BRASIL

FIOCRUZ aposta em mudança de RNA e DNA do aedes para barrar Zika vírus

Por Walter Santos

O presidente da FIOCRUZ, Paulo Gadelha, concedeu entrevista exclusiva à Revista NORDESTE falou das últimas pesquisa feitas pelo órgão para barrar o vírus do Zika. Confira trecho da entrevista abaixo.

Revista NORDESTE: O que o senhor tem a dizer o Brasil está assustado com a microcefalia, a merecer investimento na ponta e ao mesmo tempo convivendo com coisas primárias?
Paulo Gadelha
: Esse é o desafio. A FIOCRUZ está imersa nisso. Hoje podemos ter uma capacidade como de resposta para a Microcefalia, porque nós temos acúmulo na área de conhecimento do controle de vetores, na área de formulação de diagnóstico. Áreas que são fundamentais para ter a possibilidade de diagnóstico rápido para diferenciar casos de Zika, Chikungunya e Dengu. Temos a capacidade de fazer pesquisa sobre o campo das mal formações congénitas e dos seus efeitos. Temos capacidade de desenvolver tecnologia de forma de atuação no campo da informação e comunicação para a população lidar com essa situação, seja do ponto de vista de estar com as informações de poder lidar com o problema que atinge gravemente as pessoas, seja com o processo de mobilização que combate o Aeds Egipty. A FIOCRUZ está em todas as áreas.


NORDESTE: Quais os focos de atenções mais urgentes?
Paulo Gadelha:
Esse caso (da zika vírus) era por um lado uma morte anunciada. E por outro lado uma surpresa adicional. A morte anunciada é o fato que já há muito tempo vínhamos acompanhando. Sabíamos que tanto em relação a dengue, um problema já tonificado, quanto ao Chikungunya, tínhamos que nos preparar para isso. E o próprio zika sabíamos que iria chegar aqui. As medidas que a gente tem que tomar e que estavam sendo preparadas agora têm que adquirir uma intensidade muito grande. O controle de vetores, por exemplo, houve quase um arrefecimento da ideia do controle de vetores que seria inviável ou produzia resultados pequenos. Havia a ideia que a gente tinha que concentrar, no caso da dengue, em preparar o sistema de saúde para reduzir a mortalidade. Já que no caso da dengue, o efeito mais grave era a mortalidade. Então nos preparamos para ter diagnóstico precoce, fortalecer o sistema de saúde para atendimento rápido. Reduzir a mortalidade. Agora, quando a chikungunya estava chegando a repercussão dele já é diferente. Ele se espalha muito mais rápido do que a dengue, atinge 30% da população. O impacto no sistema da saúde é muito grande, apesar de ter uma índice de mortalidade menor, leva a proliferação. Já estávamos nos preparando para impactos diferentes. Com relação ao Zika havia muito a ideia que a manifestação dele era de baixa expressão clinica. Ele tinha circulado em lugares com populações pequenas e não se tinha a pressão para essa relação entre o zika e a microcefalia. Quando ele veio para a população do tamanho da brasileira isso surgiu como problema totalmente novo. Mas na raiz disso tudo temos que ter um trabalho muito forte de controle de vetores. Existem vários mecanismo que estão sendo trabalhados para isso, desde mecanismos com relação a população com relação a cuidado. Por exemplo, nós temos a experiência que utiliza mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia para fazer com o mosquito se torne incompetente para transmissão da dengue e provavelmente outros vírus. Ou as questões um pouco mais delicadas, mas (estamos pesquisando) mecanismos (que alteram) o DNA e RNA para tornar o mosquito incapaz de reproduzir. Modifica o macho. Há ainda uma pesquisa que será colocada agora com possibilidade de atuação já no próximo ano, que faz um outro mecanismos que é o RNA de interferência, mas que leva ao mesmo problema.
 


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