BRASIL

Estudo mostra que em 25 anos Salvador terá um veículo para cada duas pessoas

 

Engarrafamento, estresse e falta de educação no trânsito, ônibus cheio ou atrasado, entre outras situações similares já fazem parte do cotidiano de milhares de soteropolitanos. A sociedade baiana clama por uma melhora, mas, para se livrar da insuficiência do transporte público, vai à concessionária e coloca mais um carro nas ruas que já não têm estrutura para recebê-los, e o caos demora a ter fim.

De acordo com levantamento inédito realizado pelo Sindicato Nacional de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), o trânsito e o transporte público são os maiores problemas de infraestrutura da Região Metropolitana de Salvador. “O sentimento que tenho em relação ao assunto é de humilhação, pois se não bastasse o trânsito caótico, eu tenho que enfrentar ainda, um ônibus nada confortável, sujo e lotado. Mas eu não tenho alternativa, senão enfrentar isso todos os dias”, desabafa a secretária administrativa Simone Novaes.

Futuro

Na última década, o número de automóveis em Salvador apresentou um crescimento acumulado de 74,37%; já na Região Metropolitana houve uma elevação de 230,32%. E como será Salvador num futuro não tão distante? Para responder a essa pergunta, o Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) promoveu, ontem, no Hotel Mercure, no bairro do Rio Vermelho, o seminário “De olho no futuro: Como estará Salvador daqui a 25 anos?”.

O evento apresentou pesquisa da Universidade de Brasília (UNB) que projetou um dado alarmante para a capital baiana. Com o aumento no número de veículos em comparação com o ano base de 2012, quando o crescimento foi de 6,1%, em 2040, haverá um carro para cada duas pessoas. “O evento visa chamar a atenção para essa falta de planejamento que mostra que, se continuarmos parados, não haverá cidade nem transporte de massa que resolva o problema”, alerta o vice-presidente da Sinaenco/Bahia e coordenador do evento, Claudemiro Santos Júnior.

Além de Salvador, o Sinaenco já passou por capitais como Fortaleza, Recife, João Pessoa, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba, apresentando a realidade de cada uma das cidades. Até o fim do ano, as próximas serão Florianópolis, Goiânia, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. “O objetivo é compilar todos os estudos feitos e apresentados e entregar às autoridades envolvidas – governos federal, estadual e municipal – para servir como colaboração nos futuros projetos de infraestrutura dessas metrópoles”, explicou o vice-presidente.

Soluções

Para o engenheiro civil e presidente as Sinaenco/São Paulo, José Roberto Bernasconi, a solução não é meramente de transporte, mas de urbanismo. Não é fácil, mas uma das saídas é reduzir a necessidade de deslocamento, criando polos multiuso de serviços como moradia, educação, cultura e todas as coisas que fazem parte do cotidiano. “Tudo isso aliado a um transporte público de qualidade, com sistemas de alta e baixa capacidade como metrô, BRT, entre outros”, ressalta Bernasconi.

As sugestões também vêm de quem trabalha no trânsito diariamente. Para o taxista Raimundo Nonato Gomes Soares, que tem 18 anos de profissão, uma das soluções seria “construir mais viadutos na região do Iguatemi, além de tirar o jogo de sinaleiras e transferir a rodoviária para outro local”. Sobre pensar Salvador para o futuro, Raimundo afirma que se não fizerem alguma coisa logo, a cidade para.

Já o colega de profissão, Ailton Soares de Oliveira, vai mais além. De tanto observar a travessia Mar Grande-Salvador, ele acredita que a construção de mini-terminais em pontos estratégicos na orla, ajude muita gente a se deslocar mais rapidamente. “Se isso acontecesse, eu sairia do táxi e compraria uma embarcação para fazer transporte”, brinca o taxista.
 

 

iG Bahia


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