Por Luciana Leão

“Ainda há tempo contemplando o sol” é o mais novo romance do escritor e consultor empresarial Paulo Roberto Cannizzaro lançado esta semana em Portugal pela Livraria Ipê das Letras.

Em book triller, a editora portuguesa dá início a divulgação do novo livro de Cannizzaro, mineiro de Juiz de Fora (MG), mas nordestino de coração, quando chegou ainda menino à capital pernambucana.

“Navegar é preciso”

O autor reescreve sua visão e contexto histórico sobre a popular frase atribuída ao escritor português Fernando Pessoa “que navegar é preciso”, porém, diz nas entrelinhas do romance que, “além de ser possível ou sonhável, era mesmo obrigatório partir, deixando-se o grande amor de sua vida para trás”. 

Isso porque, o livro traz narrativas de personagens, notadamente, sobre os imigrantes europeus que deixaram seus países de origem se mudaram e fixaram residência no Brasil, em diferentes períodos da história do país, com cada período caracterizado por diferentes motivos e fluxos migratórios.

Mas afinal, como é que se desenrola esse fio?

A despeito de ser um romance, o livro carrega um contexto histórico da chegada de imigrantes no Brasil, dando início, por exemplo, à indústria têxtil na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, considerada a Manchester brasileira,  onde também se instalou, naquele estado, a primeira usina elétrica no país, em Diamantina.

A  história também traz como pano de fundo histórico,  a profissão dos alfaiates no Brasil, a recepção na casa dos imigrantes em São Paulo e como eles foram acolhidos e ajudaram a construir a nação. Até porque, o autor tem em sua árvore genealógica, seu avô alfaiate que veio para o Brasil em busca de novas oportunidades, assim como outros, no século XIX e continuou no século XX, embora em menor escala do que no século anterior.

Durante a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, houve um aumento temporário na imigração de europeus para o Brasil, com muitos buscando refúgio e oportunidades de emprego longe dos conflitos em seus países de origem.

Após a Segunda Guerra Mundial, houve um novo fluxo de imigrantes europeus para o Brasil, embora em números menores do que no século XIX. Muitos desses imigrantes eram refugiados da guerra ou pessoas em busca de melhores oportunidades econômicas.

Despedidas

“O livro fala sobre despedidas e que, na grande maioria das vezes, não costuma ser fácil, apesar de inevitáveis. No fundo, a vida se resume a essas mesmas estações simples: partidas e chegadas, ou chegadas e partidas, pouco importa a ordem. Estamos sempre indo ou vindo de algum lugar ou para alguma coisa. Tantas são as necessidades que podem motivar o gesto do adeus. Aqui, do lado de  cá, estão os viajantes que embarcam em um navio a vapor para uma terra desconhecida aos olhos”, escreve o autor em parte do livro.

E acrescenta: “Eles seguravam em suas mãos uma das pontas de um barbante esticado, carregando entre tantos sentimentos, a esperança de melhores dias. A família, os amigos, os amores, aqueles que ficavam em terra, ou seja, os que não iam partir na aventura da viagem, agarravam a outra ponta do fio”.

Assim, por tantos motivos, Cannizzaro com sua elegância na escrita, no uso das palavras, e sempre conectando fatos históricos do Brasil e do mundo aos seus romances deixa uma mensagem propositiva sobre a importância de viver e navegar sempre:

“Não deixe nada para depois, um pedaço da sua história pessoal já aconteceu, mas ela não é capaz de ser repetida. Seja por você, seja por todos os seus ancestrais, ainda dá tempo de contemplar  o sol que se abriu agora. Pode ser que contando novas histórias os “fios  da despedida” partidos se toquem novamente, se reatem para te salvar de si mesmo. Assim, ninguém quer deixar que sua história simplesmente seja apagada”.

Serviço: 

Livro: Ainda há tempo contemplando o sol 

Autor: Paulo Roberto Cannizzaro 

Estilo: Romance

Editora: Ipê das Letras (Portugal)

www.ipedasletras.com