BRASIL

Estudo da UFSCar aponta os riscos do glitter para a vida aquática

Por Carolina Pessoa* – repórter da Rádio Nacional – Rio de Janeiro

 

 

Roupas, adereços, cosméticos e até maquiagem com brilhos especiais podem esconder um grave perigo para a natureza, o glitter. 

 

 

Como nós sabemos, o glitter é muito popular e bastante usado durante o Carnaval. Mas o que muita gente não sabe que ele é considerado um poluente emergente,  porque contém microplásticos não filtrados pelos sistemas tradicionais de tratamento de água, sendo assim lançados diretamente em rios e oceanos, interferindo na vida aquática.

 

 

Um estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) detectou um problema adicional: além de plástico, as partículas de purpurina carregam metais, como o alumínio, que pode alterar a passagem de luz pela água e comprometer a fotossíntese, como explica a pesquisadora Luana Lume, uma das responsáveis pela pesquisa.

 

 

“No nosso estudo nós vimos que a fotossíntese da Egeria densa, que foi a espécie escolhida para a pesquisa, em contato com o glitter, ela foi cerca de 1,54 vezes menor. E isso significa que para a Egeria atingir metade do potencial dela de fotossíntese, que ela normalmente teria, com o glitter ela vai precisar de quase 37% a mais de luz”.

 

 

Efeitos nocivos

 

 

Luana dá mais detalhes sobre o mecanismo de atuação do glitter na planta estudada. “Ele diminui a radiação solar que está entrando naquele corpo aquático, diminui a fotossíntese da planta e consequentemente pode trazer problemas ali para o desenvolvimento e para o crescimento daquela macrófita aquática”.

 

A pesquisadora também acrescenta uma função do estudo: mostrar que existem outras alternativas para um Carnaval mais sustentável.

 

 

”Acredito que com o nosso estudo a gente abre aí uma discussão muito interessante. A gente consegue conversar com as pessoas, explicar sobre a composição do glitter, porque tem muita gente que não sabe que o glitter é um microplástico, e também é uma maneira da gente mostrar para a população que já existem outras alternativas que são mais sustentáveis”.

 

Entre as substâncias apontadas como mais sustentáveis estão o amido de milho.

 

A Egeria densa é uma planta aquática popularmente conhecida como elódea. Serve de abrigo e alimento para diversas espécies, proporcionando sombreamento e oxigênio. Também pode ser usada como biofiltro.

 

 

*Com colaboração de Salete Sobreira


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