Arquivo TNRobinson Faria ligou para Rita das Mercês para ter informações sobre investigações em 2014
A Operação Dama de Espadas, deflagrada pelo Ministério Público Estadual em agosto de 2015, investiga supostas fraudes com cheques salários na Assembleia Legislativa e desvios de R$ 5,5 milhões. A ex-procuradora Rita das Mercês é a principal acusada e chegou a ser presa. Liberada através de habeas corpus, ela foi exonerada do cargo e aguarda o desfecho das investigações. Um questionamento da Procuradoria Geral do Estado, sobre a competência dos procuradores na investigação e a quem caberia fazer a defesa dos acusados, foi acolhida de forma preliminar no Tribunal de Justiça estadual. Mas, nove desembargadores alegaram suspeição para a decisão final no pleno e o recurso processual acabou encaminhado ao STF.
Os trechos de áudios divulgados agora, somam mais de 20 horas de interceptação telefônica autorizadas pela Justiça, a pedido da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público. O material foi conseguido pela equipe do site de notícias G1RN.
As conversas incluem, desde assuntos da mais restrita intimidade dos interceptados, às tratativas entre os investigados para burlar as investigações. Rita das Mercês tentava ser “blindada” a partir da “chama-violeta”, uma espécie de mantra feito por um guia espiritual – não identificado – que constantemente dialoga com ela. O “grandalhão branco” é o nome dado pelo guia espiritual de Rita das Mercês ao então candidato ao Governo do Estado, Robinson Faria.
O então presidente da Assembleia Legislativa no período das interceptações, agosto de 2014, deputado Ricardo Motta, aparece como um dos que foram atendidos pelo “guru” e, também, em conversas nas quais orienta a ex-procuradora para obter junto ao Procurador Geral de Justiça, Rinaldo Reis, informações sobre as investigações. “Mais tarde dê um toquezinho para Rinaldo para saber se ele já tem alguma posição”, relembrou o ex-presidente da ALRN à Rita das Mercês.
O principal trecho de conversa entre Rita das Mercês e o então candidato Robinson Faria, nestes áudios, ocorre no dia 26 de agosto de 2014, no fim de tarde. Servidores da Assembleia já estavam sendo intimados pelo MPE para esclarecer fatos da investigação. Robinson Faria pede detalhes acerca da investigação do Ministério Público Estadual e questiona se “o nosso amigo” sabia de alguma coisa. O termo parece ser usado em substituição ao nome do procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis.
Rita detalha, para Robinson, uma reunião que, supostamente, teria ocorrido entre o então presidente da Assembleia, Ricardo Motta, e o procurador Rinaldo Reis na manhã daquele dia. Neste encontro, os dois teriam dito ao procurador geral de Justiça que não “seria interessante” para o Ministério Público continuar com as investigações.
Os áudios obtidos pela reportagem não revelam fatos que incriminem o governador, mas somente a preocupação e o interesse dele sobre as investigações.
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