CEARÁ

Comunidade se organiza e transforma lixão em área de lazer

Há 40 anos, o terreno baldio próximo ao Colégio Vital Didonet, na Cidade dos Funcionários, vinha sendo utilizado como lixão. Os materiais, depositados pela própria comunidade e por carroceiros, era recolhido em parte por caminhões da Prefeitura que passavam todos os dias. Há 5 anos, Míria Espíndola, diretora do colégio, tenta organizar a situação do local. “Na época, fizemos um abaixo-assinado e encaminhamos para a Prefeitura, mas nada aconteceu”, reclama. Este ano, o lixo já se acumulava na rua, obstruindo a passagem dos carros em uma das vias. Foi diante dessa realidade que a diretora decidiu unir-se à comunidade e tomar uma atitude para transformar o espaço.

A adoção do local foi oficializada por meio do programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). Em 15 dias, a diferença era notável: a delimitação do espaço foi toda feita com pneus reciclados, assim como os brinquedos, encomendados de Beberibe (Litoral Leste) especialmente para o projeto. Os muros estão cobertos por artes do grafiteiro Lápis de Lata, que estampou o novo nome do lugar, Praça dos Ipês, e poemas nas paredes. O nome Praça dos Ipês surgiu inicialmente das seis mudas doadas pela Seuma, mas adquiriu um significado muito maior, como explica a diretora da escola: “Curiosamente, o significado dessa planta é justamente esse: transformação”. Cada ipê foi adotado por um morador local. Eles receberam folhetos explicativos sobre como cuidar e manter a árvore. Antônio do Carmo é padrinho de um dos Ipês e o vê crescer através da janela de sua loja, em frente à nova praça. “Cada um plantou o seu e tem o dever de cuidar”.

MÍRIA Espíndola capitaneou a adoção da área verde pela comunidade
MÍRIA Espíndola capitaneou a adoção da área verde pela comunidade

Segundo Míria, o processo de adoção não foi apenas burocrático, mas afetivo. Os alunos do 4º e do 5º ano do ensino fundamental do colégio também participaram da transformação. Em uma atividade na disciplina de Geografia, eles foram até o terreno e estiveram em contato com a situação degradante do local. Em seguida, as melhores redações sobre o tema foram enviadas anexadas ao abaixo-assinado organizado com os moradores que reivindicava uma intervenção do Poder Público.

“Não queríamos apenas fazer a limpeza do terreno, mas tornar a área aprazível, onde as famílias possam passear, as crianças possam brincar, para toda a comunidade de um modo geral”, explica. O passo seguinte foi a conscientização dos trabalhadores. Míria organizou, com o marido, um café da manhã para os carroceiros locais. Eles focaram na educação ambiental.

“Conseguimos sensibilizar sete carroceiros. Agora eles mesmos se responsabilizam e falam uns pros outros que não se deve mais jogar lixo ali”.

Vários outros moradores da região também se envolveram. Alexandre Aragão, que vive no bairro há oito anos, está participando do planejamento de diversas ações e captação de recursos para a praça.

Agora, o plano é envolver cada vez mais a coletividade. Para isso, Alexandre conta que já foram feitas parcerias, como com a iniciativa cultural do Projeto Plantando o Bem, que disponibiliza livros em locais públicos. “As pessoas da comunidade falam que sempre foi o sonho de todo mundo fazer essa limpeza para transformar o terreno em uma área útil. Já estamos até planejando o São João do bairro na praça. Uma parte do arrecadado será investida no projeto.”

ADOÇÃO

De acordo com a Seuma, até fevereiro de 2018, 164 praças e áreas verdes já haviam sido adotadas em Fortaleza. Este número também inclui canteiros, largos, jardins, rotatórias, ruas e calçadas.

ADOTE UMA PRAÇA

Pessoas físicas ou jurídicas podem adotar praças e áreas verdes em Fortaleza. Os documentos, disponíveis em bit.ly/adoteumapracafortaleza, devem ser apresentados à Regional correspondente, preenchendo os seguintes itens:

Solicitação geral para abrir processo; > Formulário para adoção, especificando a área de interesse; > Carta de Intenção, com compromisso de manutenção ou manutenção e reforma.

O Povo Online

 


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