NORDESTE

Em Recife, no pós-pandemia diante de galpões esvaziados, o testemunho da grandeza de uma missão cumprida

O vazio de um espaço, antes ocupado com o propósito exclusivo de salvar vidas acometidas pela Covid-19, nos parece triste neste momento. Mas, se olharmos pelo lado de quanto ele representou para milhares de pessoas vítimas da pandemia da Corona vírus podemos enxergar de outra forma. Ter outro olhar.

Estamos falando do Hospital Provisório do Recife 2, nos Coelhos, em fase final de desmobilização. Desde o dia 11 de agosto não recebe pacientes. Por conta da curva descendente de casos da doença em todo o Estado, a unidade foi desativada.

Se antes galpões de uma antiga fábrica abrigavam a população doente do Recife e de outros municípios pernambucanos, agora é outro cenário: diria que o silêncio impera. Não há mais vozes nos corredores, nem o sinal dos estabilizadores vitais da UTI, nem sirenes de ambulâncias trazendo pacientes acometidos pela Covid-19.

Camas e colchões que anteriormente acolheram os doentes foram amontoados e colocados em caminhões para serem distribuídas em outras unidades de saúde da Prefeitura da Cidade do Recife, responsável pela montagem da estrutura, aberta no dia 22 de abril.

Equipamentos como respiradores, desfibriladores, raios-X, entre tantos outros que, antes salvaram milhares de vidas, agora estão sendo relocados para seguirem o fluxo das necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS).

Enfim, é o ciclo da vida. Todos seguiram seus rumos. Foram 1600 atendimentos realizados no HPR2. Mais de 1.100 colaboradores em uma estrutura montada de oito mil metros quadrados. Diga-se de passagem, em tempo recorde, em menos de 30 dias.

O mais rico dessa experiência, sem dúvida, para um jornalista, um profissional de comunicação foi o de gerir a comunicação interna e externa em parceria com os parceiros da Prefeitura do Recife e o Comitê Gestor do HPR2, sob a gestão da Fundação Professor Martiniano Fernandes (FPMF).
Além disso, e tão importante quanto é ter tido oportunidade de conhecer famílias, pacientes dos quatro cantos do Estado e da capital. Cada um com uma história de desafio frente à Covid. Histórias de superação. Ouvidas, às vezes, em sussurros, ditas por pacientes idosos, adultos e também jovens. Lembranças que estarão devidamente guardadas em minha memória, nessa travessia tão desafiadora de minha vida profissional e pessoal.

(*) Luciana Carneiro Leão é jornalista e consultora em Comunicação. Foi assessora de imprensa do Hospital Provisório do Recife 2 (HPR2), no Recife, durante a pandemia.


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