PERNAMBUCO

Em Pernambuco, efeito das chuvas fortes recai nos desassistidos

Escritório de Jornalismo

Pelo menos 34 pessoas perderam suas vidas, mais de 1000 desabrigados e 336 desalojados, desde o início da semana por conta das fortes chuvas que atingem a capital pernambucana, a Região Metropolitana e parte da zona da Mata Norte. São famílias carentes que, sem opção, moram em áreas de risco, como morros e próximas aos rios e canais.

Essa realidade triste não é novidade para nenhum governo municipal ou estadual. A falta de uma política continuada de planejamento e ocupação urbana por parte das gestões públicas poderia há muito tempo ter evitado tais desastres causados pelas chuvas. Não é um problema pontual. E, sim , de décadas.

O Recife, ao contrário do que muita gente pensa, não fica abaixo do nível do mar. “A capital pernambucana é plana e baixa, mas fica entre 2 e 8 metros acima do nível do mar. Se ficássemos abaixo, precisaríamos construir diques de contenção, como acontece em Amsterdam, na Holanda”, afirma o professor professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em hidráulica e recursos hídricos Jaime Cabral, em entrevista ao site  saneamentobasico.com.br.

O professor lembra que, como há pontos bastante baixos no Recife, existem estruturas na cidade que ajudam a escoar melhor a água das marés. Na entrevista ao site ele lembra: “A Avenida Agamenon Magalhães, por exemplo, foi construída num local onde era área de mangue, portanto muito plano e baixo. Para a água escoar bem em dias de chuva e maré alta, foram instalados contensores em dois pontos da avenida, um próximo à Marinha, em Santo Amaro, e outro na Ilha do Leite, já no final da Agamenon”, explica o professor.

À essa geografia, a cidade é entrecortada por canais e rios, portanto, limpeza e drenagem permanente de canais, córregos, rios deveria ser rotina.

Política habitacional 

No que concerne à política habitacional, aí devemos incluir uma responsabilidade maior ao governo federal,  mais justa, mais acessível, menos burocrática, menos política.

Na área periférica, Recife e os municípios da RMR possuem região de morros, fortemente habitada por famílias, como dito anteriormente, que residem lá por falta de oportunidades de habitações seguras e dignas.

É reconhecido que houve um volume grande de chuvas em tão pouco tempo, cinco dias e, neste sábado (28), particularmente, um nível alto da maré, que chegou a 2,4 acima do nível do mar, às 14h40.

Mas, a prevenção, o reoordenamento urbano das cidades, não devem se concentrar tão somente nos bairros mais nobres, mais centrais. Pois, está na periferia das cidades, a maioria da população desassistida de políticas sociais e públicas eficientes. Principalmente, a habitacional.

Portanto, enquanto não ocorrer uma mudança de prioridades, quaisquer que sejam os governos, permaneceremos reféns dessas tragédias, que repito, não é de hoje, nem de outrora. E mais vidas serão perdidas.

 

Há de se destacar que não há culpados. Há responsáveis. E, não devemos nomear um ou outro. Não importa, nesse momento. O que devemos é pedir mais uma vez aos gestores e futuros que elejam como prioridades de seus governos o bem-estar da população mais desassistida, com saúde, educação, habitação, emprego. Se tais políticas públicas forem asseguradas, teremos um país, estados e cidades com economia saudável e sustentável.


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