SERGIPE

Investimentos nas rodovias valorizam imóveis rurais

Nunca trabalhei tanto, graças a Deus. Somente este ano, vendi três propriedades em Simão Dias e outros negócios estão andamento”. A alegria, que contrasta com estes tempos de crise econômica, é do corretor de imóveis Fred José Menezes dos Santos, 40 anos, que há 10 anos trabalha com imóveis rurais no interior do Estado. Uma tarefa de terra (3.052 m²), no agreste sergipano, que há 14 anos custava R$ 1 mil, hoje é oferecida por R$ 10 mil, um aumento de aproximadamente 900%. “Mas uma coisa é oferecer, a outra é vender, concretizar o negócio”, pondera o economista Luís Moura, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese).

Independentemente de fechar o negócio, os imóveis rurais (chácaras ou fazendas) tiveram uma supervalorização nos últimos anos. “É um fato generalizado no sertão, agreste e centro sul”, atesta o secretário de Estado da agricultura, Esmeraldo Leal, antigo militante do Movimento Sem Terra (MST) e que já participou de várias negociações para desapropriação e compra de terras para implantação de assentamentos. Essa valorização, segundo ele, é sinal de prosperidade.

Ele destaca vários motivos para essa valorização: as rodovias estaduais, a exemplo da Rota do Sertão, que facilitam o escoamento da produção agrícola, a distribuição de sementes para agricultores, o apoio à bacia leiteira. E há, também, “todo o trabalho da iniciativa privada”, complementa. Na agropecuária, diz Esmeraldo, os números são extraordinários. “Nossa dimensão territorial nos torna o menor Estado brasileiro, mas é o segundo maior produtor de milho do Nordeste, temos a maior bacia leiteira do semiárido. É comum chegarem técnicos de outros Estados para questionarem como se consegue tirar tanto leite”, lembra Esmeraldo.

Essa bacia leiteira que Esmeraldo se refere fica no povoado de Santa Rosa do Ermírio, em Poço Redondo, um local extremamente seco, mas com boa produção de leite. Qual, então a explicação para isso? “O nosso sertanejo aprendeu a lidar com a região, respeitar a terra, o clima, a vegetação. Ou o Estado ou o particular faz pequenas aguadas, se distribui sorgo (forrageira) quando falta capim. É muito comum ter silagem na frentes das casas para ração de gado. O animal sofre com o calor, mas é sadio, não toma medicamento, e produz”, disse.

Hoje a situação está tão boa que a produção de leite desde 2015 está em 185 milhões de litros na região. O laticínio na região de Nossa Senhora da Glória opera com muita força. Eles estão transformando 600 mil litros de leite por dia em queijo, iogurte, requeijão, sem falar nas queijarias e mandado para todo Nordeste. Já os grãos, a expectativa é de 825 mil toneladas de milho.

Tudo isso, na visão de Esmeraldo, contribuiu para alavancar os preços das propriedades rurais que são postas à venda. Hoje, diz ele, é difícil encontrar um imóvel em Santa Rosa do Ermírio, na sede de Poço Redondo ou Simão Dias. “Hoje, em Santa Rosa do Ermírio, tem um posto de combustível enorme, vaca holandesa de todo porte que se possa imaginar, ordenha mecânica”.

Com tantos avanços não tem como os sítios e fazendas não estarem valorizados, mesmo com a crise econômica. “Há uma demanda muito grande por terrenos. Quem tem dinheiro guardando em banco está com medo e quer comprar propriedades. Alguns clientes já fizeram isso”, disse Fred. Ele explica que algumas pessoas têm medo que haja o confisco de dinheiro, como ocorreu no governo Fernando Collor, em 16 de março de 1990.

Hoje, áreas em Lagarto, Simão Dias até Poço Verde, Pinhão, Frei Paulo, Itabaiana e Nossa Senhora da Glória estão tendo uma valorização enorme. “O mercado está bom no interior”, diz Fred. Para ele, é preciso saber, primeiro, qual o objetivo da compra da propriedade. A plantação influencia. Se for fazenda produtiva para milho e feijão, tende a valorizar um pouco mais. É um tipo de propriedade que se encontra disponível para venda. Quem tem e fala em vender quer um preço bem acima do valor da região”, disse.

Ele cita, como exemplo, áreas nos sertão que chegavam a R$ 2 e R$ 3 mil a tarefa, hoje custam de R$ 10 mil a R$ 15 mil. A melhoria no acesso – Rota do Sertão – melhorou bastante. “Se Déda (governador Marcelo Déda) estivesse vivo, teria modificado para melhor muito mais coisa”, observou Fred.

Embora não trabalhe com áreas rurais, o corretor André Felizola, disse que o interesse por imóveis em cidades do interior tem crescido bastante, principalmente, em Lagarto, Itabaiana e Estância. “Temos universidades, shoppings e as construtoras estão seguindo. As pessoas se mudam para o interior pela tranquilidade e isso faz com que aumentem os valores dos terrenos na região. Isso faz parte da lei da oferta e da procura”, afirmou.
 

Antônio Carlos Garcia/Equipe JC
Jornal da Cidade


Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Recomendamos pra você


Receba Notícias no WhatsApp