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Dia Internacional da Mulher: Projeto usa dança para promover autoestima em mulheres acima dos 45 anos em Teresina

Atualmente, o projeto conta com 18 alunas e já fez apresentações em diversos espetáculos, principalmente no Teatro João Paulo II, no Dirceu, Zona Sudeste da cidade.

O Dia Internacional da Mulher é celebrado nesta terça-feira (8). Em comemoração à data, o g1 foi conhecer o projeto ‘Dançando com Experiências’, criado em 2006, e que atende mulheres com idades entre 47 e 75 anos do bairro Dirceu, Zona Sudeste de Teresina.

Atualmente, o projeto conta com 18 alunas e está sob supervisão da professora de dança Elizabeth Báttali, e tem o retorno das aulas previsto para o dia 22. O grupo já fez apresentações em diversos espetáculos, principalmente no Teatro João Paulo II, no Dirceu, Zona Sudeste da cidade.

Elizabeth contou que o projeto é um aprendizado diário para ela, que aceitou assumir a turma em 2017, além da gratificação de acompanhar o desenvolvimento de cada uma. A professora ressaltou ainda a importância da atividade para a saúde mental de cada uma de suas alunas.

“Nas aulas elas trabalham diversos elementos, como ritmo, memória, lateralidade; e isso proporciona muito trabalho cerebral, já que ativa vários sentidos. Dessa forma elas adquirem autoconfiança e capacidade de raciocínio, além do próprio ambiente que proporciona vínculo de amizades e afetos”, pontou.

Ela ainda explicou que o convívio em grupo faz com essas mulheres se sintam acolhidas e percebam a sua importância da sua existência. Muitas passam pelo grupo com sentimento de desmotivação, uma vez que se consideram ‘invisíveis’ após a aposentadoria.

No período que antecedeu a pandemia de Covid-19, o grupo chegou a viajar para se apresentar em cidades como Bom Jesus, Sul do Piauí. Com aulas nas terças e quintas, as alunas definem o projeto como uma família, Maria Araújo Galvão, de 63 anos e há 13 está no projeto.

“Gosto muito de está aqui. Todo mundo tem problema, mas ninguém traz pra cá, e eu gosto de tá aqui com as minhas companheiras, é muito gostoso. A gente se sente em família”, declarou uma das alunas.

Dança para ressignificar a vida após o luto

A dança é usada por várias das alunas que buscaram na expressão artística uma forma de superar os problemas familiares, como é o caso da dona Adalgisa de Oliveira, de 75 anos, que está no grupo há 15, e após a perda do marido, buscou na atividade uma forma de ressignificar a sua vida.

“Me afastei do grupo quando meu marido faleceu há sete anos. Eu senti muito a morte dele, apesar de ainda sentir a falta dele, eu decidi voltar para o grupo de dança. Aqui com elas eu me sinto melhor. Eu recebi o apoio da minha família para tá aqui”, contou.

Assim como a dona Adalgisa, Iraci de Sousa, de 71 anos também buscou na dança uma forma de aliviar o luto pela perda do esposo. Há quatro anos no projeto, ela se sente muito feliz em estar na companhia das amigas.

“Eu me sentia muito sozinha depois que meu marido faleceu, meu filho saia pra trabalhar e eu ficava em casa só. Passei mal esses dois anos que a gente ficou sem aula por causa dessa pandemia, mas estou feliz agora que está voltando”, comentou Iraci.

Para superar a perda dos pais, Espedita Rodrigues, de 61 anos, também buscou apoio na arte. Ela contou que quase entrou em depressão após as perdas, e depois do convite de algumas amigas, decidiu conhecer o grupo. Hoje, ela afirmou que a dança ajuda a encarar as dificuldades do dia a dia, e que todos têm problemas, mas ao subir no palco, esquece de tudo.

“É a minha segunda casa, me ajuda com tudo, encontrei apoio aqui quando perdi meus pais. Daquela porta pra cá, a gente esquece os problemas” , disse Espedita.

Mãe e filha dividem o mesmo palco

Há 15 anos no projeto, dona Adelaide de Sousa, de 75 anos, divide os palcos com a filha Sônia Maria, de 50 anos. As duas decidiram ingressar no projeto juntas, que foi definido por Sônia como ‘divisor de águas’.

Portadora de uma doença rara e crônica chamada de leucodistrofia, que afeta o Sistema Nervoso e pode comprometer algumas funções do corpo, como a perda de visão e dificuldades para andar. Sônia disse que o problema não a impede de participar do projeto.

“Tenho uma patologia chamada leucodistrofia, mas isso não me impede de está no palco. Entrar para o grupo foi um divisor de águas, porque cada aula é uma experiência nova. A gente se preocupa uma com a outra, quando uma falta” , destacou.

Dona Adelaide contou que sempre gostou do universo das artes, desde pequena junto com as quatro irmãs, brincava em oficinas de teatro, mas nunca ingressou de forma profissional, e hoje ao participar junto com a filha, ela disse que é importante viver esse momento.

“Agora só danço, como e durmo. Antes eu cuidava do marido e dos filhos. É muito bom participar do grupo junto com a minha filha e com as outras colegas, a gente sempre se ajuda”, disse.

Dança como terapia

Aos 65 anos, Lucia Braga imergiu no mundo da dança após a separação. Ela contou que encontrou no grupo uma rede de apoio quando terminou o casamento de 30 anos, e que sua vida mudou no momento em que ingressou no projeto.

“Na época da minha separação, eu vim pro grupo. Foram 30 anos de casamento, e eu poderia ter entrado numa depressão, mas estou aqui há 12 anos. Eu amo está aqui e sinto falto quando não estou na aula”, comentou Lúcia.

Paixão após conhecer

Rejandia Cruz, de 47 anos, conheceu o grupo quando foi levar a neta para fazer balé. Ela afirmou que foi paixão a primeira vista e que apesar de várias dores físicas por conta do problema nos joelhos, além de artrite e artrose, o momento de subir no palco funciona como anestésico para ela, que está há cinco anos participando.

“Trouxe a neta pra fazer balé e conheci o grupo. Me apaixonei. Quando eu entro aqui o mundo brilha diferente. Esse palco é mágico, não sinto nenhuma dor”, declarou Rejandia.

Para participar do projeto, a mulher precisa se encaminhar ao Teatro João Paulo II, localizado na Avenida Joaquim Nelson, no bairro Redonda, região do Grande Dirceu; com cópias do RG e CPF, comprovante de residência e uma foto 3×4.

 

*g1pi


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