BAHIA

Idoso é readmitido em banco na Bahia 59 anos após ter sido preso pela ditadura militar

Um senhor de 80 anos foi reintegrado ao seu emprego em um banco em Feira de Santana, a 100 km de Salvador, após 59 anos de sua prisão durante a ditadura militar. Osmar Ferreira, que sofreu tortura por 12 dias em 1964, foi demitido de sua carga sob a “acusação” de ser comunista.

 

O idoso conta que a história aconteceu no início da década de 1960, quando conseguiu seu primeiro emprego no então Banco do Estado da Bahia (Baneb). Ele relata que se tornou membro da diretoria da associação dos funcionários, que posteriormente se transformou em sindicato no mesmo ano de 1964.

 

“Eu estava trabalhando, no dia 8 de abril de 1964, quando entraram um sargento do Exército e dois sargentos da PM com metralhadoras na agência do banco, e eu fui chamado na gerência. Lá eu fui comunicado que deveria comparecer ao 1º Batalhão da Polícia Militar. Virei para o pessoal das Forças Armadas e disse: ‘podem ir, que vou terminar o meu serviço aqui e vou para lá’. Eles disseram: ‘você tem que ir agora’”, relembrou Sr Osmar em entrevista ao G1.

 

Após estabelecer sua posição no sindicato, a vida do jovem Osmar tomou um rumo diferente. Com apenas um dia após completar 21 anos, sua carreira no banco foi abruptamente interrompida pela ditadura. Com o golpe militar, todos os sindicatos e associações foram encerrados e Osmar foi preso por sua posição como diretor sindical e líder do movimento trabalhista.

Depois de ser solto, Osmar foi demitido pelo Baneb. Desempregado, foi impedido de estudar Direito por 10 anos, pelo então Sistema de Segurança Nacional.

 

Em 2011, a promulgação da lei que estabeleceu a Comissão Nacional da Verdade – um órgão encarregado de investigar as violações de direitos humanos ocorridas entre setembro de 1946 e outubro de 1988 – abriu um novo horizonte para o agora idoso Osmar.

 

O antigo Baneb, que antes era uma instituição pública, foi leiloado e adquirido pelo Bradesco em 1999. Osmar decidiu entrar com um processo na justiça contra o banco privado, buscando reparação e indenização por danos morais. Agora, após obter êxito em sua causa, a justiça não apenas determinou a reintegração do bancário, mas também condenou o banco a pagar todos os direitos trabalhistas devidos a ele, desde a data de sua demissão até os dias atuais.


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