MARANHÃO

Ecomuseu mostra a riqueza histórica e natural do Maranhão

Quer uma dica de roteiro cultural para as férias? Primeiro uma visita à Exposição – Ecomuseu Sítio do Físico: Dez Anos e, depois, um passeio in loco pelo Sítio do Físico, local que abriga sítios de riqueza natural, histórica e arqueológica. A exposição está aberta ao público até o dia 17 de julho, no Museu Histórico e Artístico do Maranhão, de terça-feira a sábado, das 9h às 18h.

A mostra é uma forma de comemorar um período de muitas descobertas e parcerias incríveis que deram vida nova ao patrimônio histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, nos anos 1980. Nessa exposição, segundo a atual proprietária, a pedagoga Nery Mendonça, está sendo contado um pouco dos resultados do projeto museológico.

“Conseguimos aliar a pesquisa científica, o patrimônio, a paisagem, a memória e a cultura de um território em benefício da sociedade. Nessa exposição contamos tudo o que foi feito nesses últimos dez anos. É uma ação educativa dentro da própria exposição para mostrar, por exemplo, o que é um sambaqui”, aponta dona Nery. “O objetivo é de resignificar espaços, fatos e povos, dando um novo sentido à vida, ao território e à história, de modo a contribuir para a construção de novos olhares sobre quem somos de onde viemos e para onde vamos”, completa.

O Sítio do Físico também leva o nome de Sítio de Santo Antônio da Alegria. Sua construção data de fins do século XVIII e início do XIX. Era de propriedade do Físico-mor da então Capitania Geral do Maranhão, Antônio José da Silva Pereira (por isso a denominação popular dada ao local). Situado às margens do Rio Bacanga em um terreno de 100 hectares, sua importância está relacionada ao fato do local ter abrigado a primeira indústria da região, com o beneficiamento do couro, arroz e ainda a fabricação de cera e cal. Além disso, após a morte do físico em 1817, passou a fabricar fogos de artifícios. Faziam parte do conjunto, além da residência do físico, curtume, fornos, conjunto de tanques, poços, armazéns, cais, laboratório, rampas, telheiros e canalizações com caixa de distribuição para os tanques.

Suas ruínas encontram-se entre os mais preciosos sítios arqueológicos do país. Em 1976, foi feito o “Relatório de Pesquisa Arqueológica-Histórica e História sobre o Sítio Santo Antônio da Alegria (Sítio do Físico)”. Através desse trabalho, inúmeras informações foram levantadas, como os vários padrões de azulejos (mais de 17), do período pombalino. Em 2006, pesquisadores encontraram sambaqui (restos de conchas e alimentos acumulados) no local onde estava situada a reserva de cal, o que comprova a presença de aldeias indígenas há mais de 5 mil anos na região.

Segundo dona Nery Mendonça, o Sítio é uma relíquia e nesses 10 anos de Ecomuseu pôde unir a história com o trabalho social. “Local onde viveram povos antigos comprovadamente. Um território que já foi ocupado e que guarda uma riqueza histórica que precisa ser contada. O processo para implantação do Ecomuseu foi desencadeado a partir do tombamento do local”.

A partir de 1997, a família proprietária inventariou o terreno e passou a vender partes dele. Foi aí que dona Nery e o marido compraram parte das ruínas e passaram a tomar de conta do local. “E percebemos que esse trabalho deveria ser disponibilizado para o público”, conta.

Curiosidade

O acesso ao sítio é por uma estrada de terra pela reserva do Parque Estadual do Bacanga. O local foi muito visitado na década de 1990, quando da montagem do espetáculo Édipo Rei, de Sófocles (91/92), pela Coteatro, com direção de Tácito Borralho. No elenco, Domingos Tourinho, Miguel Veiga, Jorge Thadeu, entre outros. A paisagem natural deu ao espetáculo o cenário perfeito para a encenação do texto.

 


 

O Imparcial


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