BAHIA

Empresário diz que recebeu pagamentos da Odebrecht na Suíça

O ex-presidente da petroquímica Unipar Carbocloro Frank Geyer Abubakir, que se tornou delator da Operação Lava Jato, declarou que recebeu uma indenização de R$ 150 milhões da Odebrecht, em uma conta na Suíça, pela venda de sua participação acionária na petroquímica Quattor à Braskem, controlada pela Odebrecht.

Abubakir afirmou que nunca declarou a posse desses valores às autoridades brasileiras nem detalhou se o negócio foi ilegal. Disse, ainda, que ele foi quem sugeriu que o depósito fosse feito no exterior.
Estas informações foram divulgadas pela Folha de S. Paulo, em sua edição de ontem, após ter acesso a trechos dos depoimentos na Lava Jato, ainda mantidos em sigilo.

Em uma outra delação, revelada no último dia 6, também pelos repórteres da Folha Aguirre Talento e Gabriel Mascarenhas, o empresário Frank Abubakir confirmou ter pago pelo menos R$ 18 milhões em propina ao ex-ministro do governo Dilma Rousseff Mário Negromonte e ao ex-deputado do PP José Janene, já falecido.

O repasse teria ocorrido após a criação da Quattor em 2008, a partir de uma sociedade entre a Unipar e a Petrobras. O empresário contou ao Ministério Público que procurou Negromonte, hoje conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia, e Janene para ajudá-lo a "manter a Unipar no mercado", já que o seu principal concorrente, a petroquímica Suzano, havia sido adquirida pela Petrobras.
Indenização
No depoimento divulgado ontem pela Folha, Frank Abubakir justificou a indenização de R$ 150 milhões pela Odebrecht Companhia de Seguros, porque temia que a venda da sua participação na Braskem daria prejuízo a uma seguradora que pertencia a Unipar, já que a carteira de segurados passaria à Odebrecht.
Segundo a Folha, Abubakir afirmou que recebeu o dinheiro em uma conta na Suíça pertencente a uma fundação que ele diz ainda possuir no exterior. Revelou que os R$ 150 milhões foram pagos mediante transferência bancária internacional para esta conta, sendo que R$ 50 milhões ficaram com ele e o restante foi repassado aos demais acionistas.

Sobre o fato de não ter declarado a transação à Receita Federal, o empresário alegou receio "das repercussões patrimoniais dos conflitos e problemas pelos quais ele e sua família passavam".

Abubakir afirmou em seu depoimento que Marcelo Odebrecht, o ex-presidente do Grupo Odebrecht que está preso por participação no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato, foi informado da sua intenção de se desfazer da sua parte na Quattor.
Odebrecht, segundo ele, teria proposto a fusão da Braskem com a Quattor, o que acabou não ocorrendo. Acertou-se, então, que a Braskem compraria os ativos da

 

Quattor por R$ 870 milhões.

O delator não informa, contudo, se Marcelo Odebrecht soube da transferência dos R$ 150 milhões a título de "indenização" para a sua conta na Suíça.
Procurada pela Folha, a Odebrecht informou que não tomou conhecimento da deleção e que a compra da Quattor obedeceu às leis em vigor no país. A Unipar Carbocloro não quis comentar o caso. 

A Tarde


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