CEARÁ

Centros Sociais Urbanos têm funcionado abaixo da capacidade

Paredes pichadas e com pintura descascando. As piscinas estão cobertas de lodo e, apesar de a quadra poliesportiva receber os primeiros reparos, ainda está descoberta. Em frente ao antigo Centro Social Urbano (CSU), hoje Centro de Cidadania do Conjunto Ceará, a população é só lamento. “Bom era quando funcionava direito. Tinha violão, natação, futebol e cursos. Hoje, só uns gatos pingados têm atendimento”, aponta a dona de casa Maria das Dores Araújo, 53. Ela não entende o porquê de o complexo de esporte, cultura, lazer e arte hoje não funcionar a contento. “É um desperdício de dinheiro público”, conclui.

O POVO visitou quatro dos seis Centros de Cidadania ainda em funcionamento, em Fortaleza, nos bairros Conjunto Ceará, José Walter, Pici e Bela Vista. Hoje, vinculados à Secretaria da Cidadania e Direitos Humanos (SCDH), dois dos equipamentos passam por reformas (Pici e José Walter). No entanto, nenhum deles trabalha atendendo à demanda para a qual foram criados. Há pelo menos 15 anos os antigos CSUs não operam com toda a capacidade, em média, 400 pessoas por semana.

“Isso era pra ser uma opção de lazer para o jovem. O que é que o adolescente vai fazer sem ter nada?”, questiona o aposentado Raimundo Nonato de Souza, 70, que mora em frente ao Centro de Cidadania do Conjunto Ceará. Com parte das atividades interrompidas há pelo menos dez anos, os jovens da comunidade não têm opção de esporte, cultura e lazer perto de casa. O estudante Luís Fernando Uchôa, 16, é que, de vez em quando, joga bola na quadra do antigo CSU. “Mas seria muito bom se tivesse alguma aula de futsal”, sugere. Lá, as aulas de natação e hidroginástica foram suspensas. O motivo é que a piscina está sem condições de uso, coberta por lodo e sujeira. A quadra poliesportiva ainda está sem a coberta, mas já recebe as primeiras pinturas.

 

Pici

Nos 12 mil m² do Centro de Cidadania do Pici, são atendidos 30 idosos (aulas de ginástica), 20 crianças (recreação), além de 40 pessoas no curso de violão (em dois turnos). Mas o espaço é amplo e teria a capacidade para atendimento maior. O antigo CSU ainda oferece aulas de artes marciais (judô, jiu-jítsu e caratê) e capoeira.

Porém, aulas de bordado, informática, corte e costura e cabeleireiro foram suspensas há, pelo menos dez anos, sem previsão para voltar. Cursos profissionalizantes ainda são dados em parceria com o Centro de Referência em Assistência Social (Cras), instalado no mesmo prédio.

O Centro de Cidadania do José Walter, o maior entre os complexos, com 32 mil m², atende hoje a capacidade média da semana no período de um mês: cerca de 400 pessoas. Existe a proposta de levar uma Areninha, um campo de futebol no modelo da construída no Campo do América, na Aldeota, para o local. Segundo Rodrigo Pinheiro, coordenador geral dos Centros de Cidadania, falta apenas o aval do prefeito Roberto Cláudio (Pros).

O espaço possui três piscinas, que estão em reforma, uma quadra (já reformada), um campo sem gramado, e várias salas de aula. São nesses espaços que ainda resistem aulas de corte e costura (28 pessoas), ginástica (55 pela manhã e 95 à noite), judô (20 pessoas), duas turmas de caratê (60 pessoas no total), capoeira (40 pessoas), futebol de campo (25 pessoas), dança de salão (30 pessoas).

 

Saiba mais

As reformas têm orçamento de R$ 4,5 milhões cada. O custeio do conjunto de equipamentos, conforme a Secretaria da Cidadania e Direitos Humanos é em torno de 200 a 300 mil por ano para todos os equipamentos.

Dos oito equipamentos geridos pela Prefeitura de Fortaleza, três modificaram o público e o funcionamento: O Centro de Cidadania que funcionava na avenida Borges de Melo foi cedido para a Polícia Federal. Já o CSU Lenira Magalhães, no Monte Castelo, e o Tertuliano Cambraia, no Carlito Pamplona são agora escolas e atendem a pequenas demandas de assistência social, como grupos de idosos.

 

Angélica Feitosa
O Povo


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