-juvenis no estado e a Secretaria da Justiça para decidir sobre medidas a serem adotadas.
 "Enganada"
Lenora discorda veementemente que o melhor para as crianças é ficarem na Bahia. Para ela, Silvânia "foi enganada e jamais teve condições de cuidar das crianças". Para a advogada, o processo de adoção "foi lícito", desde o início acompanhado pelo Ministério Público.


"As crianças corriam risco. A medida protetiva não prevê a oitiva inicial do agressor. Ela prevê, sim, que você tem que retirar a criança do risco e colocá-la em segurança. Não existe abrigo na região de Monte Santo e, por isso, elas foram colocadas em famílias afetivas", relatou. Ela disse que as crianças tiveram contato com a mãe quando estavam em São Paulo, mas que isso não teria sido considerado pelo juiz que anulou a adoção.


O Tribunal de Justiça informou, em nota, que o acórdão deve ser publicado "nos próximos dias".

A Tarde


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