CEARÁ

Ceará perde posição em geração de energia eólica

Sem novas linhas de transmissão para escoar energia, o Ceará vem perdendo posição na produção da matriz eólica para Bahia e Rio Grande do Norte. Os estados acabaram atraindo mais investidores e, com capacidade de escoamento, contrataram mais energia que o Ceará. Até 2019, a previsão é que a Bahia ocupe o primeiro lugar em capacidade instalada, posição que um dia foi do Ceará. Hoje, Rio Grande do Norte é o líder.

De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) enviado ao O POVO, o Ceará figura em terceiro lugar em termos de potência eólica contratada. São 905,3 megawatts (MW), ultrapassados por 1.696,1 MW do Rio Grande do Norte e 2.629,9 (MW) da Bahia – estado com maior contratação. Isso significa que, a partir de 2019, a Bahia galgará a primeira posição como maior produtora de energia eólica.

Uma das razões para esse freio é a falta de linhas de escoamento da energia produzida. Pois não há como comprar sem ter como escoar. Para se ter ideia de como o Estado vem sofrendo sem as novas linhas de transmissão, a participação de mercado do Ceará, em termos de potencial eólico, chegou a ser de 35%.

“Agora estamos perdendo participação. Com os contratos existentes da Bahia e do Rio Grande do Norte, e vamos passar a participar com 17,4%. Esse é um número muito expressivo”, diz Jurandir Picanço, consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis.

Elbia Melo, presidente da Abeeólica, frisa que os problemas com escoamento de energia não são exclusividade do Ceará. “Esse ano, de 2015, foi o ano em que se esgotou a capacidade de escoamento”, alerta.

 

Mapa Eólico

Para correr atrás dessa perda de posições, Renato Rolim, secretário-adjunto de Energias, Telecomunicações e Mineração do Estado, diz que o Governo planeja atualizar o mapa eólico do Estado. Após 15 anos do último documento, a renovação objetiva incentivar o desenvolvimento da matriz energética, por meio da atração de investimentos. Isso porque o documento fornece informações mais detalhadas e reais das melhores condições e áreas para se instalar uma usina eólica no Ceará.
 

Mas para que novas contratações deem certo é necessário apoio do Governo Federal. “Novas linhas de transmissão são responsabilidade do Governo Federal. Estamos buscando junto ao Governo, em Brasília, e à Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco)”, diz.

Picanço enxerga como positiva a atualização do mapa eólico, pois dará mais segurança aos investidores que quiserem se instalar no Estado. “O mapa é um instrumento que dá mais confiança ao investidor. Ele vai procurar área para se instalar e, se você tiver um mapa eólico, há indicações de locais mais seguros”, detalha.

O novo atlas ainda adequará projetos de aerogeradores maiores, de 120 metros de altura. Os equipamentos de muitas usinas do Estado têm entre 45 a 60 metros e o antigo documento estava de acordo com essas dimensões. (Beatriz Cavalcante)

O Povo


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