BRASIL

Ex-presidente da Sabesp releva dados e elogia gestão da crise

A situação hídrica no Estado de São Paulo é grave, isso ninguém nega. O volume total armazenado no Sistema Cantareira – o maior do País, que atualmente abastece 6,5 milhões de pessoas, principalmente na capital paulista – chegou a alarmantes 4,7% na segunda-feira (13), o menor índice de sua história. Responsável por suprir 4,5 milhões de paulistas, o Alto Tietê, que não possui reserva técnica (volume morto) em quantidade suficiente para ser bombeada, também não está muito atrás: chegou a 10,3% na mesma data.

Na semana passada, promotores estaduais e federais apresentaram documento afirmando que a Companhia de Saneamento Básico paulista (Sabesp) retirou por vários meses o recurso além do recomendado mesmo diante da crise, comprometendo ainda mais o sistema – que, na sexta (10), viu a Justiça vetar a retirada da segunda cota de seu volume morto, há muito pretendida pelo governo. A negativa levou a empresa a anunciar a diminuição da retirada de água do sistema.

pesar de tudo isso, Gesner Oliveira, presidente da Sabesp entre 2007 e 2010, vê como competente a administração da companhia diante da complicada situação que enfrenta, mesmo após o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público Estadual divulgar relatório segundo o qual a empresa já alertava seus investidores para o risco de desabastecimento desde 2012. E afirma, contrariando recomendações de especialistas e comitês de gestão, que qualquer aplicação de racionamento no Estado seria "uma restrição muito burra".

"Quando você impõe o racionamento, as pessoas sabem que faltará água em determinado dia. A demanda muda seu padrão, fica muito maior, as pessoas querem estocar e isso eleva os picos de consumo, que quanto maiores mais prejudiciais são ao sistema. Assim, o custo acabaria sendo alto demais", analisa Oliveira em entrevista ao iG concedida na Fundação Getúlio Vargas, onde leciona no Departamento de Planejamento e Análise Econômica Aplicada à Administração.

"Além disso, quando você raciona, interrompe o fornecimento. E, ao fazer isso, acaba variando a pressão na rede, provocando rompimentos na tubulação e aumentando as perdas. Eu diria que quem prega essa prática ou está agindo por má fé ou por desinformação."

(Do iG)


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