ALAGOAS

Especialistas cobram empenho político no combate ao mosquito da dengue

Representantes da saúde, convocados para uma audiência pública na Câmara Municipal que discute a infestação do mosquito Aedes aegypti em Maceió, criticaram os trabalhos que estão sendo feitos pelo poder público, até agora, para combate ao transmissor dos vírus da dengue, zika e febre chikungunya. As autoridades são unânimes em cobrar mais empenho político para deixar de 'faz de conta'.

Considerada uma das grandes autoridades em infectologia no Estado, o médico Celso Tavares fez, na manhã desta quarta-feira (24), duras críticas a estas operações. "Não adianta fazer estes trabalhos se não há vontade, iniciativa política. Tem tecnologia para resolver, além de um banho de testosterona que tem que ser dado nesses políticos", reclama.

Segundo Tavares, os números são impactantes de uma crise grave, caótica. Ele acredita que o Brasil vive uma epidemia evidente de zika e chikungunya. Já a dengue, na avaliação dele, está tão comum que faz parte do cotidiano das pessoas.

"Muitas pessoas vão morrer com dengue, zika e chikungunya. Muitas sofrem precisando de UTI. Hoje já vemos as dificuldades logo no atendimento, em que um paciente espera de quatro a seis horas para ser atendido. É preciso que as autoridades dos poderes cumpram com o que lhe cabem e a população faça a sua parte. Defendo abertamente educação para as crianças, multa e prisão para adultos", avalia.

Tavares falou que tem chegado em seu consultório bem cedo e saído exausto porque, no mínimo, 60% dos pacientes apresentam um dos casos. "A dengue será esquecida e o foco será a zika e a chikungunya. Ou seja, mais pessoas ainda morrerão de dengue, que, inclusive, é a que mais mata". Ele também pontuou a falta de estrutura em unidades, onde uma fila de espera é causa de morte.

A vereadora Heloisa Helena, que propôs a audiência, falou que o estado vive uma "tragédia anunciada". "A ciência já mostrava isso, com dados técnicos de que inúmeras pessoas iriam morrer de dengue e outras patologias gravíssimas que acometem o sistema nervoso central. É uma mistura de irresponsabilidade dos governos municipal, estadual e federal. O Brasil poderia ter produzido mais rápido medicamentos de combate. É triste tomar iniciativa quando a bomba já explodiu. Isso que estamos vivendo já foi anunciado por doutor Celso. É necessário que os governos tenham vergonha na cara e façam mutirões de limpeza ao menos", disse a vereadora.

O vereador Luís Carlos, membro da Comissão de Saúde da Câmara, explicou que a discussão já acontece há um ano. "Vivemos uma epidemia. O número de crianças que nasce com deficiência é imenso. As instituições trabalham como podem porque não têm condições nenhuma para atender a demanda, a exemplo da Adefal", disse o vereador.

Segundo o diretor do Sindicato dos Agentes de Saúde, Severino Ramos, a categoria não tem material para trabalhar. "Muitos cumprem horário apenas. Não tem lanterna, não tem colete, botas rasgadas. Coloca-se atenção nos outros profissionais a quem não cabe a competência para o combate ao mosquito, como Exército. Exército entende de guerra. É preciso vontade política. Estamos brincando com saúde pública", disse o sindicalista. 


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