POLÍTICA

Dilma: frente democrática sem “Fora, Bolsonaro” é “brincadeirinha estarrecedora”

A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), durante entrevista à Carta Capital, chamou de “brincadeirinha estarrecedora” a criação de frentes democráticas que não defendem a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Segundo a ex-presidente, Bolsonaro não foi derrubado porque “a direita ainda não tem substituto”.

“Quem impede o país de gerir essa crise é o Bolsonaro, por mais quieto que ele fique. Eles não tem um nome alternativo ao Bolsonaro. Não acho que o Mourão é. O risco que eles correm é que eles não conseguem executar 1/3 da pauta sem o Bolsonaro. Este é o problema deles, é seríssimo. É quem? Doria? Witzel? Esse processo leva à cena fantástica de uma frente pela democracia que é a favor do Bolsonaro. É impossível”, concluiu.

Ela descarta, por exemplo, o vice-presidente Hamilton Mourão e os governadores João Doria (PSDB) e Wilson Witzel (PSC) como quadros imediatos para a elite brasileira aplicar seu programa econômico durante a pandemia do novo coronavírus. “Essa brincadeirinha de falar numa frente democrática sem ‘Fora, Bolsonaro’ é estarrecedora.

Dilma também duvida do apresentador Luciano Huck como um quadro imediato para a direita brasileira. “Huck é um sonho de verão da Globo. Não acredito em uma candidatura Huck, não”, analisou a ex-presidente.

A ex-chefe do Palácio do Planalto examina que a chegada de Bolsonaro ao poder representa agora a impossibilidade do país em resistir aos impactos nefastos da crise sanitária.

E a responsabilidade é da elite brasileira, que decidiu apostar na tutela de um quadro da extrema-direita, achando que ele seria “moderado” quando chegasse ao topo do Executivo.

“Eles apostaram na tutela do Bolsonaro, apostaram que ele seria moderado assim que subisse ao poder. Mas o Bolsonaro não tem o chip da moderação. Ele não é moderável. Naquele momento, sofremos a maior derrota. Na medida em que Bolsonaro assume em 2019, e Lula é impedido, nós sofremos uma derrota política”, diz.

Ao mesmo tempo, Dilma considera que a esquerda tem condição de se reerguer, porque os instrumentos para isso foram mantidos.

Em comparação com a instauração da ditadura militar de 1964, a ex-presidente considera que, naquele tempo, o nível de repressão desencadeou uma “derrota histórica” para as forças progressistas permanecerem “relevantes na conjuntura”.


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