NORDESTE

Jonas Paulo, Coordenador executivo do CODES/GabGov-BA e do NAPP Nordeste/FPA, anuncia mobilização popular para enfrentar miséria e fome

” Com o agravamento da crise e o avanço galopante da fome, da miséria e da indigência social, virão maiores sofrimentos para os mais pobres nas cidades e metrópoles e ainda mais nas as áreas rurais e periferias desassistidas que só conheceram o apoio de políticas públicas e do Estado em sua plenitude durante a Era Lula”, revelou o coordenador do Conselho de Desenvolimento Economico e Social da Bahia, Jonas Paulo, revelando estar em execução uma série de atividades de mobilização popular na atual conjuntura para enfrentar os problemas.

 

Em artigo, também coordenador do NAPP, da Fundação Perseu Abramo analisa com dados a dura realidade nacional a exigir ações efetivas para pressionar governos a adotar medidas e soluções.

 

Eis a integra da opinião e análise:

 

A FOME É UM DESMANTELO QUE DÓI ATÉ NA ALMA

 

Vivemos um tempo curto sem ver a cara da fome e da extrema pobreza neste velho sertão de meu Deus. Foi a Acão da Cidadania do Betinho e Consea. Foi o milagre do simples da Pastoral da Criança da Dona Zilda Arns. Foram as mobilizações do Grito dos Excluídos da CNBB e dos Movimentos Sociais. E aí vieram as cisternas do P1MC da ASA e os Quintais Produtivos. E tudo isso foi condensado em ação comunitária e de governo na Era Lula, que ainda trouxe o Pronaf turbinado, o Garantia Safra, o Bolsa Família, o PAA, o MCMV Rural e os programas para quilombolas e assentados.

 

E foi gente saindo do buraco da pobreza para o exercício da cidadania, igual a formiga dos buracos e cupins de terra. A FOME, que reconhecidamente era negra e feminina, foi sendo superada com a prioridade e titularidade das mulheres nos projetos e programas, como as gestoras efetivas da economia familiar. E essas ações também chegaram às periferias, favelas e palafitas com programas habitacionais, de saneamento, de geração e distribuição de renda e valorização do salário mínimo.

 

Com o golpe no Governo Dilma em 2016, as políticas foram sendo desestruturadas e o Brasil, que era referência no combate à Fome e à Miséria, beneficiando mais de 34 milhões de almas viventes, e saiu do Mapa da Fome, foi retrocedendo e vendo gradativamente o País voltar a conviver com tais chagas, com a desestruturação dos programas e projetos, o desmonte das estruturas de apoio do MDS, MDA, SEPIR, Secretaria Especial de Mulheres, CONSEA etc.

 

O estrago só não foi maior no Nordeste porque os governos estaduais progressistas e de esquerda garantiram com dificuldades a manutenção de programas e projetos de inclusão social e econômica dos mais pobres, principalmente no desenvolvimento da agricultura familiar e na convivência com o semiárido. Tais ações garantiram que não chegássemos à calamidade social dos saques nas feiras e mercados e no êxodo rural acelerado, mas não conseguimos evitar o ressurgimento da fome e da miséria com o desmonte da rede de proteção social e das políticas públicas de cidadania feito de forma consciente e deliberada pelos desgovernos Temer e Bolsonaro. E voltamos ao Mapa da Fome.

 

O quadro trágico do avanço da fome pode ser visto pela volta de famílias inteiras às sinaleiras das cidades, com cartazes pedindo comida e crianças fazendo malabarismos ou vendendo balas doces por não terem a coragem de pedir diretamente. Famílias batendo nas portas das casas pedindo comida ou disputando sobras nas janelas, varandas e portas dos restaurantes. Também vemos o triste espetáculo de famílias inteiras na beira das estradas jogando barro nos buracos em troca de moedas que os carros jogam enquanto pais, mães e crianças se engalfinham na disputa.

 

Por outro lado, as forças políticas de esquerda e oposição defendemos corretamente o Auxílio Emergencial, disputamos no Parlamento e na sociedade um valor justo e a titularidade política da conquista do beneficio na sua origem. O que não é nada fácil e louvo o esforço, mas falta um elemento fundamental pra não cairmos no denuncismo que também por si só não mobiliza a sociedade.

 

Precisamos despertar nas pessoas a capacidade de se indignar com a tragédia social e isso é mais que um posicionamento por facção política. É um ATO HUMANITÁRIO que em decorrência dele deve vir a ATITUDE e a manifestação de SOLIDARIEDADE que é uma atitude política.

 

E mais, o PT está precisando ir para o meio do Povo e banhar-se de energia popular, pois sinto que às vezes nos damos por dever militante cumprido apenas fazer um _post_ nas redes sociais ou travar um bom debate virtual por uma expressão do politicamente correto ou uma defesa de uma tese setorial importante. Agimos como um cristão que, pelo fato de ir à missa ou a um culto, crê que purificou sua alma e não precisa praticar o cristianismo na sociedade, onde a vida acontece com suas agruras, tragédias e conquistas.

 

Os nossos governos locais e estaduais, o movimento sindical, as ONGs, os movimentos sociais diversos têm que ganhar as ruas no trabalho de formiguinha, dialogando com igrejas das diversas denominações, espaços culturais, times de futebol nos babas/peladas, as torcidas organizadas, associações de bairros e comunidades rurais, grupos de juventude, de expressão cultural das periferias, pastorais diversas, empresas e entidades patronais. Enfim, temos que conversar com a sociedade e construir ações de denúncia da fome e miséria.

 

Contudo, temos também que encetar ações de SOLIDARIEDADE para minimizar os efeitos da fome e miséria sobre o indivíduo e a família, e mobilizar os grupos sociais para a busca de saídas… dar o peixe, ensinar a pescar e, juntos, buscarmos as portas de saida. Mas, acima de tudo, precisamos mobilizar a sociedade para, na ação, ir buscando caminhos e pressionando governos, inclusive os nossos. E assim voltarmos a construir nas ruas a militância social ativa e a responsabilidade social centrada no valor da SOLIDARIEDADE.

 

Algumas ações desta natureza já se organizam majoritariamente e acho que devemos apostar nelas, principalmente neste tempo trágico de pandemia, quando a luta por VACINA JÁ! está na ordem do dia e antevemos que o pior está por vir. Com o agravamento da crise e o avanço galopante da fome, da miséria e da indigência social, virão maiores sofrimentos para os mais pobres nas cidades e metrópoles e ainda mais nas as áreas rurais e periferias desassistidas que só conheceram o apoio de políticas públicas e do Estado em sua plenitude durante a Era Lula… MÃOS À OBRA!

 

Jonas Paulo – Coordenador executivo do CODES/GabGov-BA
Coordenador do NAPP Nordeste/FPA

 

http://revistanordeste.com.br/jonas-paulo-coordenador-executivo-do-codes-gabgov-ba-e-do-napp-nordeste-fpa-anuncia-mobilizacao-popular-para-enfrentar-miseria-e-fome/


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