SERGIPE

Donos de indústrias temem aumento de ICMS

Aumento do desemprego na indústria, queda na Aumento do desemprego na indústria, queda nas vendas e muito desemprego. Esse é o cenário previsto pela Federação das Indústrias de Sergipe (Fies), caso o governo do Estado insista no projeto de lei do Executivo que propõe a majoração do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 17% para 25% para o setor industrial. Pelos cálculos da Fies, supondo que a alíquota de 25% já estivesse em vigor, num período de um ano uma empresa teria que pagar mais de R$ 460 mil em ICMS pela energia que consumiu nesse período.

O alerta para uma situação caótica no futuro foi dada, ontem, durante entrevista coletiva na Fies. Para o presidente da entidade, Eduardo Prado de Oliveira, o aumento de imposto significará perda de competitividade das empresas. “Hoje, elas não estão mais competitivas e ficarão menos ainda. No final, teremos desemprego na indústria e em outros setores”, vislumbra Eduardo que na próxima semana vai entregar o estudo à Assembleia Legislativa e depois conversar com cada um dos 24 deputados para tentar convencê-los a não aprovar o projeto de lei.

Na hipótese do projeto de lei ser aprovado em agosto – a Assembleia Legislativa está em recesso – será um grande equívoco na opinião de Eduardo. “Como as empresas vem se instalar aqui com o custo maior? Em Alagoas, o ICMS é de 17%”, disse. Ele também considera um contrassenso existir o PSDI (Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial), instrumento que atrai empresas para o Estado, e, neste momento, o governo querer aumentar impostos. “O governo vai ter que decidir o que quer”, disse Eduardo.

O empresário Marcos Franco disse que todo aumento de imposto é ruim para a classe empresarial e para a população. “Entendemos os problemas do Estado, mas é preciso fazer uma análise muito grande, dialogar, pois aumento de alíquota é muito difícil, porque diminui a concorrência. O ideal é reduzir impostos, diminuir preços, aumentar a concorrência para as empresas venderem mais”, ponderou Marcos.

Se houver aumento da alíquota do ICMS, Sergipe sofrerá com o desemprego. Franco sugere que haja um imposto único do país como ocorre nos Estados Unidos e defende que haja diálogo entre o governo do Estado e os empresários. “Vamos dialogar para chegar a um denominador comum”, defende.

O presidente do Fórum Empresarial de Sergipe, Alexandre Porto, disse que o projeto de lei que majora a alíquota do IMCS para o setor industrial vai afetar o comércio e o consumidor. “As vendas já não estão boas e isso poderá passar por demissões no setor. Esse reajuste causa impacto em todas as atividades. O comércio é a base da movimentação da economia. O momento não é oportuno para aumentos e acredito que o governo vai ter sensibilidade e fazer uma reflexão. Claro que o Estado precisa arrecadar, mas o setor empresarial acaba penalizado”, explicou.

No entendimento de Alexandre, o Brasil já vive uma situação econômica ruim, portanto, qualquer aumento gera impacto ruim nas vendas. “O consumidor se retrai, as lojas podem fechar as portas ou reduzir suas previsões de expansão, fazendo demissões para diminuir a carga”, vislumbra.

 

Indústria têxtil tem queda de 40% e deve dispensar 150 empregados

 

A indústria têxtil sergipana registrou uma queda de 40% na produção, entre junho de 2014 e maio de 2015, e deve dispensar 150 empregados. Opera nos três turnos, quando deveria estar em quatro. As quedas ocorrem, ainda na construção civil, indústria metal-mecânica, gráficas, açúcar e indústria de álcool. Esses números nada atraentes integram a nota técnica produzida pela Fies e apresentadas à imprensa, ontem, pelo superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) da Fies, economista Rodrigo Rocha.
Segundo ele, a construção civil registrou queda de 30% na produção, no período de dezembro de 2014 a maio de 2015, dispensando 578 pessoas. As serrarias e carpintarias pararam de fazer hora extra, já desempregaram 200 pessoas e registraram queda de 35% da sua atividade no mesmo período. E de junho a maio deste ano, a indústria metal-mecânica teve queda de 15% na produção e fez demissões. O número de desligamentos, no entanto, não foi revelado.

As gráficas já operam no vermelho, a produção caiu 30% de dezembro de 2014 a maio de 2015, com risco de demissão. O mesmo acontece no setor cerâmico que, de janeiro a maio deste ano, diminuiu em 40% a produção e opera três ou quatro dias por semana. O açúcar apresentou uma redução de 24,7% na exportação. Entre janeiro e maio deste ano foram exportados US$ 3,06 milhões, enquanto que no mesmo período de 2014, tinham sido exportados US$ 4,06. A indústria do álcool registrou mais de 1.800 demissões.

O setor agropecuário, em abril de 2015, teve um saldo negativo de dois mil postos de trabalho. O IEL mostrou outros dados negativos da economia sergipana que tendem a piorar, caso haja majoração na alíquota do ICMS. Só em abril deste ano, mais de 58 mil cheques foram devolvidos sem fundos. No mesmo período, a taxa de inadimplência das operações de crédito, com atraso superior a 90 dias nos pagamentos, situou-se em 3,71%, maior que a taxa do mês anterior (3,53%). O Índice de Confiança do Empresário Industrial vem apresentando sucessivas quedas, desde o início de 2011, que estava em 65,0, enquanto que em maio deste ano desceu para 43,6. Essa queda foi provocada pelas condições da economia do Estado e do país, carga tributária elevada, altas taxas de juros.

 

Antônio Carlos Garcia
Jornal da Cidade


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