BRASIL

Dilma terá maioria no novo Congresso

Reeleita neste domingo para um segundo mandato, Dilma Rousseff (PT) tem vantagem numérica garantida no Congresso. A esmagadora maioria, entretanto, não revela que a presidente terá mais trabalho para lidar com as demandas de aliados nada satisfeitos com sua forma dialogar, reclamação remanescente do primeiro mandato. Se os partidos da coligação que apoia a presidente elegeram 304 deputados, garantindo 59,25% das cadeiras na Câmara, esse grupo pode receber reforços até entre legendas que apoiaram Aécio Neves (PSDB)

Isso porque dois partidos que apoiaram o tucano – PTB e PSB – não descartam entendimento com o Planalto ao longo do segundo mandato. Ambos admitem que o apoio ao PSDB cria arestas numa eventual negociação, mas nada que não possa ser superado. O PSB condiciona esse diálogo a questões programáticas em comum na pauta do governo neste segundo governo. No PTB, embora haja divisão quanto à tese de adesão, a bancada na Câmara é entusiasta e não deverá erguer grandes barreiras para abrir diálogo com a presidente. Juntos, os dois partidos têm 59 deputados eleitos.

Como o PT viu sua bancada encolher nessas eleições, passando dos atuais 88 deputados para 70 eleitos para a próxima legislatura, aumentará a dependência do governo em relação aos aliados. Por isso mesmo, o partido terá de gastar mais energia nesse diálogo. E o encolhimento do PMDB, que passou dos atuais 71 deputados para 66 – podendo enfraquecer o poder de fogo do aliado –, corrobora a necessidade de ampliar o diálogo com um número maior de legendas. Mesmo entre os partidos coligados, existe um sentimento de que a relação deverá ser revista. Caso contrário, a promessa é que Dilma terá de enfrentar rebeldias cada vez mais evidentes e frequentes.

O PMDB reconhece nos bastidores que colocará a relação noutros termos no segundo mandato. O primeiro problema já tem data marcada. O partido indicará o atual líder da bancada, Eduardo Cunha (RJ), para a presidência da Casa, em substituição ao atual presidente, Henrique Eduardo Alves (RN), derrotado na disputa potiguar. Acontece que o PT tem planos nesse sentido. Internamente, Marco Maia (RS) e o ex-líder do governo na Casa Arlindo Chignalia disputam como pré-candidatos para o posto. Ambos já presidiram a Câmara – Maia nos anos de 2011 e 2012 e Chinaglia nos anos 2007 e 2009. A presidência da Câmara é de importância estratégica, já que é o presidente quem define a pauta de votações.

Oposição

Pelo menos seis partidos já definiram que serão oposição ao governo Dilma e, juntos, reúnem 109 deputados, o que corresponde a 21,24% das cadeiras. PSDB, DEM, SDD, PPS e PMN já se colocam publicamente contra o PT. Apesar de atuar em esfera diferente dos demais, o PSOL, com seus cinco deputados, entra na conta. Esses mesmos partidos têm hoje 106 parlamentares na Câmara. Ou seja, a vida da oposição não deverá ser muito diferente da atual. Mais uma vez terá de apostar nas dissidências da base para fazer alguma frente ao poderio que Dilma deverá ter na Casa.

Além desses partidos, outros 11 nanicos abrigam 41 deputados que podem atuar de forma mais imprevisível, sem alinhamento automático para nenhum dos lados. Alguns deles, inclusive, poderiam cair no colo da base de Dilma por meio de associação em blocos. Nos bastidores, o PROS discute com PHS, PTC e outros partidos desse grupo a formação de um bloco de atuação conjunta.

Como deverão se posicionar os partidos na Câmara:

Ficam com Dilma:
PT (70), PMDB (66), PR (34), PRB (21), PROS (11), PDT (19), PCdoB (10), PP (36), PSD (37) – total de 304 deputados

Não descartam entendimento com Dilma:
PSB (34), PTB (25) – total de 59 deputados

Viés de independência ou criação de bloco:
PSC (12), PV (8), PEN (2), PTN (4), PTC (2), PT do B (1), PSL (1), PRTB (1), PRP (3), PHS (5), PSDC (2) – total de 41 deputados

Oposição:
PSDB (54), PMN (3), SDD (15), DEM (22), PPS (10), PSOL (5) – total de 109 deputados.

 

(Do iG)


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