NORDESTE

Grupo Orizon investe em combustível renovável a partir de resíduos urbanos não recicláveis

Por Luciana Leão

 

Enquanto uma parcela da sociedade negligencia o destino do lixo urbano, empresas especializadas em gestão de resíduos urbanos desempenham um papel crucial na transformação do que foi descartado em oportunidades renováveis para reintegrar-se ao meio ambiente. Esses “catalisadores” ambientais convertem o desperdício em recursos, construindo um ciclo sustentável que beneficia tanto o planeta quanto a comunidade. Pode parecer improvável, mas é real.

 

Em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, o Grupo Orizon Valorização de Resíduos (OrizonVR), um das referências nacionais na indústria de transformação de resíduos e geração de energia renovável, deu início a produção em larga escala do Combustível Derivado de Resíduos, o CDR, com menor teor de carbono e melhor : gerado a partir de resíduos sólidos urbanos (o lixo), aqueles que seriam descartados e enterrados nos aterros sanitários, como rejeitos não recicláveis.

 

Vista geral da UTM e unidade de biogás, no Ecoparque da OrizonVR, em Jaboatão dos Guararapes. Foto: Orizon

 

Na Unidade de Triagem Mecanizada (UTM), a maior da América Latina, no Ecoparque em Jaboatão dos Guararapes,  a UTM teve investimentos de R$ 70 milhões,  e o rejeito não orgânico e nem reciclável virou combustível de  “ouro”, em meio à urgência de redução de gases de efeito estufa na atmosfera em todos os setores da economia.

 

Produção em larga escala

 

Por hora, são 100 toneladas que passam pela megaestrutura da UTM para serem feitas as triagens dos resíduos urbanos ou meio milhão por ano que podem ser transformados ou retornados de alguma forma para o meio ambiente. Para aqueles não orgânicos e não recicláveis, o CDR torna-se uma alternativa de fornecimento de energia renovável para indústrias de diversos segmentos.

 

Combustível de Resíduo (CDR), após processo de triagem e beneficiamento. Foto: Orizon

 

Em princípio, segundo revelou  à NORDESTE a gerente da UTM, Thais de Castro e Silva Matos, a destinação do CDR será para indústrias de cimento e para geração de caldeiras presentes em diversos tipos de indústrias como siderúrgicas, cosméticos, cervejarias, entre outras. O combustível de resíduo sólido produzido na UTM de Jaboatão é utilizado em cimenteiras em Pernambuco e na Paraíba.

 

Segundo dados do Inventário nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal, documento assinado pelos países que orienta o setor, as cimenteiras respondem por 7% das emissões de CO² no mundo.

 

 “Ao darmos o destino correto, o combustível derivado de resíduos sólidos urbanos vai contribuir para a transição energética de diversos setores. A capacidade de produção é em larga escala já que os resíduos sólidos são gerados diariamente em nossas casas”, pontua a gerente da UTM.

 

Segundo a especialista, atualmente em indústrias de cimento a substituição por fontes alternativas representa 25% da matriz energética do setor, com expectativa de crescimento para 35% até 2030 e 45% até 2040.

 

Como é feito o beneficiamento dos resíduos na UTM

 

Gerente da UTM, Thais de Castro e Silva Matos explica como é realizado o beneficiamento. Vídeo: Luciana Leão/Revista NORDESTE 

 

Tomando como base, os 700 caminhões diários que chegam ao Ecoparque, o que representa 100 toneladas/ hora de resíduos sólidos urbanos, faz-se necessário todo um processo industrial para a transformação.

 

Grande parte dos resíduos coletados no Ecoparque têm origem das prefeituras do Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, São Lourenço da Mata, Chã de Alegria e Vitória de Santo Antão, e os do arquipélago de Fernando de Noronha.

 

Como uma primeira fase, é realizada a triagem de recicláveis para retorno a sociedade como novos produtos, vidros, garrafas pet, alumínio, ferro, papelão, papéis,  embalagem tetrapark, sacolas tudo que pode ser reciclado, fazendo a economia circular.

 

Unidade de triagem na Unidade de Tratamento Mecanizada (UTM). Foto: Orizon

 

No segundo momento, aqueles rejeitos não orgânicos, mas que não podem ser reciclados são beneficiados e reaproveitados, ao invés de serem enterrados nos aterros, e utilizados como combustível renovável, os CDRs, de alto teor calorífico.

 

“É um combustível 100% nacional, renovável, ao contrário dos combustíveis fósseis e com baixa pegada de carbono”, assinala a gerente da UTM, do Ecoparque Jaboatão dos Guararapes.

 

Os CDRs são considerados uma fonte promissora de energia renovável, pois aproveitam materiais que de outra forma seriam descartados em aterros sanitários, contribuindo para a redução dos impactos ambientais associados à gestão de resíduos. Além disso, eles ajudam a reduzir a dependência de combustíveis fósseis, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

 

Além da unidade em Jaboatão dos Guararapes, o grupo Orizon está presente em 11 estados, com 15 ecoparques, sendo um dos grandes players da América Latina, com 11% do total de resíduos coletados no Brasil,  o que representa cerca de 9 milhões de toneladas ao ano de resíduos sólidos.

 

Biometano 

 

No Plano de Negócios do grupo Orizon Valorização de Resíduos S. A  (OrizonVR) existe o planejamento de investimentos de R$ 1,2 bilhão em plantas de biometano.  Ainda, segundo o plano, o objetivo do grupo é de continuar crescendo de forma orgânica, com a maturidade e desenvolvimento das linhas de negócio, os aterros, além da aquisição de novos ativos.

 

No Nordeste,  o Ecoparque Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, tem previsão de inaugurar uma unidade de produção de biometano. Por meio de fato relevante, divulgado em 27 de dezembro de 2023, o grupo comunicou aos acionistas e ao mercado um Aditivo ao contrato de compra e venda de biometano (gás natural renovável) entre a Orizon Meio Ambiente (OMA) e a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás).

 

O aditivo contratual prevê um adicional contratado de venda de  50.000 m³/ dia de biometano a partir do segundo semestre de 2025, por um prazo de dez anos, além de uma opção da OMA de aumento de volume  adicional de até 20.000 m³/ dia , passando o volume adicional para 70.000 m³/dia.

 

Com esse acordo selado em dezembro, o Ecoparque Jaboatão dos Guararapes garante a demanda de pelo menos 130.000 m³/ dia de gás natural renovável, o que representa entre 85% a 90% da capacidade instalada de produção da planta naquele município.

 

Além de Pernambuco, no Nordeste, o grupo está presente na Paraíba, Sergipe, Alagoas e Ceará. Na Paraíba, o Ecoparque João Pessoa projeta a produção de uma unidade de Biometano a partir de 2025 e uma planta de compostagem e produção de fertilizante verde, a primeira no Nordeste, localizada na BR- 101, e a segunda no Brasil, assim como na unidade de Sergipe.

 

Biogás

 

Maiques Santos, diretor de Operações do Ecoparque explica o processo de transformação para o biogás. Vídeo: Luciana Leão/Revista NORDESTE 

 

 

Em Pernambuco, a unidade de Biogás-  matéria-prima para fazer o biometano- é gerada com a decomposição da matéria orgânica que a empresa recebe, como resíduo urbano doméstico. 

 

A unidade de Biogás já está em funcionamento e produz em torno de 194 mil megawatts, o que representa, em termos comparativos, uma cidade com 120 mil pessoas.

 

A energia proveniente da unidade de biogás é comercializada no Mercado Livre de Energia. Em Maceió, também foi instalada uma usina de biogás em dezembro de 2023, como primeiro passo para produzir energia elétrica.

 

Investimentos e políticas de ESG

 

Vista geral do Complexo do Ecoparque do grupo Orizon; à direita, a UTM e à esquerda produção de energia elétrica a partir do biogás e futura unidade de biometano.

 

Com capital aberto na B3 e capilaridade nacional, é um dos principais players da América Latina.  A Companhia tem um portfólio de soluções sustentáveis com três divisões de negócios. Uma delas está focada nos Ecoparques, hubs de transformação de resíduos, que garantem a destinação ambientalmente correta do lixo, além da geração de créditos de carbono. Atualmente, são 16 ecoparques no Brasil.

 

Já a divisão de negócios de energia renovável – BioE – é responsável pela geração de biogás e biometano. Na vertical de economia circular, a Orizon  executa a separação de materiais que podem ser reciclados pela indústria. Além disso, desenvolve fertilizantes e combustíveis orgânicos.

 

Por meio do Instituto Orizon Social, reforça seu propósito ESG com uma série de iniciativas voltadas para o desenvolvimento social e ambiental das comunidades onde atua, com geração de emprego e cuidando do seu entorno.

 


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