BRASIL

Integração do setor de éolica é irreversível, diz diretor da Eletrobras

A integração regional no setor de energia eólica é uma tendência irreversível. A previsão é do superintendente de Operações no Exterior da Eletrobras, Pedro Luiz de Oliveira Jatobá. No entanto, o que não se pode precisar ainda, segundo ele, é em que velocidade isso se dará, porque dependerá da capacidade política dos governos se articularem em ter um planejamento estratégico regional.

No Brasil, de acordo com a Jatobá, a política pública voltada para esse tipo de fonte de energia é um caso de sucesso mundial. “Os leilões de reserva que estimulam o mercado para a compra desta energia e a estrutura de financiamento desenhada para os investidores para este tipo de aquisição foram elementos fundamentais para este sucesso”, disse.

Para o superintendente, olhando para o futuro, outro fator de sucesso está na integração do Brasil com países vizinhos. “Pelo volume do mercado brasileiro, pela estruturação da cadeia nacional, existe uma possibilidade real da cadeia produtiva brasileira fornecer para outros países latino-americanos. Com o processo de integração que vai permitir expandir a fronteira eólica nos outros países, surgirão mercados para o Brasil exportar neste momento, que é um momento importante para a exportação brasileira”, afirmou.

Jatobá disse que o setor de energia eólica do Uruguai já tem a participação de investidores brasileiros que levaram para lá equipamentos e projetos desenvolvidos no Brasil. “O Brasil hoje é um polo de exportação de equipamentos de tecnologia eólica”. Segundo ele, a importação permitirá que outros países possam desenvolver os seus potenciais eólicos, que ainda estão limitados pelos mercados nacionais. “Isso dará espaço para que os fabricantes brasileiros exportem seus equipamentos para o desenvolvimento desses potenciais em outros países”.

O presidente da Associação Uruguaia de Energia Elétrica (AUdee), Fernando Schaich, estimou que em 2017 o Uruguai poderá se tornar o país com maior quantidade de energia eólica. Este ano 35% da energia consumida por lá já é dessa fonte. Ele disse que em 2010, após um acordo multipartidário, a energia renovável passou a ser uma política de Estado. “Foi acertada por todos os partidos que tinham, naquela momento, participação no Parlamento. Independentemente de qual partido esteja no governo, essa política vai se manter no longo prazo”.

O diretor de vendas da Vulkan do Brasil, fabricante de freios de rotor e de aerogerador, Tiago Bedani, concorda que a integração é o caminho da indústria eólica, mas, cauteloso, acrescentou que a cadeira produtiva precisa de mais investimentos. No Brasil, a empresa do grupo alemão, instalada no interior de São Paulo, atingiu 90% de conteúdo local. “Desde de 2008 que a gente procura a certificação local pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Hoje, pelo câmbio nos favorece entrar no mercado exterior”, disse.

Financiamento

Para o diretor-presidente da Renova Energia, Mathias Becker, a integração teria que passar também pelo sistema de financiamento. Segundo ele, no Brasil, essa parte está restrita ao BNDES. E entende que é preciso buscar outros caminhos. “Nós, brasileiros, estamos habituados ao BNDES. Todo mundo sabe da situação das contas do país, como o BNDES vai se portar no futuro e quais são os desembolsos que vão continuar acontecendo. Acho que esse é um grande aprendizado que temos que trazer de fora”, disse.

O vice-presidente corporativo de energia do Banco de Desenvolvimento da América Latina, Hamilton Moss, informou que atualmente a entidade trabalha com uma carteira em torno de US$ 20 bilhões, e 2% são para projetos de transmissão de energia eólica. Segundo ele, o Brasil, no mercado da regional, tem participação importante, e o Uruguai, mais recentemente, está crescendo acompanhado do Chile.

“São os projetos que estão chegando, e vamos atendendo às demandas. Na nossa meta, a gente fez um planejamento estratégico mais recente, a parte de energia renováveis é importantíssima solar e eólica. Vamos investir cada vez mais nisso, e eólica, evidentemente, vai ter um privilégio pelo tamanho do que já existe”. Moss informou que a Eletrobras é um cliente importante da entidade que, nos empréstimos soberanos, trabalha, geralmente, com estados e municípios, como ocorreu nas obras do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, e em rodovias.

Os executivos participaram do Brazil Windpower 2015, encontro que reuniu investidores e especialistas do setor eólico, no Centro de Convenções SulAmérica, na cidade do Rio de Janeiro.

Cristina Indio do Brasil
Agência Brasil


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