BRASIL

Estudantes não conseguem se inscrever no Fies; sistema federal está fora do ar

Desde sexta-feira (16), Yuri Fernandes, de 26 anos, tenta sem sucesso acessar o sistema do Programa de Financiamento Estudantil (Fies). Aluno do cursos de sistemas de informação em uma instituição particular de Campina Grande (PB), ele precisa renovar o contrato de financiamento dele para garantir sua matrícula no próximo semestre.

No entanto, a página do Sisfies está em manutenção e não tem data para voltar a funcionar, segundo o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

O sistema saiu do ar para que o programa fosse adequado às novas regras publicadas pelo Ministério da Educação no fim de dezembro. Entre elas, a exigência de obtenção de um resultado mínimo de 450 pontos no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) 2014 e nota da redação maior que zero para os alunos terem a novos contratos de financiamento.

 

Até a última semana, a página trazia a mensagem de que o sistema voltaria a funcionar no dia 18 de janeiro, a mensagem foi alterada e agora não traz mais data. De acordo com a assessoria de imprensa, o sistema ainda não está pronto e a previsão é de que volte ao ar nos próximos dias, sem data para isso.

Para conseguir efetivar sua matrícula no sexto semestre de seu curso, Fernandes precisa do aditamento feito até sexta (23). "Tenho tentado entrar no sistema a cada duas ou três horas. Ontem fiquei até as 2h da manhã tentando". Se descumprir o prazo da faculdade, o estudante teme ter de pagar uma multa por atraso. "A gente fica aéreo, sem ter qualquer informação concreta e eu dependo disso."

Na mesma situação, estudantes de todo o País trocam informações pelas redes sociais. Uma delas é a estudante de enfermagem Vanessa Gimenez, de 18 anos. No segundo ano de seu curso, ela precisa do financiamento para continuar no curso cuja mensalidade é de R$ 1.225.

"No site tinha a informação que voltaria no dia 18. Fiquei na frente do computador esperando por dois dias e nada. E agora ficou mais dificil, nem previsão de volta tem", disse.

Se não conseguir, vou ter de trancar a faculdade

Gabriela Rodrigues, de 23 anos, tenta fazer sua inscrição do Fies desde o início de janeiro. Matriculada no curso de rádio e TV da Universidade Anhembi Morumbi, ela precisa do financiamento para fazer seu curso superior.

"Eu fiz todo o processo como me informaram [em um estande do Fies]. Eu me inscrevi no Enem, fiz o Enem, fiz o vestibular da faculdade e agora não consigo me inscrever porque o sistema deles está fora do ar", explica.

 

A estudante conta que entrou em contato com o MEC que a orientou a esperar que o sistema voltasse a funcionar. Ela procurou também a universidade, que disse que não poderia interferir no processo pois dependia do FNDE.

O vencimento de sua primeira mensalidade, no valor de cerca de R$ 1.200, no dia 1° de fevereiro é seu maior problema. "Nesse momento, eu não tenho dinheiro para pagar. Se não conseguir o financiamento, vou ter de trancar a universidade e perder mais seis meses da minha vida porque o sistema está fora do ar", diz.

A assessoria de imprensa do FNDE orientou os estudantes a entrarem em contato com suas faculdades para negociar o adiamento do pagamento.

Mudança de regra do Fies reduz número possível de beneficiados

Em dezembro de 2014 foi publicada uma portaria que mudava os critérios para oferta do financiamento. Entre elas, o candidato a um novo contrato precisa ter feito, ao menos, 450 pontos de média nas provas objetivas do Enem 2014 e não pode ter zerado a redação.

Além disso, não é mais possível ter bolsa do ProUni e financiamento pelo Fies em cursos diferentes ao mesmo tempo.

As medidas devem reduzir o número de beneficiados. Segundo estudo realizado pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) o potencial de alunos foi reduzido. Pela regra anterior, o potencial de alunos no Fies era de 57,4% do total de estudantes que fazem o Enem. Pela norma atual, o potencial cai para 16%.

Até meados de 2014, o Fies tinha 1,6 milhão de contratos formalizados. O fundo oferece cobertura da mensalidade a juros de 3,4% ao ano. O contratante só começa a quitar o financiamento 18 meses depois de formado.

(Do iG) 


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