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Como a Inteligência Artificial transforma o mundo e os desafios urgentes no Brasil

Por Walter Santos

 

A Revista NORDESTE traz para a edição 204 um tema atual e relevante: a Inteligência Artificial. 

 

Para se ter uma ideia, a expressão “inteligência artificial” foi a 10ª mais pesquisada no Brasil em 2023, segundo o Google Trends.

 

Pesquisa da Bain & Company indica que 58% dos executivos brasileiros consideram a IA como prioridade nas suas empresas.

 

A IA também está presente em plataformas fechadas desde 1979 e só faz crescer até os dias atuais com o PIX, Amazon, Mercado Livre, Netflix, Shopee, entre outras.

 

A partir de novembro de 2022, com o lançamento do ChatGPT foi possível conversar diretamente com o robô de inteligência artificial.

 

Para falar sobre o tema, a NORDESTE tomou a iniciativa de entrevistar o professor Aloísio Sotero, colunista do InvestNews e Conselheiro Estratégico de empresas nacionais e internacionais.

 

Leia aqui ou abaixo:

 

 

Revista NORDESTE – Como o Brasil pode conviver com a Inteligência Artificial no presente e futuro para favorecer toda a sociedade e não amedrontá-la?

 

ALOÍSIO SOTERO – Não há mágica no trato desta questão. Cabe aos governos, iniciativa privada e ao terceiro setor implementar políticas públicas de adequação a essa nova realidade promovendo a preparação e treinamento da sociedade.

 

A IA é uma facilitadora de diversas áreas da vida humana. Já está presente na pesquisa científica, na educação, no chão de fábricas, logística, transporte e mobilidade, defesa, na aplicação da lei, política, fake news, publicidade, jornalismo, arte, cultura , agricultura e pecuária , direito, nas cortes de justiça, medicina e na saúde. Sem dúvidas, a IA já muda o Mundo

 

 

NORDESTE – Como a Inteligência Artificial pode impactar de forma mais rápida a Educação?

 

ALOÍSIO SOTEROTudo começa pela Educação. Ela é a matriz de todas as transformações e revoluções da sociedade. 

 

No Brasil, de uma maneira geral, os estudantes já convivem por meio de seus smartphones com o uso da IA em plataformas fechadas como jogos, música, whatsapp, tik tok, youtube e instagram.

 

E, agora, começam a interagir com o ChatGPT, que já está trazendo a IA para seu dia a dia. Cabe, neste sentido, os professores serem capacitados e treinados para levar a IA como instrumento pedagógico de ensino. E mais. Ampliarem as suas habilidades em comunicação, pensamento crítico, análise de dados em informação.

 

Urge dizer que somente a educação pode gerar realidade menos desfavorável à sociedade brasileira. 

 

Este é o maior desafio que enxergamos, tanto que até admitimos uma Bolsa Digital diante de tanta gente excluída no domínio destas ferramentas como um mecanismo compensatório desse “gap” de preparo educacional.

 

Acrescento também que o nível educacional do País é muito baixo, o que amplia a desigualdade social.

 

 

NORDESTE – Qual a realidade do Brasil no trato da IA levando em conta o nível de desinformação, desigualdades, etc?

 

 

 

ALOÍSIO SOTERO – Os robôs de IA não são infalíveis, são instrumentos de modelos repetitivos que, fora da conduta dos algoritmos, convivem com falhas, portanto não são infalíveis. Cometem erros. Tem que haver pensamento crítico.

 

Eles têm capacidade de armazenamento de bilhões de informações, cuja habilidade é inquestionável, mas correm riscos de gerar informação desqualificada e, na sequência, gerar fake news.

 

A Inteligência Artificial e os negócios

 

 

 

“Haverá destruição e criação de empregos, fechamento e abertura de negócios”, acrescenta Aloisio Sotero.

 

NORDESTE – A IA é aliada ou concorrente da sociedade, diante de tanto mau uso dela? E, como torná-la aliada do micronegócio, por exemplo?

 

ALOÍSIO SOTEROÉ preciso entender e deixar muito claro que a IA é um habilitador de conhecimento da sociedade, também para a microempresa, no qual o papel humano se mantém superior aos métodos repetidos, a partir dos algoritmos.

 

Diante desta realidade cumpre às instituições públicas e privadas desenvolverem políticas educativas para habilitação deste importante segmento social.

 

O papel da micro e pequena empresa num país do tamanho do Brasil é muito relevante, tanto do ponto de vista econômico quanto social, por isso cumpre uma condição super especial para gerar capacitação permanente sobre conhecimento e uso da IA pelos microempresários em favor de todo segmento ainda em tempo.

 

NORDESTE – De forma pragmática, qual o significado desta atual revolução silenciosa diante do ser humano? Quem ganha o quê?

 

ALOÍSIO SOTEROHaverá destruição e criação de empregos, fechamento e abertura de negócios.

 

A IA e seus robôs rápidos e velozes estão revolucionando o mundo do trabalho e das empresas. Onde vai impactar?

 

Automatização de tarefas e novas oportunidades: A IA pode ser usada para automatizar tarefas repetitivas e rotineiras. Isso pode levar ao desemprego em setores que dependem dessas tarefas de rotinas com o padrão de conhecimento das respostas. Ao mesmo tempo exigir novas qualificações para trabalhadores e prestadores de serviços nas áreas.

 

Criação de novos empregos com novas habilidades: A IA também pode criar novos empregos, como desenvolvedores de IA, especialistas em segurança cibernética e gerentes de dados. Esses empregos exigem habilidades e conhecimentos específicos, que os trabalhadores precisarão desenvolver para se adaptarem às mudanças causadas pela IA.

 

Mudança de funções com novos perfis comportamentais: Por exemplo, um trabalhador que atualmente é responsável pela entrada de dados pode ser realocado para uma função que exige mais criatividade e pensamento crítico, assim como maior preparo na gestão de pessoas, preparo técnico para operar e analisar informações e multitarefas.

 

NORDESTE – Há de se notar que a aceleração do uso da IA no mundo do trabalho é muito veloz, causando preocupação. Qual sua visão sobre essa realidade atual?

 

ALOISIO SOTERO – Em todas as revoluções ocorreram destruição e criacao de empregos .Um estudo da McKinsey & Company estimou que a IA poderia automatizar até 800 milhões de empregos em todo o mundo até 2030.

 

O estudo também estimou que a IA poderia criar até 970 milhões de novos empregos no mesmo período.

 

É importante saber e notar que a destruição de empregos pode ser mais rápida do que a criação de empregos. Isso pode levar a um período de turbulência econômica, à medida que os trabalhadores se adaptam às novas oportunidades.

 

Para nós, seres humanos, isso significa desenvolver habilidades que sejam difíceis de automatizar, como por exemplo a capacidade de analisar o que o robô entrega sem pensar e julgar.

 

Ou seja, é preciso uma adaptação rápida e ter um novo preparo para fazer o que a velocidade do robô consegue fazer melhor .

 

Ética e responsabilidade

 

 

NORDESTE – Em meio a esse contexto de tanta complexidade, existe algum exemplo de atitude capaz de banir os erros da IA gerando fake news repetitivas?

 

ALOÍSIO SOTEROA IA não tem intenção, motivação, moralidade ,emoção nem padrões morais ou éticos. O nosso grande desafio é impedir que a IA se torne cada vez mais aética.

 

Tem chips, algoritmos, mas não tem coração, não come e nem precisa dormir nem sonhar.

 

O The New York Times, grande estrutura de veículo de comunicação americano, acaba de desafiar e provar que as BigTechs reprodutoras de IA, estavam se utilizando dos Direitos Autorais sem autorização e por fatores expostos nesta entrevista até gerando informações desencontradas afetando a base de produção histórica do jornal.

 

O jornal The New York Times moveu um processo contra a OpenAI, criadora do ChatGPT, e a Microsoft, que tem 49% de participação acionária da OpenAI e criou o Bing Chat.

 

O Times alega que as duas empresas “usaram milhões de seus artigos, protegidos por direitos autorais, para construir suas tecnologias que, agora, se tornaram extremamente lucrativas e passaram a competir diretamente com seus próprios serviços”, escreveram os advogados do jornal.

 

NORDESTE – Como poderíamos tratar de algum exemplo global sobre processamento de dados para ajudar ou gerar problemas na sociedade?

 

ALOÍSIO SOTEROO aprendizado de máquina requer dados, sem os quais as IAs não conseguem aprender e gerar respostas precisas.

 

O robô só responde com os dados que dispõe numa velocidade superior à dos humanos. Simples Assim. Humanos pensam. Robôs executam com velocidade incomparável.

 

Em particular, os sistemas de reconhecimento facial costumam ser treinados em conjuntos de dados com poucas imagens de pessoas negras, o que resulta em baixa precisão, como no caso das medidas de quantidade de oxigênio no sangue (oximetria), durante a Pandemia da Covid.

 

Outro exemplo, os conjuntos de dados para treinar veículos autônomos podem conter relativamente poucas situações extraordinárias, como um animal que invade a pista, deixando pouco especificado para a IA sobre como ela deve lidar com essa situação.

 

Como exemplo trago aqui fruto de uma experiência pessoal recente, onde fiz uma pesquisa sobre determinado assunto e recebi 75% das respostas com erros.

 

O que aconteceu? O robô da IA combinou informações parciais e gerou uma combinação de algoritmos corretos, porém combinando informações parciais!

 

NORDESTE – Tomando por base a realidade brasileira, onde a IA pode ser considerada infalível e, guardadas as proporções, ser melhor do que o procedimento humano?

 

ALOÍSIO SOTERO – Na atividade bancária, por exemplo, não existe modelo mais ágil e eficaz que a Inteligência Artificial resolvendo em segundos e sem presença física inúmeras atividades. Pode até resolver casos de desvios humanos com fraudes e manipulações contábeis.

 

O INSS no Brasil começou a usar a IA com objetivo de detectar fraudes na solicitação de benefícios de auxílio doença e comprovação de Vida.

 

Um robô virtual desenvolvido pela Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência) irá realizar uma varredura nos documentos enviados pela internet ao INSS pelo segurados e, além de identificar o endereço de onde o arquivo foi enviado, também irá cruzar dados como nome, assinatura e CRM do médico responsável pelo atestado.

 

Outra atividade também de referência exitosa é o diagnóstico médico onde robôs sabem utilizar padrão de dados sem igual.

 

Aliás, na Medicina, a robótica e a telemedicina têm cumprido papel de excelência. Conheço o caso de uma pessoa amiga que foi submetida à cirurgia com uso da robótica e com precisão sem igual velocidade.

 

Na educação também é imensurável imaginar o processamento e acesso de dados, antes das Enciclopédias, em questão de segundos. Isto é fantástico, mas se traduz num processo repetitivo de algoritmos nas áreas contábeis e de jurimetria jurídica- acompanhamento de processos jurídicos em escala local e nacional.

 

Um guia de gramática e correção de textos em português utilíssimo nas áreas de redação e edição profissional , tudo na palma da mão, em segundos . Uma prática na prática em sala aula.

 

 

*Entrevista exclusiva publicada na edição 204, da Revista NORDESTE, janeiro 2024


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