NORDESTE

Governador Rui Costa fala à Revista NORDESTE sobre gestão na Bahia, luta contra a Covid-19 e perspectivas para as candidaturas progressistas em 2022

A Revista NORDESTE publica entrevista exclusiva de capa com o governador da Bahia, Rui Costa (PT), na edição de nº 173, que já está nas bancas e disponível ao leitor para leitura virtual (CLIQUE AQUI para acessar). Na conversa com o jornalista Walter Santos, o gestor baiano fala sobre o enfrentamento à pandemia da Covid-19, os “retrocessos” impostos pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), sobre a política econômica que elevou o Estado a liderar o Produto Interno Bruto (PIB), na região; e também sobre política, abordando as expectativas em torno das candidaturas do campo progressista para as eleições de 2022.

A entrevista está imperdível, leia abaixo, na íntegra:

QUANDO A BAHIA SUPERA COVID, AVANÇA DIANTE DE RETROCESSOS E AINDA LIDERA PIB DO NORDESTE

Rui Costa avalia dois mandatos apontando PT com diferencial,  anuncia saldo de obras liderando diante do Carlismo; ainda acredita na vitória em 2022

Por Walter Santos

Quem é da vida pública no País, em particular da Bahia, nem dimensiona o jeito e a cultura política do governador Rui Costa no trato e encaminhamento da gestão pública. Aparentemente comedido, ele não para de agir fortemente para construir projetos e obras que fizeram dele reeleito no primeiro turno. Nome lembrado para o PT ser candidato a presidente da República, ele admite a proposta de retorno de Jaques Wagner, deve ser pré-candidato ao Senado e aposta todas as fichas em Lula diante da herança do Carlismo. Ele vive dedicado a governar e ampliar obras, como a ponte Salvador-Itaparica, e se contrapor a Bolsonaro por erros na Covid propondo mais vacinas da Rússia e resolver os dramas do coronavírus.

Revista NORDESTE – O Sr. se encaminha para entrar na conclusão de mandato no próximo ano. Antes de tratar de seu futuro político, como o Sr. define o saldo de duas gestões à frente do Estado com maior PIB do Nordeste?

Rui Costa: Sempre que perguntado sobre esse assunto costumo dizer que nesses quase oito anos de mandato não tivemos nenhum vento a favor, mas mesmo nessa adversidade política e econômica a nível nacional tenho orgulho de dizer que a Bahia se mantém como o segundo estado com maior volume de investimento público no Brasil. Na saúde, só para colocar um exemplo, fomos certamente o governo que mais investiu nessa área na história do estado, com 10 novos hospitais e 25 policlínicas regionais instalados na Bahia até o final de 2022. Poderíamos estar fazendo muito mais se o cenário fosse mais favorável, mas com muito trabalho e esforço temos feito muito pela Bahia.

NORDESTE – Independentemente de escolha política para 2022, de que forma o Sr avalia o fato dos baianos terem eleito gestões seguidas do PT – são 16 anos -, diante de uma outrora imbatível força política chamada Carlismo. Qual a essência dessa escolha e diante disso há espaço para Jaques Wagner voltar ao governo?

Rui Costa: Nesses últimos anos acredito o que os baianos decidiram foi pela continuidade de um trabalho que vem dando inúmeros resultados positivos no nosso estado. Se um governo mostra trabalho, mostra boa gestão e, principalmente, melhora as condições de vida das pessoas, a população vai escolher pela continuidade desse processo. A Bahia cresce e se desenvolveu muito, em diversas áreas, nos governos de Jaques Wagner e sempre há espaço para quem deixa uma marca tão positiva na história do Estado e na memória das pessoas.

NORDESTE – Como é conviver com a presença forte de ACM Neto em Salvador elegendo o prefeito no primeiro turno? Isto é indício de ameaça ao modelo de governar inaugurado pelo PT?

Rui Costa: Isso é da democracia. No ambiente democrático é natural que exista essa diversidade de posicionamentos, mas não vejo ameaça a nenhum modelo de governo. Defendo que a gente deve viver o clima eleitoral no período proposto pra isso. Passada a eleição o objetivo deve ser sempre fazer o melhor governo para toda a população.

NORDESTE – Os números econômicos e sociais da sua gestão apontam para um contexto de avanços, mesmo tendo que conviver com diversas crises, entre elas a Pandemia e desacertos com o Governo Central. Qual o segredo para em plena crise continuar ter o PIB regado com obras?

Rui Costa: Não tem fórmula mágica. O cenário tem sido desfavorável nestes últimos anos. A instabilidade política mergulhou o país numa crise econômica que faz o crescimento nacional se arrastar. O Brasil deixou de ser terreno seguro para os investimentos e precisamos urgentemente mudar esse quadro. O que tenho feito na Bahia é trabalhar diuturnamente para manter o equilíbrio das contas do Estado e seguir co m os investimentos nas áreas essenciais. É um esforço de gestão muito grande, mas que mostrou e segue mostrando resultados.

NORDESTE – A propósito de obras, são várias as expostas por seu governo em diversas áreas, entretanto, a ponte Salvador – Itaparica tem uma simbologia diferenciada. Como foi construir o processo vencido pela CCCC e assegurar recursos em Caixa para startar a obra sim? Quando tudo estará à disposição dos baianos?

Rui Costa: Essa obra é uma grande conquista do povo baiano que temos muito orgulho de transformar em realidade. As obras devem ser iniciadas ainda este ano e o estado já realizou um primeiro depósito, de R$ 250 milhões, para o Fundo Garantidor. A previsão de conclusão da obra é de quatro anos e além de gerar milhares de empregos durante sua construção a ponte será um grande vetor de desenvolvimento para a Bahia.

NORDESTE – O Sr. desde o ano de 2020 tem se confrontado com a condução do Governo Bolsonaro no trato de Protocolos de enfrentamento à Covid, até liderando movimento para aquisição de vacinas. Na sua opinião, qual o papel do Consórcio Nordeste neste contexto da pandemia para redução de mortes e que avanços podem ser contabilizados por projetos e políticas comuns aos 9 estados?

Rui Costa: O Consórcio Nordeste, que já vem funcionando muito antes da pandemia é um instrumento muito importante para reunir forças e empenho dos nossos estados em prol de um bem comum a todos. Aqui acreditamos e defendemos a ciência, por isso formamos um Comitê Científico conjunto que nos auxilia na tomadas de decisões. Outro passo de grande importância dado por meio do Consórcio foi a aquisição da vacina Sputinik V. No total foram contratualizadas 37 milhões de doses que aguardam a ampla liberação da Anvisa para que possamos enfim trazer para nossa região.

NORDESTE – Com a experiência de gestão acumulada, como o Sr. analisa o conjunto de políticas do Governo Bolsonaro nestes 3 anos e tipifica a essência deste projeto? Qual a fórmula dos estados conviverem e superarem tantos retrocessos?

Rui Costa: Infelizmente o Brasil está hoje sob um dos piores governos de sua história. O país não cresce e a pobreza e desemprego de nosso povo infelizmente só aumentam. Muitos países do mundo olham hoje para o Brasil sem acreditar no que acontece por aqui. Já estivemos entre as maiores economias do planeta, mas hoje o Brasil perdeu muito da credibilidade e do poder de atração de investimentos que já teve. Quando se trata da forma como conduz o combate à pandemia, aí temos então um desastre completo. Temos um presidente que se comporta como aliado do vírus e não há uma coordenação nacional nas medidas de combate à disseminação da doença. Essa tragédia que já passou de 500 mil vidas perdidas poderia ter sido muito menor se tivéssemos no comando do país um governo que agisse de verdade para salvar o maior número possível de vidas.

Reprodução: Revista NORDESTE

NORDESTE – Em 2022, o Sr não poderá mais ser candidato ao Governo. Disputará o Senado ou coloca seu nome como opção presidencial ao PT?

Rui Costa: Ainda temos um longo caminho até a eleição e quando chegar o momento certo discutiremos, em conjunto, qual melhor caminho para seguir. Como sempre digo, acredito na política feita em conjunto, em torno de um projeto. O que posso assegurar é que continuarei trabalhando até o final do meu mandato para manter o nível de desenvolvimento e de investimentos na Bahia e sempre estou à disposição para contribuir para tirarmos o Brasil dessa triste situação em que ele se encontra.

NORDESTE – Como ator político importante na política nacional, qual sua análise sobre o papel de Lula e que opinião apresenta para a fase de prisão e manipulação da Lava Jato contra o ex-presidente?

Rui Costa: O ex-presidente Lula segue sendo uma das maiores lideranças políticas desse país e por tudo que ajudou a construir no Brasil em seus governos já tem seu lugar marcado na história. O que estamos vendo no presente é a própria justiça corrigir os erros que foram cometidos contra ele. Hoje ele é um homem livre, com direitos políticos reestabelecidos e como ele próprio já colocou, disposto para essa mesma luta de todos nós para colocar novamente o Brasil no rumo da justiça social e do desenvolvimento.

NORDESTE – Ao que se apresenta nos bastidores, Lula tem ampliado os contatos até com Centro-Direita na busca de construir ampla Frente e governabilidade. O sr concorda com essa conduta?

Rui Costa: A experiência e vivência de Lula na política é de décadas. É reconhecido dentro e fora do país como um dos presidentes que mais fizeram esse país crescer. Ele conhece o Brasil como poucos e com certeza entende que o momento que o país vive exige que diferentes forças do campo político precisam estar juntas para uma mudança urgente e necessária. É algo complexo, não é possível assegurar ainda o quão ampla será essa união de forças, mas esse é um caminho necessário ou corremos o risco de ver o Brasil sob esse desgoverno por mais quatro anos, o que tenho muita esperança de que não irá acontecer.

NORDESTE – Que projeto de Pais o sr propõe e em que bases de auto sustentação?

Rui Costa: O Brasil que eu desejo é o mesmo que grande parte do povo brasileiro também espera. Um país com menos desigualdade, com mais oportunidades principalmente para quem mais precisa. Com menos miséria, fome e desemprego. Um país com uma democracia consolidada, economia forte, instituições em pleno funcionamento e com respeito e relevância no cenário internacional.

 


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