BRASIL

Dilma: “Acredito e luto todo dia para o meu retorno”

Em entrevista concedida nesta terça-feira 5 à Rádio Folha, de Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff denunciou um "desmonte" que vem sendo realizado pelo governo interino, de Michel Temer, "de uma política implantada nas urnas, com redução de gastos em políticas sociais, de saúde e educação".

"Eles estão desmontando isso aos poucos. Até porque o presidente interino disse que as maldades vão vir depois", cutucou a presidente, sobre a declaração feita por Temer nesta segunda-feira, quando prometeu "medidas impopulares a partir de um certo momento".

Dilma classificou como "escândalo" o reajuste dos servidores que impactará os cofres públicos em R$ 7 bilhões apenas esse ano. "É um escândalo reajustar R$ 7 bilhões para quem mais ganha e os mais pobres não serem reajustados", criticou, em referência à primeira recusa do interino sobre o reajuste do Bolsa Família, que acabou sendo feito em percentual maior que o anunciado por Dilma.

Ela também chamou de "demagógica" a nova meta fiscal proposta pelo Executivo ao Congresso, de um déficit de R$ 170 bilhões. "Eu discordo dessa nova meta fiscal. Ela foi criada para fazer benesses e bondades para se consumar o golpe. Outra medida que não concordo: o limite do teto de gastos. Acho que não é necessário reduzir gastos com Saúde e Educação para se obter o equilíbrio fiscal", criticou.

Dilma voltou a dizer que qualquer processo de reforma política passa por sua volta e demonstrou otimismo sobre a votação no Senado. "Acredito e luto todo dia para que essa crença vire realidade. Não só pelo meu mandato, mas pelo resgate da democracia", afirmou. "Esse processo de impeachment é uma fraude. Estão usando artifícios para me afastar", denunciou.

A presidente eleita confirmou que não pretende apresentar sua defesa pessoalmente na comissão do impeachment, mas que avalia sua ida ao plenário. "Eu tenho uma estratégia de defesa, ela será lida por escrito pelo meu advogado. Nós avaliamos que diante da comissão, não seria adequada a minha presença", explicou.

Ao falar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Dilma disse que o deputado "foi encontrar com Temer o que tentou comigo, um certo tipo de barganha pouco republicana". "Não há como ter governabilidade e o custo ser a corrupção desenfreada", ressaltou.

Questionada se não se arrependia de não ter colocado Henrique Meirelles no ministério da Fazenda durante seu governo, Dilma indicou que atual ministro pode não ter tanto poder. "Uma andorinha não faz verão. O grande problema é saber a que interesses quem está no comando da atividade econômica atende. Eu não tenho que concordar com tudo que o governo interino concorda. Resta saber se ele [Meirelles] concorda", disse, em referência a medidas contraditórias na área econômica.

 


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