BRASIL

Consultor Fábio Vicenzi: indústria italiana deve ampliar investimentos no NE

Fabio Vicenzi esteve no Nordeste visitando a fábrica da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) em Pernambuco. Após a visita, Vicenzi deu uma esticada até a Paraíba para um conversa com o governador Ricardo Coutinho, onde revelou a possibilidade de novos investimentos estrangeiros no estado.

O currículo de Fabio Vicenzi tem peso na área. Advogado, autor de diversas obras jurídicas publicadas no Brasil e no exterior, Vicenzi faz parte da empresa de consultoria Carbone & Vicenzi e é reconhecido pela Revista italiana Milano Finanza como uma das 80 pessoas mais influentes no mundo dos negócios no eixo Itália/ Brasil. Vicenvi também é consultor jurídico internacional, doutor em direito e economia. Mestre e especialista em direito empresarial comparado, direito econômico e direito regulatório e das telecomunicações.

 

Confira na íntegra a entrevista publicada na Edição 102 da Revista Nordeste:


Revista NORDESTE – O que significa a empresa ítalo-brasileira C&V para um futuro dos negócios do Brasil, em particular do Nordeste?

FÁBIO VICENZI – A C&V, assim como a união de dois jovens visionários advogados que se uniram há vinte anos, visa construir no Nordeste uma união de esforços. Projetos numa conjuntura econômica especial, que vem dentro de uma realidade de expansão industrial e comercial dessa região. Queremos atrair a atenção não só de outras regiões do Brasil mas também de fora do país, em especial da realidade com a qual nós lidamos, atraindo a atenção de empresários europeus, italianos, espanhóis e portugueses.

NORDESTE – Objetivamente, o que o senhores são e representam?

VICENZI – A C&V tem uma essência como consultoria internacional na busca de viabilizar novos negócios. O Brasil, evidentemente, é o país que tem tido um palco já há anos de nossa empresa. 


NORDESTE – Qual a leitura que o senhor faz do Brasil, do contexto global, da economia, das perspectivas de negócios e de qualidade de vida e aí, claro, o Nordeste?

VICENZI – Apesar da crise pela qual estamos atravessando e que imagino que deva ser passageira no sentido das políticas da presidente Dilma, nós encontramos no Nordeste, assim como em outras duas regiões do Brasil, Norte e Centro-Oeste, as regiões que mais estão se desenvolvendo, um cenário com a maior capacidade de enfrentamento dessas crises com as quais não só o Brasil, mas o resto do mundo, está passando. Aqui também vemos o maior potencial em termos de criação e geração de negócios. Não só pelo imenso território que o Nordeste tem em especial, mas levando em conta a demanda da grande população com poder aquisitivo que está sendo incluída cada vez mais dentro das camadas consumidoras, preparando-se tecnicamente e de modo qualificado, para importar novas iniciativas empresariais em todo o território. 


NORDESTE – Quais são as áreas especificas da economia e que os senhores têm uma atuação mais determinante? É na infraestrutura, é no mundo financeiro? Quais são as áreas de atuação da C&V. Qual é o foco da C&V aqui no Brasil e no Nordeste? 

VICENZI – Na infraestrutura, rodovias, portos, ferrovias. Todos os trabalhos, acredito, que dão suporte ao crescimento das nossas cidades. Energias renováveis, em especial eólica e automotivos. Esse é um motivo que nos traz hoje aqui (ao Nordeste) na inauguração oficial da fábrica da Fiat… agora FCA… e metal mecânico em geral. Nós, dentro dessa crise, estamos dando atenção especial a dois grandes projetos, que podemos dividir em vários outros setores como tecnologia embarcada. Podemos dividir em náutico e naval, construção de embarcação, tanto de lazer como naval de transporte… plataforma, assim como uma visão especial que seria a biônica e a aeroespacial… construção de pequenos aviões e tecnologia embarcada para esses segmentos.


NORDESTE – Dentro de uma visão bem pragmática, Quais são as empresas europeias que vocês estão representando ou criando ambiências?

VICENZI – O exemplo concreto que eu dou é justamente esse da Fiat, no qual envolve uma grande montadora e todos os seus fornecedores. Em um primeiro momento os fornecedores e sistemistas que vem de fora. Em segundo momento os mesmos fornecedores e sistemistas a convite da montadora se instalando na região, não só no Estado de Pernambuco, mas em todo o Nordeste, especialmente em Pernambuco e Paraíba. Podemos citar ainda dois exemplos desses fornecedores sistemistas… que estamos acompanhando de perto, um deles, um administrador, estamos falando da ANS automação industrial, uma empresa italiana, a Marquelise, em Napoli.


NORDESTE – Dentro de uma perspectiva de futuro quais ventos ou negócios os senhores pretendem desenvolver nessa área náutica como perspectiva de abrir mercado aqui no Nordeste?

VICENZI – Nós estamos acompanhando um grupo de trabalho binacional, Itália/Brasil especificamente do setor náutico. Esse grupo de trabalho identificou, por enquanto, duas regiões do Brasil: Santa Catarina e Manaus. Esses estados estão neste mapa, mas nós estamos trabalhando para incluir o Nordeste nessa realidade. Tanto que a nossa intenção, com base nesses trabalhos que estamos fazendo com o grupo náutico binacional, tendo em vista os dois grandes consórcios náuticos que representamos no mundo italiano, a partir de Napoli, é promover, se possível, ainda este ano ou no começo do próximo ano no Centro de Convenções de João Pessoa, aquilo que poderíamos chamar de primeira feira náutica naval ítalo-nordestina. Esse foi um dos assuntos tratados com o governador da Paraíba.


NORDESTE – Quais as propostas apresentadas ao governador Ricardo Coutinho?

VICENZI – Trocarmos ideias e apresentarmos os fornecedores e sistemistas da Fiat que representamos e que poderiam eventualmente se instalar em terra paraibana. Nós abordamos esse assunto do pólo náutico e em especial procuramos saber do Governo da Paraíba… queríamos saber como ele enxerga a possibilidade da criação de um embrião industrial com base em tecnologia italiana. Isso dentro de uma área a ser trabalhada para que algumas empresas da cadeia produtiva possam já se instalar, fabricando determinado tipo de embarcação. A empreitada contaria com grande valor agregado e poderia ajudar a transformar esta região na plataforma de produção e exportação de produtos dessa natureza.


NORDESTE – Para concluir, os novos estados do Nordeste brasileiro envolvem várias realidades, portanto, o que os senhores projetam para o futuro desses próximos anos?

VICENZI – Temos muitos projetos e falamos a partir do setor de infraestrutura. Óbvio que existem projetos rodoviários, ferroviários, não falo de grandes sonhos, mas falo de recuperação… de pequenos preços… que poderiam revolucionar a logística local e isso vai ser tratado numa pauta na Paraíba, mas falamos também da possibilidade de se encontrar e explorar matérias primas que existem aqui no Nordeste e que poderiam ser facilmente comercializadas para o resto do país e no mundo. Nós não abordamos a questão do turismo, mas o turismo ele é importantíssimo para uma região assim tão próxima da Europa, nós acompanhamos alguns movimentos de tentativas de transformação do Nordeste numa realidade residencial ou de segunda moradia para a Europa e isso é uma coisa latente. Isso ajuda muito. Isso contribui.


NORDESTE – Muitos brasileiros tem, inclusive de João Pessoa, segunda moradia em Miami e em Orlando. Isso poderia se dar na Europa, em Lisboa, na Espanha e Itália, etc…

VICENZI – Mas isso naturalmente deve acontecer, a partir do momento em que a transformação da cidade e do entorno dela permite o melhor nível de vida não só para a população local, mas também para quem vem de fora. Permite novas atrações, investimento em infraestrutura, em segurança jurídica… nós abordamos a questão dos pólos náuticos. O pólo náutico, ou a construção de embarcações de lazer, está diretamente associada aos lagos e às marinas, está diretamente associada a um nível de vida, à restaurantes, talvez, em determinado estilo. Os europeus que vem para cá procuram sim a origem do Brasil, as pessoas mais simples, mas eles não abandonam o estilo de vida europeu. Então é possível pensar em termos de turismo, de náutica, é possível pensar aí uma infraestrutura que poderia permitir ainda mais facilmente a antecipação desses projetos que já existem.


NORDESTE – Por que não falar da indústria da moda, a Itália tem uma conferência reconhecida em Milão e não é só Milão, a microempresa, as indústrias, de couro, de vestuário?

VICENZI – Essas indústrias também fazem parte dos setores abordados, nós iniciamos privilegiando aqueles mais tradicionais… mas o pólo de moda da Paraíba ele é um dos assuntos que nos interessa. A possibilidade de criar aqui na Paraíba um showroom nacional de moda estrangeira que interaja com a moda local… isso certamente teria um impacto nesse segmento. Nós, nesse sentido, faremos uma visita ao Porto de Cabedelo para verificar as condições que esse porto teria para sediar esse projeto de showroom da moda internacional. 


NORDESTE – Como é se deparar com uma estrutura de comunicação no Centro Histórico de João Pessoa fazendo vanguarda no mundo virtual, na internet e fazendo uma revista no padrão como o que os senhores acabaram de ver?

VICENZI – Essa é mais uma das alegrias que só confirmam a ótima impressão produtiva que tenho tido sempre que volto ao Nordeste. A mídia do Grupo WSCOM me impressionou positivamente, pois a revista NORDESTE é de ótima qualidade. Eu tive a oportunidade de ler os artigos, a abordagem dela é interessantíssima. Certamente também muitas das empresas que estamos trazendo para cá terão interesse de, não só ver a sua realidade retratada na revista, mas buscar na revista fonte de informação para uma interação inédita e positiva.


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