Comunidade de Países de Língua Portuguesa marca 25 anos com Conferência de Chefes de Estado e de Governo em Luanda

Analistas angolanos defendem a “refundação” da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e consideram a Cimeira de Luanda como “mais um encontro” que não remove o eterno problema de mobilidade dos cidadãos entre os países membros da organização.

 

Angola vai assumir neste sábado 17, a presidência rotativa da CPLP durante mais uma reunião de chefes de Estado da organização, a ter lugar em Luanda.

 

O Governo de João Lourenço elegeu a promoção da cooperação económica e empresarial como a grande tarefa a realizar ao longo dos próximos dois anos de mandato, segundo revelou à imprensa o embaixador Oliveira Joaquim Encoge.

 

EFEITOS DA PANDEMIA

 

“Constatou-se que a pandemia criou nos Estados-membros imensas dificuldades, criou inúmeros constrangimentos à materialização de vários objectivos”, disse o porta-voz à imprensa, que considerou “brilhante” o mandato de Cabo Verde à frente da organização, frisando que, “na prática, Angola começa o seu mandato hoje”.

 

Entretanto, o especialista em Relações Internacionais Israel Bonifácio sugere a “refundação” da CPLP por forma a que os cidadãos dos países membros se possam rever na comunidade.

 

“A CPLP tem de deixar de ser uma organização da elite e passar a servir o cidadão comum e ao refundar-se tem que tratar de questões do contexto actual”, sustenta.

 

Para aquele analista, os países africanos são os mais interessados na permanência na comunidade do que países como Portugal. cujo interesse repousa apenas na preservação da língua portuguesa.

 

REPETINDO O PASSADO

 

Por sua vez, o jornalista Ilídio Manuel entende que a Cimeira de Luanda será mais uma a juntar-se a tantas outras que, em sua opinião, “visam apenas passar a ideia de que estão unidos”.

 

Manuel também considera que as facilidades de mobilidade dos cidadãos nos países membros continua a ser o grande desafio dos líderes da CPLP.

 

O Jornalista destaca os desentendimentos latentes, entre Angola, Guiné Bissau e o Brasil e ainda a permanência no grupo da Guiné-Equatorial, cujo Governo continua a aplicar a pena de morte.

 

“Parece uma comunidade de países mais unida na língua portuguesa do que aquilo que seria expectável como é a mobilidade dos cidadõs”, afirma.

 

Na semana, 12, peritos dos Estados-membros avaliaram as acções indicadas durante o mandato de Cabo Verde.

 

A cimeira será antecedida de uma mesa-redonda, à margem da Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, de uma reunião do Grupo Técnico do Comité de Concertação Permanente e de encontros do Conselho Nacional sobre Segurança Alimentar e Nutricional e ainda do Conselho de Ministros da CPLP, na sexta-feira, 16.

 

A Conferência reúne-se ordinariamente a cada dois anos, tendo a XII ocorrido em 2018, em Cabo Verde, que viu o seu mandato prolongado por mais um ano devido à pandemia da Covid-19.

 

A CPLP, fundada em 17 de Julho de 1996, em Lisboa, é integrada por nove Estados, designadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Portugal, país que acolhe a sede da organização.