BRASIL

“CUT não dialoga com golpistas”, diz Vagner Freitas

A maior central sindical do País não participará da primeira reunião do governo do presidente interino Michel Temer com as demais entidades, na tarde desta segunda-feira 16, para discutir a reforma da Previdência anunciada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na semana passada. Em entrevista ao 247, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, explicou o motivo:

"A CUT foi informada [da reunião] por companheiros das outras centrais. Não recebeu nenhuma convocatória oficial do governo transitório. Mas mesmo que recebesse, não iria, porque a CUT não reconhece esse governo, porque esse governo não foi eleito, deu um golpe no Brasil. Então para esse tipo de reunião a CUT não iria", disse o dirigente sindical.

Freitas deixou claro que não acredita que Temer tenha mandado um ofício e excluído a CUT, mas sim que houve uma articulação para que uma das centrais organizasse o encontro. "Eu não sei se houve alguma convocatória oficial do governo provisório para as outras centrais, eu não tenho essa informação. Mas não acredito que o Temer tenha mandado um ofício. Ou se foi dado a algum dirigente algum tipo de tarefa de organizar essa reunião, eu acho mais provável a segunda hipótese", declarou, citando o nome do presidente da Força Sindical, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), como possível incumbido da missão.

Sobre as novas propostas anunciadas por Meirelles em relação à reforma da Previdência, o presidente da CUT disse não estar "nem um pouco surpreso". "Nós, o tempo inteiro, alertamos que o golpe era contra os direitos trabalhistas, não era contra a Dilma. E começam as primeiras medidas, pelo ministro da Fazenda, todas elas no sentido de retirar direitos dos trabalhadores, um retrocesso enorme, um absurdo", afirmou.

"Só que para fazer isso, eles vão ter que passar por cima da CUT, dos sindicatos, e nós vamos lutar pelos direitos dos trabalhadores até o fim. Estamos convocando manifestações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma da Previdência", anunciou, acrescentando que ainda não há uma data acertada para o primeiro protesto. "Eu não estou nem um pouco surpreso, a característica do governo é muito conservadora, de homens brancos e corruptos", criticou.

"Quando ele fala em acertar as contas públicas, ele quer diminuir os direitos dos funcionários públicos. Outra coisa que eu acho bastante peculiar é que a presidenta Dilma tinha proposto a volta da CPMF e esses que estão no governo agora não concordaram. Eu quero saber o que é que aqueles que foram para as ruas vão agora falar para o Meirelles", prossegue Vagner Freitas.

"Eles querem desvincular o reajuste do salário mínimo da aposentadoria", lembra o dirigente da CUT. Com isso, eles "estão mudando a Constituição de 88. Eles são provisórios, não têm autorização para fazer isso", protesta.

A expectativa de Freitas para os próximos meses é de que Dilma reassuma seu mandato de presidente da República. "Eu espero que daqui para os próximos 180 dias, que a população seja respeitada, que os votos sejam respeitados e que a presidenta Dilma volte ao governo. Só quem pode retirá-la é o povo", ressalta.

Segundo ele, o governo de Michel Temer, que ele se recusa a chamar de governo, "não tem autorização para mudar o que Dilma fez. Estão ali provisoriamente esperando o resultado do Senado". "O golpe está em curso, ele não foi concretizado. Eu não tenho dúvidas que as ruas é que podem impedir [a consumação do golpe] e que Dilma possa exercer seu mandato", conclui.

Brasil 247


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