BRASIL

Greve de PMs concentra os debates na Assembleia e atrasa votos de “royalties”

A iminência de greve da Polícia Militar centralizou o debate entre o governo e a oposição na Assembleia Legislativa da Bahia, ontem. Em meio à expectativa de votarem a lei de 20.758, do Poder Executivo, que antecipa os recursos dos royalties com a justificativa de cobrir o déficit da previdência estadual, previsto em R$ 2,1 bilhões, os deputados polemizaram a discussão sobre as reivindicações da corporação militar e as respostas do governo. Oposicionistas aproveitaram para criticar a suposta falta de acordo da gestão estadual com a Polícia, enquanto governistas afirmaram que todas as propostas foram negociadas, inclusive, com o governador Jaques Wagner (PT) e o secretário de Segurança, Maurício Barbosa, para que a paralisação não fosse deflagrada.
O deputado Targino Machado (DEM), que há algum tempo não subia à tribuna, disparou contra o que chamou de “falta de sensibilidade” do Executivo. “Há vários meses o clima nos quartéis é de greve latente. Só quem não enxergou isso foi o governo do estado. A greve, se ocorrer, não deve ser creditada à Polícia Militar, mas na intransigência de um governo que só se preocupa com propaganda”, afirmou.
O líder do DEM, Carlos Gaban, disse que buscou o diálogo com o governo na Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública, mas não houve abertura para um entendimento. Gaban frisou a “omissão” do Legislativo na articulação com os policiais e chamou a bancada do governo de “inerte”. “Adesistas se juntaram ao governo e o que fizeram?”, questionou. O democrata propôs que todos debatessem a situação.
Governistas destacam motivação política
O clima de greve alterou os ânimos entre os pares. O deputado Marcelino Galo (PT) acusou os oposicionistas de “contradição”, quando no mesmo momento em que pediam para discutirem o tema “interrompiam” o debate. Nos bastidores, a maioria destacou que a greve tinha motivação política, fazendo parte de um “jogo eleitoral”, liderado pelo vereador de Salvador, o policial Marco Prisco (PSDB).
 Ao chegar ao plenário, o líder do governo, Zé Neto, deixou clara sua preocupação. Neto participou de algumas rodadas de conversas e enfatizou a “disposição, demonstrada pelo governo desde o inicio, em resolver”. “Não há portas fechadas e dificuldades de se manter o diálogo. Esperamos encontrar aberturas e saídas”, disse, informando que a proposta que pretende apresentar melhorias foi apresentada numa reunião com os policiais na última sexta-feira e que eles ficaram de analisar e darem um retorno ao governo. “De minha parte espero que o bom senso fale mais alto. Nos últimos oito anos, eles tiveram a maior evolução salarial e nos planos de carreira”, acrescentou.
Mas as propostas apresentadas de “reestruturação e modernização” da Polícia teriam sido rejeitadas. O projeto ainda passa por reformulações para depois ser encaminhado à Assembleia Legislativa.
O líder petista Rosem­berg ressaltou que o governador Jaques Wagner (PT) havia assumido a mesa de negociações com a PM e cedeu a alguns quesitos. “O governador retirou qualquer proposição do Código de Ética”, disse, numa referência a um dos pontos polêmicos. O deputado relatou em plenário que o governador negociou com o próprio vereador Prisco, que, segundo ele, saiu da conversa e sequer colocou a proposta recebida em apreciação na assembleia com os policiais no Wet’n Wild, na Avenida Paralela. O deputado Bruno Reis (PMDB) entrou na defesa ao dizer que o vereador tentou recuar da greve ao mostrar as sugestões, mas teria sido “fragorosamente vaiado” 


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