POLÍTICA

Haddad: estamos correndo o risco de uma desorganização política no Brasil

No momento em que o Partido dos Trabalhadores se vê no centro da Operação Lava Jato e pode vir a ser cobrado por eventuais danos causados à Petrobras, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que é do PT, falou sobre o risco de desordem política no País, em entrevista concedida à jornalista Mônica Bergamo, publicada na Folha de S. Paulo.

"Estamos neste momento correndo o risco. Eu não dou de barato que forças obscurantistas e aventureiras tomem a cena. Mas esta hipótese está colocada", disse ele. Coincidência ou não, em São Paulo, a primeira pesquisa Datafolha apontou que dois candidatos ligados a programas televisivos "justiceiros", os apresentadores Celso Russomano e José Luiz Datena possuem, juntos, 47% das intenções de voto.

Haddad também afirmou que o PT é um ativo da democracia brasileira. "O PT ajuda a organizar a agenda política do país, as demandas, ajuda a dar racionalidade ao processo político. Vai ser muito ruim para a direita não ter o PT", disse ele, que, no entanto, reconheceu a gravidade da situação. "O PT já demonstrou capacidade de resiliência muito grande. A situação é mais grave do que sempre foi, e na minha opinião nós estamos efetivamente correndo o risco de uma desorganização da política no Brasil."

Segundo ele, o PT criou mecanismos importantes de combate à corrupção, mas faltou governança adequada às empresas estatais. "Nada supera a força do exemplo. Eu estou à frente do executivo da maior cidade do Brasil. A melhor coisa que posso fazer é mostrar que é possível administrar uma cidade desse porte com correção – não só com gestos pessoais mas também com gestos institucionais", disse Haddad.

"Nos governos dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, isso foi feito. Os ministérios, e mesmo a administração indireta, sofreram investigação de órgãos que o PT criou ou para os quais deu força e autonomia, como a CGU (Controladoria Geral da União), o Ministério Público, a Polícia Federal. Onde erramos? Não criamos a mesma governança no plano das estatais. E isso vai ter que ser feito."

Haddad defendeu ainda ajustes de rota na política econômica, mesmo com a presença de Joaquim Levy, na Fazenda, e se mostrou otimista, ainda que cauteloso, em relação à sucessão municipal, em 2016. Ele afirmou que seus índices de aprovação irão melhorar, quando puder se comunicar com a população na campanha, mas lembrou um fato histórico. "Fernando Henrique Cardoso já perdeu, Geraldo Alckmin, Serra e Marta já perderam. Até hoje ninguém foi eleito e reeleito", afirmou.

 

 


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