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Criticada por passageiros, biometria nos ônibus reduziu fraudes em 30%

Presente nas catracas de todos os ônibus da Região Metropolitana do Recife desde janeiro deste ano, a biometria digital foi implantada para evitar fraudes, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE). Em cinco meses, houve uma redução média de 28,17% na utilização das gratuidades no sistema. Antes da implantação da biometria, o sistema operava com cerca de 11 milhões de passageiros transportados gratuitamente. "Atualmente, operamos com 8,115 milhões de gratuidades" (média mensal de janeiro a maio de 2015). Apesar da queda no número de fraudes, passageiros reclamam de falhas na biometria.

Foram investidos quase R$ 5 milhões na implantação do sistema, incluindo os equipamentos embarcados nos ônibus e o software. O primeiro teste biométrico foi realizado em dezembro de 2013 e começou a ser instalado nos coletivos em agosto de 2014 e finalizado em janeiro de 2015.
Alguns passageiros reclamam de esperar bastante tempo nas filas depois da implantação do sistema. A estudante de educação física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Maria Clara Araújo, 17 anos, relata que há quem tenha dificuldades de utilizar a biometria. "Tem muita gente que não consegue acertar a digital de primeira, aí fica parado na catraca tentando enquanto várias pessoas ficam esperando". Apesar de algumas críticas, o serviço não deverá ser alterado.

O estudante de história Jonatas Marques, 21, reclama de máquinas com defeitos e das filas. "Já peguei ônibus com máquinas defeituosas e ninguém conseguia passar na biometria, ou seja, a fila pra passar na catraca ficou uma beleza. Acho esse sistema totalmente desnecessário, só atrapalha o fluxo de passageiros em paradas com grande volume de usuários. A carteira de estudante é o comprovante que você tem direito de pagar meia passagem, tal medida só foi feita visando dificultar o uso do VEM estudante e aumentar os lucros das empresas", opinou Jonatas. A Urbana-PE afirmou que 100% da frota foi equipada com os leitores biométricos. Eventuais ausências são decorrentes de atos de vandalismo.

Pessoas com problemas nas digitais também reclamam do sistema. A estudante de música Cecilia Cabral, 21, critica os atrasos. "Desde que começou esse negócio a minha digital nunca pegou. Fui quatro vezes lá pra recadastrar. Quando mudei o dedo na 4°vez foi que funcionou. Acho meio desnecessário e só faz atrasar."

A Urbana-PE informou que existe um setor especial no Posto do VEM (Vale Eletrônico Metropolitano) somente para as pessoas com problemas no sistema biométrico. Os cobradores são orientados a conferir a documentação dos usuários com problemas de verificação biométrica e encaminhá-los ao posto para revisão do cadastro. Apenas em casos de confirmação da identidade podem liberar o embarque. Caso contrário, devem solicitar pagamento da passagem ou imediato desembarque.

Já a estudante de Ciência Biológicas Mileide Riso, 26, tem problemas na digital dos seus dedos devido à uma alergia por causa de produtos químicos. "Para utilizar o ônibus espero o apito três vezes e o cobrador libera. Mas ele fica com a cara de desconfiado, deve achar que não sou a portadora do VEM". Quando questionada se procurou algum órgão responsável pelo software, ela respondeu que ainda não teve tempo. "Não fui ainda lá porque estou sem tempo, mas não sei o que fariam por mim". Neste caso, a usuária deve comparecer ao Posto do VEM com um atestado médico que comprove a alergia para a obrigatoriedade da biometria ser retirada.
É aconselhável que o passageiro, quando for passar o dedo, veja se está na posição certa e deslize devagar. Todos os VEMs gratuitos ou de meia-entrada necessitam utilizar o sistema digital.

Após o uso da biometria, alguns passageiros estão tentando burlar o pagamento forçando a porta traseira do ônibus para vários estudantes entrarem sem pagar, cena comum próximo às escolas. A Urbana destacou que o embarque pelas portas do meio e traseira é um dos graves problemas que o sistema enfrenta. Quando um passageiro não embarca corretamente, através da catraca, o serviço da linha não pode ser dimensionado de forma adequada, o que acarreta em nível de ocupação indevido nos ônibus. A entidade também repassa o custo para todos os passageiros do sistema. Ainda é importante reforçar que o embarque pelas portas do meio e traseira representa risco para os passageiros.

Quem estiver com dúvidas sobre o sistema VEM pode acessar o site do órgão ou ligar para mais informações. Dúvidas sobre o VEM Estudante : (81) 3182-5551 e 0800-0810158 / VEM Trabalhador: (81) 3125-7858.


Mariana Campello
JC Trânsito

 


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